Li esta entrevista a Maria Botelho Moniz – “Eu sei o que tenho que fazer para ter o corpinho que amava ter, mas o cérebro não acompanha” – e pensei: é isto mesmo. E quis dar-lhe um abraço. Vai por carta.
Eu só de respirar já lá vai meio quilo. No meu caso – e acredito que em grande parte dos casos – é uma luta muito mais psicológica. Eu sei o que é tomar as decisões certas, sei o que tenho que fazer para ter o corpinho que amava ter, mas às vezes o cérebro não acompanha. Porque para compensar tristezas, para compensar perdas, para compensar episódios menos felizes, tu agarraste ao conforto. E para algumas pessoas o conforto é o álcool, para outras a droga e para outras o conforto é um belo de um chocolate. E eu faço parte desse grupo. É uma luta mais de me resolver do que propriamente não saber como. Eu até tento, mas depois basta um momento stressante e é assim que eu lido, é com a comida e acho que muita gente o faz. Hei de lá chegar.
A história de vida da Maria Botelho Moniz tem um episódio demasiado duro. A morte de alguém que amamos é sempre demasiado dura e muda tudo. Mas não é disso que falo mas sim desta relação com a comida em que esta representa conforto. Como lhe chamei no meu livro Dieta das Princesas: “comida para acalmar”.
Há cinco anos perdi 15 quilos. Foi uma processo transformador. Muito mais do que imaginei na altura que olhava para o espelho e pensava: nem te reconheço, estás magra.
Durante algum tempo pensei que a vitória era ter perdido todo aquele peso e caber numas calças 36.
Hoje, cinco anos depois, peso quase o mesmo do que antes mas tudo mudou. Afinal a vitória não estava no peso mas naquilo que aprendi.
Uma terceira gravidez óptima, peso perdido rapidamente, os treinos que passaram a fazer parte da minha vida e da minha saúde. Mas algures um problema grave fez-me voltar a ter na comida o meu porto seguro. Aquela doce (mas terrível paz) da cabeça que para quando o estômago está demasiado cheio.
Lembro-me de estar em conversa com a minha psicóloga e de ela me dizer: Passaste por tudo isso e a única coisa que aconteceu foi teres engordado 10 quilos? És uma mulher fantástica. Eu que me sentia a fraude das fraudes. Eu que tinha escrito um livro sobre emagrecer e estava outra vez “mais gorda”.
Eu que aprendi que a vida não é uma linha recta. Eu que percebi que apesar dos quilos podia adorar olhar para o espelho. Eu que aprendi que as vitórias estavam nas análises saudáveis, nos quilos que consigo levantar no agachamento, nos treinos a que não falto, nos alimentos que aprendi que me fazem bem.
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Catarina. ❤️ És linda também. E como disse na entrevista ‘somos todos bonitos’. Tu és com certeza. Um hj grande
Totalmente de acordo!!!! Parabéns!
Revi no texto, a minha história, estou convosco de alma e coração.
Em jovem sempre magra, muita coisa passou e aos 56 anos detesto-me ver ao espelho, o peso está dentro do normal mas a barriguinha/estomago está dilatada e os vincos na face são visiveis. Tenho dificuldade em pensar que passou tudo tão rápido.
Desabafos
Adorei o texto e gosto muito da Maria Botelho
👍😎
Querida Maria só ontem vi o programa em que descreves de uma maneira tão doce a dor da perda a morte da alma, que me fez sentir mais leve.
15 anos passaram da perda do meu filho, e tudo o que descrevestes é a pura realidade da dor que “quase” mata.
Mas como tu reergui me, aprendi a viver com a ausência, mas como uma ferida fica a cicatriz e qd se toca sentimos que está lá.
Querida Maria vejo te sempre na e sem saber o teu percurso sempre senti que eras diferente de todos, pela maneira cuidada e doce com que comentas os acontecimentos bons e menos bons, mas tens sempre presente que se tratam de pessoas.
Gostaria de poder um dia falar contigo pessoalmente e dar te carinho e colo.
Tenho idade suficiente para isso.
À. Tenho uma cadela também adotada e que me mima todos os dias e me limpa as lágrimas.
Permite me dar te um abracinho
Olá… vi a tua entrevista, tens uma história triste, dura, mas um sorriso lindo,ainda vais encontrar o que procuras. Felicidades
Dois Bem Haja : Maria Botelho Moniz e Catarina Beato . E porquê?
Pela sinceridade com que abordam o tema, pela fontalidade e pela forma “despida” de pudar com que está escrito.
Chega de ideais físicos, chega de corpos, chega desta beleza. E a outra ? a que não se vê, onde está?
🙂
Obrigada!