Depois de passar várias vezes pelo Jardim de Estrela e ver um grupo de pessoas felizes a treinarem (mas assim a treinarem a sério como eu gosto) resolvi-me perceber quem eram (depois disso vou sempre que posso e confirmo que é viciante).
É um novo grupo de treino. Chama-se Move HIIIT, é ao ar livre, o treino é de alta intensidade, muito inspirado no Crossfit, e acontece no Jardim da Estrela. Foi assim que conheci o Zé Maria, que está à frente do projeto. Só com 25 anos mostra-nos que é possível arriscar e ter sucesso. É um exemplo de que devemos seguir os nossos impulsos e de que, com trabalho, esforço, dedicação e muito amor tudo é possível.
Muito rapidamente: formado em gestão, estava a começar uma vida estável, numa consultora grande, com um salário agradável e todos os benefícios que se querem. Um dia desafiaram-no para dar um treino. E aqui teve uma epifania: percebeu que este era o projeto em que queria estar. E assim foi. Hoje já leva centenas de pessoas à Estrela. Já criou amizades nos grupos que vai juntando. Até namoros. Já fechou inúmeras parcerias. Trouxe outros professores para a Move HIIT. E está cheio de força para evoluir, com muitos projetos novos em vista. Esta é a história dele.
A tua vida deu uma grande volta…
Sim. Sou formado em gestão e estive uma longa temporada na Deloitte a trabalhar. Mas sempre tive uma grande paixão pelo desporto. Treinei como atleta de alta competição muito tempo, desde muito novo. Entretanto, há um ano desafiaram-me para fazer um treino, assim na brincadeira. Os primeiros treinos correram muito bem e tem piada porque na altura achava que não tinha capacidade para o fazer, mas foi ótimo. Isto deu-me muita motivação e força para avançar o projeto.
Em que circunstância é que surgiu a ideia para começares a dar treinos?
Foi num jantar de amigos. E eles disseram:”Zé, precisamos de treinar. Estamos fartos de ginásios e de sítios fechados. Tu tens experiência na alta competição, de certeza que consegues fazer treinos.” E eu disse-lhes: “Malta, eu nunca dei treinos. Não sei se vou conseguir.” Entretanto, cheguei a casa, desenhei um treino, aplicá-mo-lo no jardim e eles adoraram. E eu fiquei surpreendido comigo mesmo. A partir daí, comecei a dar treinos a uma ou duas pessoas por mês. Hoje somos mais de 200 e passou menos de um ano.
Do que é que tiveste de abdicar nesta mudança?
No inicio, de muita coisa. Na empresa onde estava tinha estabilidade, um salário interessante, uma vida estável, com benefícios. Para esta nova etapa, tive de começar do zero. Recebia 10 a 20 euros por mês e dava muitos treinos grátis. Mas acho que muitas vezes é assim que começa. Temos de arriscar, temos de resistir. E pronto, as coisas evoluíram até ao ponto em que estamos agora. Apesar de ainda estarmos numa fase inicial, já me compensa, já ganhei uma estrutura sólida, já temos tudo registado e, de facto, sou mais feliz.
Para esta nova etapa, tive de começar do zero. Recebia 10 a 20 euros por mês e dava muitos treinos grátis.
Como é que foi transição?
Foi gradual. Quando dei o meu primeiro treino ainda estava na Deloitte e foi com os meus amigos. Depois comecei a dar um a dois treinos ao fim de semana e, mais tarde, ao final do dia. Em julho do ano passado sai da Delloite, continuei a dar treinos sozinho durante cinco ou seis meses e só depois é que criei a Move HIIT. Até chagarmos a dia de hoje foi muito rápido. E o sucesso deve-se muito às pessoas, porque amigo puxa amigo. Foram aparecendo cada vez mais pessoas porque experimentavam, gostavam e recomendavam. Agora estou aqui a 100%.
Como é que a família, amigos e namorados receberam a notícia?
Foi um bocado complicado ao início. Os meus pais sempre me incentivaram a tirar um curso, um mestrado, a ir trabalhar para um bom banco, para uma consultora. Quando esta mudança se deu, eles acharam que eu não estava a pensar bem. Eu tinha feito um percurso com um objetivo e mudar tudo, de repente, não lhes fazia sentido. Houve muitas discussões. Pedi-lhes que tivessem calma, disse que as coisas iam evoluir, que o projeto ia dar frutos. Quando ainda não temos resultados ou uma estrutura montada é difícil para quem está à volta perceber. Levei muito na cabeça. Só que correu tudo bem. Começaram a vir 20, 30, 40 pessoas aos treinos, eles começaram a ver as fotografias, o Instagram, e perceberam que isto estava a ir num sentido positivo e começaram a acreditar em mim. Hoje dão-me força (mas claro que continuam a querer que trabalhe numa consultora ou num banco).
“Aquilo que nós queremos transmitir não são só os treinos de alta intensidade. Queremos criar uma espécie de lifestyle. Queremos criar uma energia positiva.”
Hoje já tens uma equipa…
Sim. Dois treinadores, o Miguel Alves e o Rodrigo Corte Real. Para o yoga, o Pedro Barbosa e, na parte da comunicação e publicidade, tenho a ajuda do Eduardo Maia. Dentro de pouco tempo, entre 6 a 7 meses, vai surgir outro negócio, que está em fase de desenvolvimento e que vai estar muito ligado à Move HIIT. Mas, por enquanto, ainda não posso revelar nada.
Qual é a vantagem de treinar ao ar livre?
Há uma série de vantagens que no ginásio não temos. São treinos em que trabalhamos mais, perdemos mais calorias, não temos o facilitismo das máquinas. Absorvemos mais vitamina D, estamos em contacto com a natureza e sentimo-nos mais motivados. Acho que o ginásio acaba por ser ainda mais cansativo por estarmos num circuito fechado, cheio de pessoas à volta. Na Move HIIT Só vamos para espaços fechados quando está a chover muito.
O que é que diferencia a Move HIIT dos outros treinos de grupo outdoor?
Aquilo que nós queremos transmitir não são só os treinos de alta intensidade. Queremos criar uma espécie de lifestyle. Queremos criar uma energia positiva, que envolva uma boa prática de treino, numa boa alimentação, uma vida equilibrada, saudável e um bom convívio em grupo, ao ar livre.
Depois também queremos chegar às grandes empresas e já estamos a fechar alguns acordos, que ainda não posso revelar. Esta ideia surgiu porque durante a minha experiência profissional consegui identificar alguns gaps, como as pessoas passarem muito tempo sentadas ou trabalharem pouco em equipa. Acho que através dos treinos, podemos criar sinergias entre os trabalhadores, criar sessões de team building. A ideia é ajudar a aumentar a eficiência e eficácia nos processos de trabalho. E claro, manter a saúde, uma vida saudável e menos sedentária.
“Acho que o essencial é arriscar. Quando temos uma ideia com potencial, devemos agarrá-la, nem que se percam 1 a 2 anos a construir aquilo que queremos.”
Quais é que são os três conselhos mais importantes para quem está com uma vida infeliz, tem planos mais com medo de arriscar?
Acho que o essencial é arriscar. Quando temos uma ideia com potencial, devemos agarrá-la, nem que se percam 1 a 2 anos a construir aquilo que queremos. Depois, ser resiliente e não desistir quando surgem as dificuldades. Eu quando comecei só tinha barreiras à frente. Apesar de ter sido atleta de alta competição, eu era e sou de gestão. Não tinha um conhecimento brutal na área. Mas, apesar de tudo, consegui. Por fim, planear! Pôr no papel. Ir em frente.
Para os interessados, os horários da Move HIIT! Eu fiquei viciada. E vou sempre que posso.
https://www.instagram.com/p/BYn1p0RD2b-/?taken-by=movehiit
Olá… acho uma ideia muito boa 🙂 Confesso que já treino há muitos anos em ginásio e começo a ficar um pouco saturada. Por acaso não conhece algo parecido na cidade do Porto. Obrigada
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Ola boa tarde, aonde é o ponto de encontro? é só aparecer? Obrigada
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