Na semana passada partilhei a história de Wesa Branco, a mulher do jornalista Luís Branco, que, após duas gravidezes, decidiu alimentar-se melhor, fazer exercício e gostar de olhar para si quando se via ao espelho. As fotos que acompanham a reportagem mostram uma mulher, mãe de dois filhos pequenos, com um corpo esguio e atlético.
Nos comentários, uma leitora revoltou-se sobre esta pressão que os media e a publicidade impõe às mães para que tenham corpos perfeitos e de imagens que, para a maioria das mulheres, são irrealistas também por questões genéticas. Eu passei exactamente pelo mesmo processo: não me sentir bem quando olhava para o espelho. E decidir mudar.
Gostarmos de nós quando nos vemos ao espelho não é um futilidade nem uma mensagem perfeita de campanhas agressivas de marketing para produtos de bem estar. Gostarmos de nós quando nos vemos ao espelho é um exercício brutal de aceitação e amor próprio. E, espantem-se, não está relacionado com o peso.
Na minha opinião, existe muito mais pressão para sermos mães perfeitas do que para continuarmos a gostarmos de nós depois de sermos mães. Se uma mulher está feliz e serena num corpo mais gorducho, desde que seja saudável, vai olhar para o espelho e sorrir. Emagrecer é uma consequência natural para a esmagadora maioria das pessoas que começam a comer de forma saudável e equilibrada e a fazer exercício físico. Apenas isso. Não é um objectivo em si.
Eu perdi mais de quinze quilos. Sou mãe de dois filhos, faço gestão do meu orçamento e, até há pouco tempo, não tinha outro adulto em casa para dizer: “vou só correr meia hora e já venho”. Mas podemos acordar quinze minutos mais cedo e alongar o corpo, podemos preparar as marmitas dos miúdos e o nosso pequeno almoço, podemos fazer exercício até com eles a verem, em casa, ou ao fim de semana em programa de família.
Cuidar de quem somos também pode ser tirar um curso de fotografia, acabar de ler um livro, usar as poupanças para ir a um concerto ou ver um filme que não seja candidato a melhor Óscar de animação.
Mostrar um exemplo de alguém que decidiu cuidar de si não é uma pressão para ser igual, é uma inspiração para não deixarmos que a falta de tempo e a logística dos dias nos consuma ao ponto de não olharmos para nós com olhos de ver. Para que a paixão no olhar não se esgote nos filhos e nas relações, no sermos trabalhadores, filhos e amigos, mas que sobre para olharmos dessa forma para aquilo que somos.
Não vejamos os exemplos de quem mudou com uma pressão mas um estímulo para pensar “também posso ser mais feliz, se gostar mais de mim”. Aliás, não carreguemos pressão de sermos perfeitos seja no que for.
A coisa mais bonita que fiz por mim foi ir para o ballet aos 34 anos.
Já o disse e já o escrevi inúmeras vezes.
Por várias razões: porque me dispus a aprender algo novo, difícil e que exige muita disciplina e porque atrás disso consegui, finalmente, perder o peso que há muito precisava perder e não conseguia.
Perdi 12kg. Porque encontrei no ballet, naquele imenso espelho da sala de ballet, e no maillot colado a um corpo que eu não gostava, a motivação para me sentir bem comigo mesma.
E ninguém me pressionou a coisa nenhuma. Fui eu que, sem querer, ao escolher uma disciplina que queria explorar, acabei por ganhar este extra que foi descobrir um corpo que existia mas eu não encontrava: aquele que estava por detrás do espelho da sala de ballet.
Todos nos devíamos encontrar e descobrir em algo que nos apaixone e ainda nos ajude a melhorar a nossa saúde.
Se não estas bem, faz qualquer coisa 🙂
Mark Margo
http://www.markmargo.net (site cor de rosa com celebridades, cinema )
Concordo contigo Catarina, muito bem “explicado”. Temos mesmo de nos aceitar umas às outras sem julgar…aquelas que estão bem e não sentem necessidade de cuidar (mais) de si e as outras (nas quais me incluo) para quem o casamento, a maternidade, o emprego e o cuidar de si (exercício físico diário, alimentação cuidada, manicure, etc) têm de ser conjugados harmoniosamentepara nos sentirmos bem.
Olá Catarina, sigo-a já há algum tempo e desta vez tive mesmo de comentar…
Sem dúvida que o importante é sentirmo-nos bem na nossa pele, seja ela qual for. Mas usar este exemplo como história motivacional neste blog não me parece que seja muito adequado… É sem dúvida de louvar a coragem e a perseverança de quem decide mudar de vida e consegue. É sem dúvida uma boa história de uma transformação física. Mas não é exemplo para a maioria das “mulheres reais” que a lêem… Muitas pessoas querem ser melhor, mas não têm o tempo e nem os recursos. E sim, a informação é o principal recurso que falta a muita gente e que faz com que não saibam gerir o seu tempo e os recursos que têm disponíveis. A verdadeira história inspiracional é a sua e a de muitas mães que sem terem acesso a babysitters, ginásios caros, personal trainers e nutricionistas conseguem fazer a mudança. Mulheres que têm de trabalhar doze horas por dia e ainda tratar dos filhos, da casa e do marido, e ainda assim conseguem, muitas vezes enquanto todos dormem, tratar de si mesmas! Não quero desvalorizar de maneira nenhuma esta história, mas há tantas outras que mereciam maior destaque. Mulheres anónimas que não baixam os braços e lutam por si mesmas. Sugiro a criação de uma rúbrica com este tema. Estou disponível para colaborar consigo se assim entender. Só não quero ver ninguém desistir da mudança só porque todos os exemplos que são partilhados são de mulheres que têm acesso a recursos que a grande maioria não tem.
Obrigada!
Eu admiro as duas. Porque a força de vontade é pessoal e intransmissivel.
Mas dizer que a Catarina não teve/tem acesso a ginásios, PTs, nutricionista, and so on..
O texto até está bem, mas as gralhas (para não lhes chamar erros ortográficos) matam-me…
Ana, pode ser avisar onde estão, Eu agradeço.
Já estão bem, Catarina! E agora sim, parabéns pelo texto! (Não quero que leve a mal, mas embora possa não ser uma coisa importante para muita gente, para mim as gralhas desencorajam a leitura. O que é uma pena quando o conteúdo é interessante. )
🙂
mas eu concordo em absoluto! algumas são gralhas, outras vezes são mesmo erros [e falta de atenção quando estou a rever]. melhorar sempre.
O tempo somos nós que o temos de encontrar, até ter filhos não temos tempo para eles, eles nascem e arranjamos, por isso Mudar, passa por querer e não pelo tempo.
Tenho 36 anos, mãe de 2 (3 e 1 ano) e no ano passado perdi a minha irmã, após 3 meses de ser mãe e 2 de perder a minha irmã percebi que todo o peso da gravidez ainda cá estava e não podia ser, não podia ser a desculpa. Decidi mudar e mudei, em Outubro comecei esta caminhada e perdi 15k, comecei com 73k. Se me perguntarem se me gosto de ver ao espelho, não, não gosto e quero mais, não quero perder peso mas quero tonificar/ definir, a meu ver a parte mais difícil. Treinar passou a ser uma necessidade é uma maneira de ter tempo para mim, muitas treinos são feitos depois do dia de trabalho e de tratar dos miúdos ou de deixar as coisas orientadas. Se não me cuidar se não gostar de mim, dificilmente vou estar bem e isso passa para quem está ao meu lado. Para mim a Catarina é sem dúvida uma grande inspiração e adoro a foto que tantas vezes mostra de como estava e de como está. Parabéns porque realmente é de louvar todos os que ganham força para mudar!!!!
Concordo em absoluto com o que diz. Ninguém deve sentir a pressão de ser perfeito. Devemos, sim, melhorar aquilo que nos deixa infelizes. Estou, neste momento, num processo de mudança em que decidi abandonar velhos hábitos. Não é fácil. É uma luta diária. Mas sei que vou sentir-me melhor e mais feliz quando esta fase passar. E a Catarina é um exemplo, para mim e para todas as mulheres e homens deste país. Obrigada.
És fantástica!
Achei interessante
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