Quando deixei de comer açúcar de forma radical chamaram-me maluca e fundamentalista.

Quando deixei de comer açúcar de forma radical chamaram-me maluca e fundamentalista. Eu, que durante anos e anos fui uma fabulosa apoiante da indústria alimentar de cereais infantis, bolos no geral e chocolate para barrar em particular, tinha visto “a luz das sementes”.

Fui (e ainda vou) tentando explicar a minha opção de deixar de comer açúcar, mas nenhuma argumentação foi tão boa e teve resultados tão imediatos como a reportagem da SIC. “Somos aquilo que comemos”.

Assim, desde da referida reportagem, já não sou maluca quando proponho que não comprem nada antes de ler os rótulos. Ou quando tento explicar que em todos os produtos processados há açúcares e farinhas que nem imaginamos.

Faltará agora quebrar outra ideia, outra barreira: comer bem é mais caro do que comer mal? Serão mesmo os maus alimentos mais baratos que os bons alimentos? Respondo já: não, são apenas mais fáceis. Tanto em termos de consumo, como de saciedade e satisfação (o açúcar permite isso mesmo: satisfação imediata).

A pobreza sempre foi associada à magreza e desnutrição. Neste momento, a pobreza está relacionada com quadros clínicos graves de obesidade igualmente desnutrida. É mais fácil comprar um menu familiar de uma cadeia de fast food do que gastar o mesmo dinheiro para fazer uma sopa. Uma embalagem gigantesca de bolachas de chocolates e um litro de refrigerante custam tanto quanto um quilo de peras.

Se eu mandasse alguma coisa, os alimentos que são distribuídos por famílias que precisam estariam sujeitos a algum rigor. Latas de atum sim, esqueçam as salsichas, frutos secos em vez de bolachas, arroz e massa, para quê batatas fritas.

Se eu mandasse alguma coisa, nos supermercados os sacos seriam grátis para quem levasse fruta e vegetais. Se eu mandasse alguma coisa, assim de forma mais radical, a fruta e os legumes eram pagos de acordo com o IRS e entregues em cabazes enormes e coloridos a quem não os pode pagar. E, porque não acredito nos radicalismos e fundamentalismos desta vida, em cada cabaz iria também um bolo de chocolate caseiro. Se eu mandasse alguma coisa não existia fome, mas isso é outro assunto.

4 comentários em “Quando deixei de comer açúcar de forma radical chamaram-me maluca e fundamentalista.”

  1. Ainda bem que existem reportagens que fazem com que as pessoas "acordem" em relação ao mundo alimentar.
    Deviam dar muitas outras e muitas vezes por semana.
    Isso e divulgar blogs que nos inspiram e nos motivam e nos ensinam a ter uma vida saudável TODOS OS DIAS (sem fundamentalismos!)
    bem haja a todos.

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