comer bem está na moda. felizmente.

As redes sociais estão cheias de fotografias de refeições deliciosas: pequenos almoços com papas de aveia, frutas, batidos, sumos verdes e vermelhos, almoços e jantares com legumes e sementes variadas. Comer bem tornou-se uma moda. Entenda-se moda como o conceito estatístico – “a moda é o valor que detém o maior número de observações” – e não de uma forma negativa das coisas que todos fazem por imitação mas rapidamente desaparecem.

Assim como correr, comer bem é um hábito português. Os nossos legumes, as nossas frutas, o peixe fresco ou nas nossas tradicionais conservas foram substituídas por produtos industrializados que nos pareciam sinónimos de evolução. Trocámos a batata a murro por pacotes de batata frita, trocámos as costeletas de novilho por rodinhas espalmadas e congeladas a que chamam hambúrgueres. A fruta fresca deu lugar a potes de fruta cheios de conservantes e os legumes desapareceram. Até os bolos, altos e fotos, com cheiro a limão, passaram a vir empacotados.

Voltar a comer bem e perceber que os alimentos processados não trazem desenvolvimento nem riqueza, só doenças, tem sido, isso sim, uma evolução. Mas é importante não deixar que os selos como “biológico”, e garantias de saúde imediata, passem a ser sinónimo cego de qualidade ou uma forma de aceitarmos um preço mais alto por aquilo que compramos. Não tenhamos dúvidas: um litro de leite dos Açores será sempre melhor que leite biológico dos Alpes. As maçãs da Beira Alta serão sempre melhor que as biológicas do fim do mundo.

Comer bem, usar azeite e encher o prato daquilo que é nosso e foi apanhado pelas nossas gentes, nos nossos campos, é a melhor das modas. Para a saúde e para a economia.

E esqueçam aqueles que dizem que isto é uma mania. Porque secar as sementes da abóbora ao sol sempre se fez, comer croissants é que nem por isso.