Acredito que nem todos sintam este momento como um privilégio, independentemente do partido em que votam. Há, de certeza, uma enorme parte da abstenção que é feita de pessoas que não querem saber, têm mais o que fazer ou nem sequer se lembram disso. Mas estes são os que não consigo entender. Principalmente se estas mesmas pessoas, uns dias depois, se queixarem de quem foi eleito e maldizerem o estado da nação.
Mas a abstenção não se faz apenas destas pessoas que negligenciam e maltratam a nossa democracia que, como dizem, é o pior dos sistemas depois de todos os outros.
Temos listas desatualizadas, há quem esteja morto, há quem esteja duas ou mais vezes. Mas a abstenção também se faz dos que não puderam votar.
Mesmo que o enorme aumento da emigração nos últimos anos levou muitos cidadãos eleitores para outros países, onde ainda não sabem como votar. São cada vez mais, infelizmente. A pobreza extrema pôs muitos idosos encarcerados na suas casas, ou em lares sem que ninguém os leve a votar. A maioria nem terá telefone para poder pedir aos bombeiros mais próximos que os levem. Há várias famílias que não podem pagar a deslocação até ao local onde deveriam votar.
Sim, o estado da nação trouxe um aumento brutal de quem não possa expressar o seu sentido de voto e se juntam aos números assustadores da abstenção contra a sua vontade. Estes são os números que me preocupam.
Plenamente de acordo 🙂
Voto em branco nunca, quem vota em branco é pior de quem se abestiem, voto em branco quer dizer que concorda com quem vence 🙁 …..desde que participei em mesas de voto que deixei de acreditar no sistema de voto, tão fácil de alterar, e no fim no fecho da mesa quer é tudo despachar que o jantar chama e com as estatísticas a darem como vencedor para quê contar?
Evoluímos mto a nível tecnológico mas pq não evolui o sistema de voto?!…..temos o ex do brasil com um sistema de voto difícil de ser alterado.
E a obrigatoriedade de se votar na freguesia onde se está recenseado também é um entrave importante. Não faz qualquer sentido, ontem não fui votar porque não tinha forma de estar na "minha" freguesia a horas. Acho que hoje em dia isso já não deveria ter que ser assim.
Estas eleições só provaram de como o povo gostam de se "cortado"! Enfim…
E quem fala assim não é gago!
Sabes, Catarina, eu acho que triste aquilo que vou dizer, mas, para algumas pessoas, a valorização do direito de votar só acontecria se voltassem a não o ter. As pessoas dizem que os políticos são todos iguais e fica tudo na mesma, masa verdade é que, de facto, desde o 25 de Abril votam sempre nos mesmos, PSD ou PS. Que tal irem votar e votarem noutros? Ou em branco, ou nulo. Faz-me confusão que reneguem um direito pelo qual algumas pessoas lutaram tanto. Faz-secomo confusão que deixem o futuro nas mãos dos outros. Mas faz-me ainda mais confusão que não se interessem nem queiram saber.
Actualmente há cada vez menos cadernos desactualizados. O que há são actualizações das quais as pessoas não chegam a ter conhecimento. O sistema está melhor, mas,na minha opinião, agora está demasiado rápido. E acho urgente o voto digitalizado, para que se possa votar em qualquer sítio do país.
Akombi, faço parte de mesas de voto há anos, mais de 10 e nunca vi isso que diz. Não se despacha nada. Cumpre-se o dever até ao fim, contam-se os votos, verificam-se os cadernos eleitorais, separa-se tudo pelos devidos envelopes, e, no fim, a Junta de Freguesia tem de validar o resultado de cada mesa. Não concordo nada consigo, não acho o sistema de voto fácil de alterar e acredito profundamente na integridade de quem está nas mesas. Talvez tenha tido azar, mas aquilo que escreveu pode levar as pessoas apensar que é sempre assim ou que é assim em todo o lado. Não é. E há pessoas que ficam até bem tarde até que tudo bata certo.
Concordo. É um direito meu (e agradeço a quem lutou para que eu tivesse este direito) votar. Faz algum sentido eu deixar em mãos alheias uma decisão minha? Quer eu goste ou não dos partidos. Há vários quadrados onde posso preencher ou nenhum. Certo que há várias pessoas sem possibilidades de votar, mas aquelas que não foram por opção deixaram em meu poder e noutros, algumas decisões sobre o seu futuro. Claro que depois não faz sentido algum queixarem-se, não é?
Sabes Catarina fiquei impressionada ao ler o teu texto, porque eu penso exatamente o mesmo. Tive precisamente o mesmo comentário com amigos que não foram votar. É assustador pensar que a indiferença pelo exercício dos nossos direitos é proporcional ao alheamento da realidade que impede quem queira, mas não pode, de votar.