assim, durante segundos e depois de ler na diagonal – “se estás com preguiça começa na mesma, porque a parte chata são só os preliminares, depois que começa, fica uma delícia” – pensei que a rapariga tinha razão. isto na intimidade, na confusão dos dias, é mesmo preciso contrariar o cansaço. porque há momentos em que queremos ceder ao cansaço mas se pensarmos no que vem a seguir vale a pena dar o primeiro passo. e isto não serve apenas para o sexo, serve para o treino, ler um livro, jantar com os amigos que não vemos há imenso tempo, para um fim de semana em que precisamos de fazer as malas. há muitas coisas nesta vida em que a nossa vontade é deixar que a preguiça vença. convenhamos que o cansaço é mesmo devastador.
sim é mesmo verdade que muitas relações morrem pelo cansaço. e pensemos em sexo como intimidade – enroscar para conversar, sair para dançar, dar beijos na boca – tudo isso exige tempo! e quando o tempo obriga à decisão “dormir ou…”, dormir ganha muitas vezes.
pensemos em sexo como intimidade – enroscar para conversar, sair para dançar, dar beijos na boca
mas agora voltemos à Deborah Secco. e à razão porque não devemos ler na diagonal. então diz a senhora que “Se não fazes sexo com o teu homem, outra pessoa vai fazer. Homem não fica sem sexo.” diga???
primeiro que tudo: acabemos com esta história que os homens têm mais desejo que as mulheres. isso é castrador para os homens que acham que não têm “desejo de homem” e para as mulheres que acham que têm mais desejo que uma “mulher normal”. cada pessoa tem o seu nível de apetite sexual e isso muda todos os dias pelas mais diversas circunstâncias. somos todos PESSOAS diferentes.
segundo, querida Deborah, se o teu marido, quando tu não tens vontade, vai fazer sexo com outra, o melhor será dispensares a criatura! é que às vezes acontece não ter vontade e dizer “não”. e convém poder dormir aninhada na mesma sem pesadelos sobre as mensagens que a pessoa com quem estamos está a trocar com outra pessoa para combinar o “sexo obrigatório”.
eu quero que os meus filhos – rapazes e rapariga – cresçam sabendo sabendo que dizer “não” é um direito. mais do que isso, é a liberdade de cada um gerir o seu corpo e a sua vontade . não é negociável ou questionável.
e que saibam que não existe isso dos homens quererem mais sexo do que as mulheres. cada pessoa quer o que quer, à medida do seu desejo.
obviamente que também quero que tenham a noção que as relação dão trabalho, exigem investimento. e que – tudo na vida e não apenas o sexo – exige aquele primeiro passo em que muitas vezes temos vontade de estar quietos mas depois compensa tudo.
eu quero que os meus filhos – rapazes e rapariga – cresçam sabendo sabendo que dizer “não” é um direito. mais do que isso, é a liberdade de cada um gerir o seu corpo e a sua vontade . não é negociável ou questionável.
Acho que percebo a Débora no contexto do Brasil, lá tudo muda😂. Em termos práticos acho que infelizmente ainda é um pouco assim o que não significa que na teoria devia ser exactamente como a Catarina descreve. Pessoalmente não faço fretes mas entendo quem uma vez por outra os faz com receio das piranhas 😂😂😂
ora nem mais … disse tudo 😉
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Lindo artigo, principalmente a parte em que refere que é o momento de deixarmos de comparar níveis de desejo.
Concordo.
Um beijo enorme e parabéns por esta escrita leve.
Na serie sobre a vida do Einstein há um momento em que a primeira mulher dele fica doente. O médico, quando a consulta, percebe que está cansada e assoberbada com a casa e dois filhos, então pergunta-lhe se ela anda a satisfazer o marido. Ela esclarece que não. Ao que o médico a aconselha a fazê-lo, porque os orgãos dela estavam doentes porque não atendia às necessidades do marido.
Ou seja, ela, enquanto mulher, ficava doente porque não satisfazia as necessidades do marido.
Isto aconteceu algures entre 1910 e 1920. Há muito, muito tempo.
Desde então as mentes evoluíram…ou é isso que se espera.
Este pensamento da Deborah encaixa na mesma linha de ter filhos para os agarrar.
Uma noção de que as mulheres têm de fazer um conjunto de coisas para «segurar um homem» é algo que me entristece. Caminhamos tanto para isto.
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Olá Cátia, embora concorde com tudo o que disse permita-me só partilhar de uma conversa que tive com o meu marido a propósito da cena que menciona da série sobre a vida do Einstein. Na realidade, pareceu-me que sobretudo ela estaria a precisar desse contacto, e aceitaria que o médico lho dissesse, ao que o meu marido salvaguardou (e nem) que, à época, dizer a uma senhora que ela estava a precisar de sexo seria certamente uma afronta, pelo que era mais correcto indicar-lhe que precisava de satisfazer as necessidades do marido, muito embora fosse ela que beneficiasse da situação. Não sei se seria o caso, mas faz-me sentido e, à época, parece-me aceitável. Só um ponto de vista diferente.
Acontece-me, amiude, ser pressionado pela minha mulher para ter sexo, quando nao estou particularmente interessado no assunto, naquela altura. E muitas vezes cedo. Como tambem muitas vezes digo que nao. E o assunto fica por ali, até à próxima “vontade”, minha ou dela. Acho que não se deve generalizar, relativamente a um assunto que é da intimidade do casal. Desde que ninguém seja obrigado a nada, porque aí passa a ser um caso de policia. O sexo é uma necessidade fisiologica, deveria ser abordado na sociedade sob esse prisma, não o devemos confundir com amor, faz parte de um relacionamento, de um processo, e não pode ser confundido como uma obrigação, por nenhuma das partes!
Mentalidade 100% brasileira !!!!!
Em que tudo o que as mulheres fazem, em primeiro lugar é para agradar aos homens….
Oi Alex, tudo bem?
Sou brasileira e posso te dizer: Essa não é a mentalidade 100% brasileira! Essa é a mentalidade de muito países, em especial aqueles que ainda possuem uma cultura machista muito presente, e não, não é exclusiva do Brasil. O que a atriz disse é de pensamento exclusivo dela, que reproduz algo que aprendeu desde cedo, e sim algumas mulheres possuem esse pensamento. Tendo em vista que a moça foi altamente criticada nas redes sociais podemos perceber que nosso pensamento não é 100% esse.
Abraços
OI, Alex.
Também sou brasileira e assino embaixo do que a Fabiana disse. Não é a mentalidade brasileira. É mentalidade de mulheres e homens machistas, de qualquer parte do mundo.
Conheço franceses machistas (muito) e nem por isso digo que é uma mentalidade 100% francesa.
Não se deve jamais generalizar.
Um abraço bem feminista! Rsrsrsrsrs.
Nada muda, no Brasil ou em qualquer lugar, isso é mais sobre o ser humano e seus complexos e menos sobre a nacionalidade.. Deixemos dessa visão preconceituosa e deturpada sobre o Brasil.
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