Escrever sobre esta Catarina Antunes é um desafio. É maravilhoso, mas vai ser sempre injusto, porque ela especial ao ponto de nem o melhor e mais ágil dos escritores conseguir defini-la. Mas este post é isso. Uma tentativa de fazer jus a quem ela é, na forma da sua história, que é um exemplo de que como é verdade que a vida se resolve sozinha e de como, no meio deste processo de construção — que acontece quase sempre aos trambolhões e nunca para —, acabamos nos sítios onde era suposto estarmos e nem sabíamos.
Catarina Antunes trabalhou durante muitos anos no universo das empresas, no mundo executivo e empresarial, na área da comunicação, claro. Se a conhecessem (que espero que conheçam) iam perceber o potencial disto. Vem de um ambiente formal, formou-se com um curso de gestão na Católica. No fundo, tudo o que é o oposto daquilo que veio a fazer. Aos 50 anos, decidiu dedicar-se exclusivamente (a relação começa muito antes, mas já lá vamos) àquilo que lhe dá mais prazer: à astrologia e, sobretudo, às pessoas que a consultam.
A vida pôs-me numa situação para a qual não tinha respostas e fui à procura de quem me pudesse ajudar. Tudo à minha volta estava a ruir. Não sentia que estava com o pé em terreno seguro.
“Não sou uma mulher de receitas universais. O ser humano é infinitamente complexo. A conversa é sempre à medida de cada pessoa. No fundo, o meu papel, é fazer com que ela se oiça e que veja que consegue por si dar a volta à situação e seguir o seu caminho. Ao longo da vida, todos à nossa maneira, passamos por desafios e o meu papel é aceitar aquele desafio, que será tão válido como outro.”
Houve uma altura do seu percurso, com 34 anos, em que a vida lhe tirou o tapete. “Foi um período muito difícil e tenso”, diz. Só que, um dia, quando estava na Praia Grande, sentou-se num congresso de astrologia, mundo com o qual nem tinha grande contacto. “Tinha feito duas ou três consultas, mas assim por brincadeira”.
A linguagem era-lhe estranha. Falavam sobre o mito sebastianista. Mesmo assim, aquilo que ouviu serviu-lhe para escrever uma carta à oradora. “A vida pôs-me numa situação para a qual não tinha respostas e fui à procura de quem me pudesse ajudar. Tudo à minha volta estava a ruir. Não sentia que estava com o pé em terreno seguro. Tenho alguma dose de bom senso, mas a vida, naquele momento, tinha deixado de fazer sentido, porque todas as áreas estavam a colapsar. O desnorte era total e eu não percebia nada do que estava a acontecer.”
Aquele impulso de querer escrever à mulher que tinha ouvido pela primeira vez, mudou de forma radical o caminho da Catarina — e eu agradeço muito. Recebeu uma resposta da astróloga Maria Flávia de Monsaraz, que gostou de a ler e a quis receber pessoalmente, para uma consulta. A conversa durou quatro a cinco horas.
“Disse-me: ‘Quero-te sentada na minha primeira fila’. E foi assim que comecei a estudar astrologia. Era uma coisa que me interessava.” O curso no Quiran durou sete anos — ainda que nunca tenha parado de investigar e de aprender. “Às vezes chumbava-me em algumas disciplinas porque gostava e queria voltar a ouvir.”
Se não der resultado? Logo se vê. Não sou angustiada pela incerteza. Nós vivemos permanentemente na incerteza. Vou fazer o meu melhor, porque sei que faço bem. Janto menos fora, vou menos ao cabeleireiro. Mas não faz mal, porque sou uma mulher de gostos simples e sou resiliente.
Aquilo que começou por puro interesse, acabou por se tornar numa metade da Catarina Antunes, que em 2007 cria a Império Perfeito. Foi uma espécie de vida dupla, cheia de ginástica e de mudanças radicais de contexto. Ao mesmo tempo que geria um trabalho corporativo, muito ligado à formação de pessoas, tinha este lado esotérico para gerir. Hoje é muito mais aceite dentro da sociedade e das próprias empresas, porque, “mas há 30 anos, tudo o que fosse bruxaria era encarado com revirar de olhos”.
Não era fácil. “Estava num workshop de escuta ativa e depois estava a dar uma consulta de astrologia. Era um roda o botão e adota outra linguagem”, diz. “Havia uma parte de mim que estava sempre a esconder.”
Era cansativo e foi assim até há bem pouco tempo, quando, há uns meses, tomou a decisão de se dedicar exclusivamente aos mapas astrais e às pessoas que escuta. Mas a decisão custou-lhe: “Há uma parte da comunicação que eu gosto de fazer. Eu estou nas coisas porque gosto de as fazer. Não é por causa do calendário ou fazer dinheiro. Custa sempre quando fechamos uma porta.”
É a primeira vez que vive exclusivamente da astrologia e, apesar dos riscos, vai sempre em frente. Esta é a grande lição: “Se não der resultado? Logo se vê. Não sou angustiada pela incerteza. Nós vivemos permanentemente na incerteza. Vou fazer o meu melhor, porque sei que faço bem. Janto menos fora, vou menos ao cabeleireiro. Mas não faz mal, porque sou uma mulher de gostos simples e sou resiliente. E é isto que eu gosto de fazer: de ter alguém sentado à minha frente, a falar de si, do que a incomoda, porque é que sozinha não consegue dar a volta ao assunto.”
O Império Perfeito de Catarina Antunes
Quem é que procura a Catarina Antunes? Pessoas nos mais variados contextos. “Há crises, situações pontuais, procura de caminhos”. Depois, também há consultas de navegação, que são uma espécie de follow up, caso tenham surgido novos elementos, novas dúvidas ou porque se pretende um acompanhamento mais regular.
Nunca há dias em que não me apetece ouvir. Quando ouvimos alguém essa pessoa ouve-se a si pela primeira vez. É uma alegria cá dentro
Tudo começa com um mapa natal, que a Catarina Antunes constrói com base em dois dados simples: data e hora de nascimento. Daqui surge um sem-número de variáveis, calculados com base na posição dos planetas e outros corpos celestes na hora em que nascemos, que dão informação sobre as características da pessoa que, na conversa, são analisadas na forma como se manifestam. Expostos os problemas ou situações, a Catarina elabora um plano de acção, com base no que é conversado, na pessoa e nos possíveis estados futuros que o mapa fornece.
Não esperem adivinhações absurdas, milagres, poções e antídotos. Esperem por luz, por clareza e perspetivas de rumo. Podem ainda surpreender-se com as informações que um mapa natal fornece, tanto para a frente, como para trás. Mas não se esqueçam: apesar do signo, do ascendente e das posições dos planetas e dos astros determinarem parte da nossa personalidade, a forma como vivemos estas características e aquilo que aconteceu na nossa vida molda-nos.
Para terminar, um pormenor muito importante. Numa sociedade marcadamente “vazia de afetos”, poucas pessoas terão a capacidade e gosto da Catarina para escutar. Escutar, aliás, o que a faz sentir-se viva. “Nunca há dias em que não me apetece ouvir. Quando ouvimos alguém essa pessoa ouve-se a si pela primeira vez. É uma alegria cá dentro.”
Eu sou muito grata por ser ouvida pela Catarina. E achei que o mundo merecia conhecer esta mulher.
Curiosos? Aqui ficam os contactos: 937617777/ imperioperfeito@gmail.com
E agora, a história da Francisca Guimarães, a luta contra a acne e o encontro com o equilíbrio.
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Quantos de nós passa por estas fases menos boas em que precisa de apoio.
Vivemos num mundo muito pobre de afetos.
Gostei de ler este testemunho.
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