Poupamos em casa e no ambiente se soubermos ler os prazos de validade

Nem sempre a data que vem nos rótulos corresponde ao dia do fim de vida de um alimento. Aliás, isto não faz sentido sequer. Como é que um produto num dia está bom e no outro está estragado? Exato. Se repararem bem, aquilo que vem indicado no rótulo, além da data, contém uma expressão: “consumir de preferência antes de” ou “consumir até”. Pode parecer igual, mas os significados são diferentes. Sabem mesmo ler os prazos de validade?

Atenção porque faço parte do grupo que não sabe. Mas a quem o desperdício alimentar faz muita impressão.

É neste sentido que “Saber a diferença, faz a diferença”. Este é o mote da nova campanha da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) que pretende consciencializar-nos nos para as datas de validade dos alimentos. Entender isto é fundamental, por vários motivos: poupança no orçamento familiar, porque aproveitamos a comida ao máximo e, claro, pela sustentabilidade. Tirar partido dos alimentos e não os deitar fora desnecessariamente faz-nos consumir de forma mais ponderada, evitando o desperdício desnecessário. Estarmos conscientes disto, permite fazer escolhas mais refletidas, amigas da economia de casa e do ambiente.

Estudos europeus dão conta de uma realidade absurda: 42% do desperdício alimentar é causado pelo consumidor doméstico. Além disso, só 47% dos cidadãos da União Europeia compreende o significado de “consumir de preferência antes de” e só 40% compreende o significado de “consumir até”.

 

 

Vamos à parte prática: entender os prazos de validade

prazos de validade

“Consumir até”

É referente à data limite de consumo. É aplicável a produtos microbiologicamente perecíveis, nomeadamente carne fresca, iogurtes, queijo fresco, saladas IV gama, sanduiches e refeições prontas. Deve ser respeitada.

“Consumir de preferência antes de”

É referente à data de durabilidade mínima (mínima!). Aplica-se a produtos microbiologicamente não perecíveis, nomeadamente o azeite, as batatas fritas e os cereais, geralmente com validade inferior a 3 meses. Podem ser consumidos após a data referida, desde que sejam respeitadas as regras de conservação específicas de cada produto indicadas nos respetivos rótulos.

“Consumir de preferência antes do fim de”

É igual ao anterior, mas aplica-se mais frequentemente a congelados e a conservas pois são alimentos com datas de durabilidade longas.

E os produtos sem validade?

Eles existem. Se repararem, o sal, o açúcar ou o vinagre não têm prazo, porque são não perecíveis. Ou seja, não se estragam, tanto que são considerados conservantes naturais. Mas é preciso ter cuidados. As regras de conservação também devem ser respeitadas, para que as propriedades físico-químicas se mantenham.

Não ignorar a prateleira dos produtos com “aproximação do fim de prazo de validade”

Se é para consumir brevemente, não ignorem estes produtos. É uma forma de evitar o desperdício alimentar porque, de outra maneira, eles vão para o lixo.

Agora algumas dicas!

– Organizam a vossa despensa e frigorífico e vão estando atentos aos prazos de validade dos produtos, para planearem o consumo para breve, evitando deitar forma.

– As temperaturas de conservação dos produtos são uma regra para ser cumprida

– Os frescos devem estar sempre no frigorífico

– A carne e o peixe frescos que não são para consumir no dia, devem ser congelados

– As temperaturas de conservação dos produtos deverão ser rigorosamente cumpridas.

– Os produtos frescos deverão sempre ser conservados no frigorífico em porções pequenas e preferencialmente achatadas para facilitar o processo congelação e posteriormente o processo de descongelação.

– No caso dos alimentos cuja validade está a chegar ao fim, prolonguem-lhes a vida, congelando-os. O frio vai conservá-los.

– A descongelação feita em casa deve ser feita no frigorífico para minimizar o desenvolvimento dos microrganismos.

– Os produtos descongelados devem ser consumidos em 24 horas.

Que alimentos é que podemos congelar?

Não, não é só a carne ou o peixe. Há mesmo muitos alimentos que podem ser conservados no congelador, sem se estragarem. Vejamos alguns.

– Fruta – no caso dos citrinos podem fatiá-los, congelá-los e usá-los diretamente em bebidas frias. As uvas e frutos vermelhos podem também ser congelados, servidos depois como verdadeiros cubos de gelo aromatizados.

– Batatas – podem fervê-las durante cinco minutos e congelá-las em seguida. Depois, podem, por exemplo, descongelá-las durante a noite e assá-las no forno no dia seguinte.

– Pimentos – se ainda têm pimentos no frigorífico e não têm planos para os consumir, congelem-nos. Quando precisarem para os cozinhados, podem picá-los ainda congelados.

– Queijo se têm queijo ralado ainda dentro do prazo e não têm planos para o consumir, podem congelá-lo e depois usá-lo em pizzas, massas ou quiches.

– Sobras de carne cozida – todos os tipos de sobras de carne podem ser congelados. Descongelem no frigorífico e utilizem, depois, normalmente numa massa ou risotto especial.

– Pão – pode fatiar o pão e congelá-lo. Quando o quiser consumir, bata-o numa superfície para tirar o excesso de gelo e coloque-o no frigorífico para descongelar.

 

E já que falamos em prazos de validade, receitas para tirar proveito da comida!

2 comentários em “Poupamos em casa e no ambiente se soubermos ler os prazos de validade”

  1. Cara Catarina.
    O que para mim se me afigura verdadeiramente espantoso, mistério insolúvel nunca por de mais indesvendável segredo da natureza, é como pôde a humanidade sobreviver sem os profundos e esclarecedores milagres salvadores de etiquetação de validade alimentar.
    Que ninguém duvide: Somos uns sobreviventes natos.
    Nada nos trava na nossa imparável progressão evolutiva. Se nem a ausência do “consumir antes de” de ontem o conseguiu, nenhuma força da natureza o conseguirá.

  2. Pingback: Plástico. É tempo de lhe dizermos adeus. Já sabemos o que ele faz

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