Eu defendo que devia existir a possibilidade de um casal usufruir mais tempo de licença de parentalidade em conjunto. Falo da possibilidade em termos legais mas também da abertura das empresas para que esse tempo pudesse ser gozado sem qualquer constrangimento causado pela entidade patronal do pai ou da mãe.
Atualmente existe já um número considerável de homens que gozam a licença de parentalidade mas isso acontece porque a mãe está a trabalhar e não para que este momento seja vivido em casal. Perante esta ideia alguém comentava: “A economia não aguentaria duas pessoas em casa a receber subsídio”. Eu acho que podiam ser estudadas formas economicamente viáveis.
Fui solteira até aos 37 anos por isso podem acusar-me de ignorância sobre o assunto sobre o qual arrisco escrever mas tenho a certeza – a minha e nunca absoluta – que isto de ser casal é como criar uma empresa e depois querer que a coisa não vá à falência.
Primeiro que tudo, ambos os projetos dão muito mais trabalho do que imaginamos. Há sempre aquela excitação inicial, pensar em tudo de bom que pode estar para acontecer, mas depois é preciso investir (muito e todos os dias). Quando um casal decide ter um filho é assim como abrir uma sucursal num país estrangeiro. Mesmo que a empresa tenha já muito sucesso está a entrar em terreno desconhecido. O negócio pode parecer o mesmo mas há um número infinito de variáveis novas e diferentes. Um filho pode ser um salto para melhor na vida de um casal como pode ser a sua desgraça. É que se a empresa já precisava de investimento, agora ainda mais.
Quando um dos membros do casal fica em casa sozinho a gozar a licença de parentalidade é assim como por o sócio (o tal que detém os outros 50% da empresa) num país diferente, os dois acharão que o outro não dá valor ao que estão a fazer, cada um no seu sítio. Assim, ou a empresa está sólida e os sócios reúnem-se diariamente – e acreditem que às vezes é mesmo preciso fazer ata escrita da reunião – ou o afastamento é inevitável.
Um casal precisa de viver os primeiros tempos deste admirável mundo novo – e mesmo que seja o segundo, terceiro ou vigésimo filho há sempre coisas diferentes – em conjunto. Os sócios precisam de conhecer o mercado, sentir o negócio nesta nova localização, e perceber o valor de quem fica na sucursal e quem trabalha no país de origem. Depois, alinhados e conscientes, podem ir gerir o mesmo projeto em lugares distintos. E desejar que a internacionalização seja sinónimo de muito dinheiro e sucesso, assim como muita felicidade e “para sempre”.
Foto: Dreamaker
Texto espetacular. Gostei muito.
Gostei tanto. E concordo plenamente.
Tenho uma filhota deliciosa com 2 anos! Partilhamos a licença mas ainda mais importante foi o facto de o meu marido ter tirado os seus 20 dias de licença todos seguidos (o trabalho dele nessa altura permitiu porque se tratava de um mês mais calmo em termos de vendas), o que fez com que o primeiro mês estivessemos os 2 em casa com ela! Deu me não so mais segurança mas também muito mais tranquilidade!
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Nem mais!
Analogia perfeita!
É mesmo assim! E as nossas crianças ganhariam tanto por poderem ter os pais juntos na fase inicial das suas vidas. Felizmente, pude desfrutar dos dois primeiros meses e meio juntamente com o pai do meu filhote mas sei que isso se afasta muito da realidade da maior parte dos casais. Foi fruto de planeamento a dois e se conseguir conjugar férias e licença parental do pai. Caso contrário, este tempo teria sido vivido mais por mim e pelo meu filhote e pelo pai apenas quando regressasse do trabalho ao final do dia. Mais tempo disponível do casal para o seu filho recém-nascido e licenças parentais de maior duração são necessárias no nosso país a bem do futuro das nossas crianças. Mais tempo disponível para mimo e muito colo em detrimento de termos de regressar tão cedo às nossas responsabilidades profissionais, muito contra a nossa vontade na maior parte dos casos. As mentalidades têm de se alterar e muito no nosso país…
ainda ha mt ignorancia sobre a licenca de maternidade e nem vou falar da licenca do pai (ai jesus!).
ainda n era mae e presenciei uma discussao maravilhosa de q 3 meses ja é mt, q gravidez n é doenca, q as empresas n tem q sofrer por terem maes de licenca de maternidade q tem direito a despedir quem esta de licenca ou assim q volta da licenca…. é ainda assim q a maioria da malta q da ordens pensa, ou seja a geracao dos nossos pais +/- anos. estas discussoes acabam invariavelmente com o “no meu tempo….”
mas ha esperanca, a nossa geracao qd ocupar esses lugares (é so esperar uns 10 anitos ufa!) vai comecar lentamente a mudar esta mania. lentamente ja se ve algumas mudancas, embora ainda veja mt gente da nossa geracao agarrada a manias da geracao anterior.
Eu e o meu marido tirámos 1 ano de licença de parentalidade partilhada: 5 meses (eu) + 4 meses (ele) + 3 meses (eu). Tirámos ainda as nossas férias desse ano todas seguidas, de modo a que eu gozasse as minhas quando ele estava de licença e ele gozava as dele quando estava eu. Deste modo passámos o 1º mês em simultâneo em casa (por causa da licença exclusiva do pai) e, mais à frente, 2 meses em simultâneo novamente (com as férias).
Felizmente que ambos trabalhamos em entidades que respeitam os nossos direitos e que auferimos um salário que nos permitiu gozar a licença alargada e passar os 6 meses finais a ganhar apenas 25% do ordenado (o que estava em licença, porque o que estava a trabalhar ganhava por inteiro). Foi perfeito 🙂 mas acho que muita gente ainda desconhece estes direitos!
muito bem escrito 🙂
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