alimentação dos miúdos

a alimentação dos miúdos. breve explicação

uma leitora afirmou que dar cereais achocolatados era uma incoerência da minha parte, dados todos os cuidados que passei a ter com a minha alimentação. achei que era uma excelente oportunidade para falar da alimentação dos miúdos.

os cereais de pacote têm açúcar. verdade. bem-vindo ao mundo real: o pão que consumimos também tem açúcar, as papas dos miúdos têm açúcar, os iogurte têm açúcar, aliás quase todos os alimentos processados têm açúcar e/ou sódio, que é exactamente aquilo que lhes dá sabor. os alimentos processados têm uma quantidade de ingredientes que desconhecemos. assim como o ar que respiramos e a roupa que vestimos. até mesmo os alimentos naturais são sujeitos a fertilizantes e lavagens com produtos “estranhos”.

ter optado por comer de forma saudável não me tornou fundamentalista (é preciso estar muito focado quando se quer perder peso, mas manter tem espaço para tudo), nem para mim e muito menos para os meus filhos. em relação aos miúdos acredito mesmo que proibir tem o resultado contrário. em minha casa numa existiram doces e quando passei a comprar o meu lanche fiquei fascinada com tudo o que podia comer e me tinha sigo escondido até ali.

eu deixei de comer algumas coisas porque me deixaram de saber bem. eu não como carne e os meus filhos comem, eu não como gelados e eles comem, eu não como chocolates e eles comem. eu não bebo leite, eles bebem. os meus filhos irão fazendo as suas opções alimentares com uma base equilibrada. se há alimentos que não compro mesmo? claro que sim, tipo salsichas, mas o meu mais velho só acha piada em cachorros comprados na rua e o mais novo nunca provou. não compro nenhum sumo mas quando comemos fora, eles bebem.

a regra é mesmo essa: equilíbrio na alimentação dos miúdos. há sempre fruta descascada em casa, há sempre legumes às refeições, não há isso do “não como” mas existe sempre a opção do “come menos”. há vários pequenos almoços: há ovos mexidos e estrelados, há pão, há queijo, há papas de aveia, e há cereais também, daqueles com chocolate e tudo a que têm direito.

19 comentários em “a alimentação dos miúdos. breve explicação”

  1. Eu cresci numa casa onde sumos, coca-cola, rebuçados, pastilhas elásticas, etc, etc, etc, eram proibidos.
    O resultado óbvio era, sempre que podia, devorava esse tipo de alimentos.
    Concordo igualmente com o meio-termo: nada de proibições !!! Guloseimas em datas especiais e no dia-a-dia alimentação saudável.

  2. Sinceramente não entendo a questão dos cereais. Eu cresci a comer chocapic, estrelitas, e outros que tais e não foi por isso que fiquei mal nutrida ou obesa.

    Acho que nos esquecemos do que é ser crianças, do que é poder comer "comida de crianças" sem culpas. Não são os ocasionais cereais que tornam as crianças mais obesas, é a falta de tempo de brincadeira na rua, a falta de se mexerem e de terem atividade.

    Deixem as crianças serem crianças e não as privem do ocasional gelado, doce ou cereais de pequeno almoço.

  3. Ora aí está uma coisa na qual penso muitas vezes: não deixo darem chupas ao meu filho, mas eu dou-lhe manteiga de amendoim de vez em quando. Não o deixo beber um único sumo artificial ou refrigerante, mas eu bebo cola zero.
    Por outro lado, dou-lhe salsichas de peru quando eu não as consigo sequer ver; deixo-o comer bolachas de dinossauros quando sei que não são saudáveis.

    A nossa alimentação vs. a alimentação dos nossos filhos é um tema que bem precisa de debate – e os pontos que a Catarina apresentou são absolutamente válidos.

    Mas eu juro que me sinto culpada quando o vejo petiscar os choco krispies do irmão.

  4. Não podia concordar mais, Catarina.
    Não acredito na proibição, acho que só os leva a querer comer aquilo que proibimos.
    Acredito num equilíbrio, com tu mesma referes.
    Faço isso com o meu filho e hei-de fazer com aquele que aí vem.

  5. Catarina, concordo consigo. Também não gosto de proibir porque muitas vezes tem o resultado oposto. A minha filha comia cereais uma vez por semana na escola e era dia de festa, exactamente por serem a excepção e não a regra. Mas admito que também achei contraditório fazer publicidade a cereais cheios de açúcar, pois não vai ao encontro do que defende actualmente em termos de alimentação.

  6. Catarina, concordo consigo. Também não gosto de proibir porque muitas vezes tem o resultado oposto. A minha filha comia cereais uma vez por semana na escola e era dia de festa, exactamente por serem a excepção e não a regra. Mas admito que também achei contraditório fazer publicidade a cereais cheios de açúcar, pois não vai ao encontro do que defende actualmente em termos de alimentação.

  7. Isto não tem nada a ver com a alimentação da Catarina ou dos seus filhos. Tem a ver com o facto de me estar a tentar vender Chocapic como um produto inócuo e com o argumento de que os produtos alimentares processados são um inevitabilidade.
    Uma pesquisa rápida diz-me que 100 gramas de Chocapic contêm 29 g de açúcar. Outra pesquisa diz-me 37g. Não tenho nenhuma caixa de Chocapic por perto para confirmar qual dos valores é o correcto. A American Heart Association recomenda que mulheres adultas limitem o consumo diário de açúcar a 26g e os homens a 37g. Com uma tigela de Chocapic uma criança ingere mais açúcar do que aquele recomendado a um adulto. Poderá ser uma opção equilibrada em termos, sociais, familiares, psicológicos ou o que quiserem mas nunca em termos nutritivos. O açúcar provoca inúmeras doenças – diabetes tipo II e a obesidade de que já aqui se falou são já os extremos – ou nunca ninguém ouviu dizer, por exemplo, que o açúcar faz mal aos dentes? Além disso há muito que se sabe que o açúcar provoca adição. E também é por isso que está presente na maioria dos produtos alimentares processados – não é só para lhes dar sabor! Sal, gordura e especiarias também dão sabor. A questão é que o açúcar é mais barato. E mais barato ainda é o HFCS (ou GFS) o que torna os produtos mais baratos para o consumidor e aumenta os lucros para quem os vende. O “mundo real” que a Catarina descreve pode ser o da maioria das pessoas. Mas não é o de todas. Há muita gente que já percebeu os malefícios dos produtos alimentares processados e em particular do açúcar e toma outras opções alimentares. Os produtos de que fala foram desenvolvidos com o objectivo de nos criarem a sensação de que precisamos deles e que os mesmos nos fazem poupar tempo e dinheiro. Uma leitora disse – e bem – que um iogurte natural e uma banana não demoram mais tempo a preparar do que uma taça de Chocapic. O que poupamos agora com estes produtos gastaremos mais tarde para recuperar a nossa saúde.

  8. Catarina,
    Continuo a achar uma incoerência enorme da sua parte, mesmo depois da explicação.
    E no comentário que fiz, falei também no facto de achar estranho estar a publicitar um evento da marca. Se calhar também poderia fazer um post a explicar isto. Alguém tão atenta à alimentação, e que supostamente sabe os efeitos dos alimentos altamente processados não deveria promover eventos deste tipo. Para mim, é o mesmo que "apoiar" o consumo de caldos de galinha e afins (cheios de intensificadores de sabor e outros aditivos terríveis para a saúde) ou de margarina (gorduras trans e hidrogenadas), só para dar alguns exemplos.
    Não devemos ser fundamentalistas. Concordo.
    Mas no seu caso, que passa informação diariamente a tantas pessoas, deveria ter mais cuidado.

  9. Lá em casa também não somos fundamentalistas mas tentamos evitar os produtos processados. Isto quer dizer que, de vez em quando lá comem um chocolate, ou um gelado ou, mais recorrentemente, bolachas. Agora, esses "cereais" é que estão completamente proibidos. Precisamente, porque além de ser das piores coisas que se podem comer, criam um hábito diário. Um hábito que ficará para toda a vida com todos os prejuízos na saúde que poderão vir a trazer. É fazê-los perceber a diferença entre um ocasional "miminho" e uma refeição normal.

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  11. Eu sou mesmo uma “má mãe”…
    Em casa tenho à disposição baldes de chupa-chupas (daqueles que normalmente os cafés têm em exposição), e quando digo à disposição não é tenho me casa, é tenho em casa em locais que tanto a mais velha como o mais novo conseguem aceder sem necessitarem de ajuda, e quem diz chupa-chupas, diz chocolate e rebuçados… Sim, sou uma “mãe desmiolada e sem principios para defender a alimentação dos filhos” chamem a proteção de menores!

    Agora vamos ver o reverso da medalha…
    1 – Nenhum dos dois pega em goluseimas sem pedir autorização (nunca ninguém lhes impôs nada nesse sentido);
    2 – Sabem qual o sabor dos doces
    3 – Sabem como comer um rebuçado sem se engasgarem
    4 – Quando estão com alguém que lhes ofereça uma goluseima optam por aceitar ou não, e não comem “sofregos” por saberem que fora dali não poderão comer…

    Além disso, dificilmente comem um chupa/rebuçado/chocolate até ao fim…

    Agora o lado de “mãe extremosa”…
    1 – Há sempre fruta disponível, e além de estar disponivel, são sempre consumidas alguma peças de fruta, diariamente pelas crianças…
    2 – A fruta é preferencialmente de origem biológica… (ou de origem dita biológica)
    3 – Os legumes consumidos em casa são biológicos, são de época, são frescos, com garantia de produção própria…

    Há sempre um pouco de tudo no prato, em casa, disponivel… Com base na roda dos alimentos… Não há o “não gosto não como”, mas sim o “não gosto, como menos”… Há bom senso e não radicalismos nem fundamentalismos…

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