Vamos falar sobre a menstruação. Até vos explico porquê. Como vos contei tirei o DIU. Poucos dias depois percebi que estava com um fluxo de sangue de menstruação como não tinha há muito. Sem pensos nem tampões lembrei-me do copo menstrual que tinha guardado (oferta e nunca usado). Facílimo de por (mais que um tampão). Resolvido.
Na manhã seguinte tirei e a minha primeira sensação foi “que nojo”. Fiquei zangada comigo. Nojo do quê? Nojo de ser mulher? Nojo do meu sangue? Sem tampão, nem penso, o sangue tem apenas cheiro de sangue. O mesmo que corro a amparar quando o meu filho sangra do nariz ou se magoa num joelho. É sangue.
E percebo que falamos muito pouco da menstruação. Tive a sorte de crescer com uma mulher que falava da menstruação de forma normal. Era uma etapa do crescimento feminino. Tive a sorte de, apesar de ter menstruado pela primeira vez com 11 anos, ter amigos e professores que sempre reagiram de forma normal. Como naquela aula de educação visual em que uma amiga me avisou que tinha as calças sujas de terra e eu expliquei com calma: é sangue.
Li algures uma análise muito interessante. Como fazem as meninas e mulheres com falta de dinheiro para comprarem forma de terem uma vida normal nestes dias especiais do mês? Especiais porque estamos mais frágeis, mais expostas. E vi um documentário. Tantos países em que a menstruação é um tabu. Tão duro para aquelas meninas e mulheres.
Falamos pouco deste sangue que é a comemoração da nossa capacidade reprodutiva. Fazemos quase tudo para fingir que não é nada. Para encontrar soluções para que nem exista.
Falamos pouco da menstruação. Era isso isso.
Partilhei este texto no Instagram e tive várias reacções. Cada corpo é um corpo e, por isso, nem todos nos ajustamos ao mesmo. Mas fico feliz em ter tido tantos comentários, porque isso significa que estamos a debater o tema. Aqui ficam algumas respostas. Obrigado a todas!
“Aqui, minha menarca foi comemorada, ganhei presente e tudo. Lembro até hoje, aos quase 40, a data em que aconteceu. Sempre gostei muito de menstruar e, para além do sangue, q em nada me incomoda, adoro o fato de perceber meu corpo e suas alterações ao longo do ciclo. É como se, por menstruar, eu realmente tivesse a certeza de q sou mulher e tudo está bem. A fluir.”
“Comprei um copo na esperança de resolver a logística de pensos e tampões. Na verdade talvez porque não comprei o mais adequado não resultou por aqui. Magoa-me imenso, para retirar é um filme!!! Tudo o resto não me incomoda (Questões de cheiro e sangue).”
“Finalmente trazer a público esta questão. Uso copo há cerca 5 anos, comecei por questões ambientais. Confesso que é um processo, e nuns ciclos corre bem, outros algumas fugas (complemento com absorventes tecido). já não sou capaz de usar pensos ou tampões . Welcome”
“E quando eu me esqueço que tenho o copo? É que não sinto desconforto algum. Top!”
“Não me adaptei ao copo, tinha sempre fugas e era me difícil de ter uma boa posição para o colocar. Comprei uns pensos reutilizáveis… Vou experimentar na próxima menstruação, vamos ver como corre.”
Fotografia de @casadeluzfotografia
Nunca utilizei, mas já ouvi falar tão bem que tenho mesmo de experimentar.
danielasilvaoficial.blogspot.com
Confesso que não tenho curiosidade ou vontade de experimentar o copo, mas gostava de experimentar aquelas cuecas específicas para a menstruação, que dispensam pensos. Pena o preço.