Ter sido o Pedro a tirar a licença de parentalidade foi um privilégio imenso com um único ponto negativo. A mulher tira os primeiros 42 dias, obrigatoriamente, durante os quais pode estar até 25 dias úteis acompanhada pelo pai. Depois o pai tirou os restantes 98 dias. Existe um “mas” e eu explico: tenho medo.
Ter o Pedro presente 24 horas libertou-me totalmente. Se tinha trabalho para fazer era fácil, se precisava de ir arrumar a roupa, a louça, ajudar o G. a estudar, o brincar com o A., era fácil. A Maria Luiza sempre foi chata para dormir durante o dia mas tendo mais dois braços sempre em casa a chatice é reduzida em 50%. Até agora tudo perfeito, então qual é o problema?
A ideia do Pedro voltar a trabalhar estava a deixar-me absolutamente angustiada. A palavra verdadeira deveria ser assustada, ou apenas “tenho medo”. Estar angustiada estava a deixar-me enervada. Então cuidei de dois sozinha e a trabalhar e nunca me deu para medos de não dar conta do recado. Agora é que tinha ficado maricas?
Pois bem, Maria Luiza é mulher e é esperta e sabia que o pai estava presente. Maria Luiza sabia que chorando podia aconchegar-se nas barbas do pai (e eu não a censuro).
Eu, ou estando sozinha ponho os meus instintos de mãe todos alerta. Antecipei-lhe as birras de sono e pu-la dormir (sem mama imagine-se, com um som de meditação tibetana, uma coisa com chuva, taças e passarinhos – que encontrei no Spotify depois da Constança me ter explicado como os “ruídos brancos” fazem mal aos bebés. Os sonos foram curtos mas permitiram-me ser produtiva e a miúda acordou calma e bem disposta. Já organizei a agenda dos próximos dias com a naturalidade com que sempre fiz, sabendo que existe um pequeno ser sempre alapado a mim.
Existirão dias maus em que desejarei mais dois braços, sei que sim. Terei infinitas saudades de ter sempre o Pedro por perto, sei que sim. Mas nada de angústia, nada de medo. Seremos só as duas durante muitas horas nos próximos anos e vai ser muito bom. E ainda mais delicioso quando formo três e quando formos muitos.
Tenho medo de estarmos só as duas?
Eu explico.
Quando comecei a ler o post a primeira coisa que me ocorreu foi, já passou este tempo todo? Meu Deus!? Pssa a correr. Parece que foi ontem.
Confesso que gostava de conseguir por os meus medos na linha da mesma forma. Mas ainda ando a trabalhar nisso. 🙂
Bom dia! Podia explicar melhor o que a Constança lhe falou sobre os “ruídos brancos” fazerem mal aos bebés. Fiquei curiosa… Obrigada
“artificializa o nível de alerta do bebé”
Como eu a compreendo,estive na mesma situação e ainda estou e não é nada fácil. Preciso dessa música :).
Beijinho e continuação
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Pois, provavelmente não passaste por isto das outras vezes, mas aquele primeiro dia em que o pai vai trabalhar (no meu caso foram 2 semanas depois do parto) é sempre um dia tão triste… a licença deveria poder ser sempre partilhada! Lembro-me de ficar super sensível dois dias antes só de antecipar que o pai não ia lá estar todo o dia connosco. Depois, como tudo… passa! Boa sorte!
É mesmo “assustador” quando o pai regressa ao trabalho, principalmente quando somos pais de pela primeira vez…e de repente o mundo encantado que existe dentro da nossa bolha “rebenta” e percebemos que temos de aliar as maravilhas da parentalidade ao mundo real, duro, trabalhoso e muitas vezes imprevisivel…. saudades de estar sempre os três juntos….
Realmente aqueles 25 a três foram maravilhosos.. Quando o Pedro foi trabalhar, lembro me de ter medo de sair de casa sozinha com o Santiago. Tinha medo de colocar mal o Ovo no carro e de acontecer qualquer coisa. Claro que com o tempo todos estes medos vão passando e vamos deixando de ser tão maridodependentes……
Oá Catarina, não percebi isso dos ruídos brancos. Outra contradição???
Os miúdos costumam adorar aspiradores, termoventiladores e outros barulhos assim.
Fiquei confusa.
Beijinhos para vocês e parabéns pela família. Para mim, faltam 5/6 semanas
os miúdos adoram sim, mas não devemos abusar porque diminuiu o alerta dos bebés. mas eu não sou especialista nestas coisas 🙂 vou aprendendo com quem sabe.
Gostaria de ter passado por essa experiência; mas acabei por estar sempre sozinha, por situações muito complicadas. Ao entrar em casa pela primeira vez após o parto sozinha com ela, senti exactamente o mesmo…um medo, que jamais esquecerei.
Mas tal como nas vossas experiências, também cedo passou 🙂
Vai tudo correr maravilhosamente.
Bjs
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No meu caso, quando estávamos os dois em casa de licença, logo nos primeiros dias, o meu filho mais velho apanhou varicela. Como o vírus é perigoso para recém-nascidos , o pai e o mais velho foram para casa dos avós. Eu fiquei sozinha com o meu bebé durante 10 dias, ainda a recuperar da cesariana e com todos aqueles tormentos do primeiro mês. O que mais me custou foi estar longe do meu filho mais velho numa fase tão delicada para ele…
imagino…
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🙂 será que podia partilhar o nome dessa música que mencionou, para pesquisa no spotify?