eu sou daquelas mães maricas que não suporta o choro dos filhos. na verdade sou pouco tolerante ao choro em geral, característica que herdei do meu querido pai. confesso-me capaz de ceder em muita coisa para não ouvir os meus filhos chorarem, confesso que compro apenas as guerras que posso ganhar. mas também confesso que sou muito dura quando o choro não tem qualquer razão. depois há o choro necessário, como hoje em que, ao terceiro dia, ficaste a gritar por mim porque faço questão de manter a regra em que acredito – dizer a verdade e nunca desaparecer às escondidas. sei que os processos de independência provocam algumas dores mas também sei que são necessários. neste momento recordo as palavras do V. que me garantia que as crianças que aprendem a lidar com a frustração são adultos mais felizes, menos dados às depressões existencialistas que tão bem conheço. posso culpar o meu pai que não aguentava ouvir-me chorar. e posso fazer tudo para ser diferente. respiro fundo, digo-te até já e repito baixinho – para evitar o meu choro – que o meu regresso construirá a tua segurança. confesso, sou uma maricas.
Recebe um abracinho apertado desta maricas.
O meu Afonso vai mudar de creche e eu tenho chorado quase todos os dias por lhe tirar o que ele conhece, apesar de ser com o objetivo maior de lhe dar a minha presença muito mais tempo.
Mãe sofre em dobro com cada lágrima de um filho…
Esta foi a minha experiência e os próximos dias são vividos com ansiedade e coração apertado… espremido.
é só uma experiência no meio de tantas, esta é a minha. não tenho intenção nenhuma com isto, a não ser a de partilha consigo e com quem a lê.
Foi para a escola a primeira vez aos 3 anos. Opção nossa, pensada e acordada entre os pais. A nossa proximidade, alguma flexibilidade de horários, o querer manter o controlo, o querer prolongar o colo e mimo de avós que ambos (pai e mãe) nunca tivemos o privilégio de ter. Quisemos dar-lhe tudo isto.
O dia chegou. E pensei exactamente como disse Catarina, e faço como também disse… "Vou, mas volto logo para te vir buscar e irmos para casa." Repetido na forma mais assertiva que os nervos me deixaram. Repetido com a convicção que não quero que ele seja como eu.
Hoje sei que a ansiedade que vivo e sofro, foram angustias de separação desvalorizadas…entendidas como "manhas", choros sem razão. Hoje sei. E por saber, tento ao máximo evitar que ele passe pelo mesmo.
Desde esse dia que o deixei pela primeira vez no desconhecido que era para os dois, a escola, que chora sem excepção quando o deixo. Mesmo que todos os dias lhe diga sem excepção "até logo príncipe brinca … diverte-te e aproveita. Logo estou aqui." E sempre que esta resposta em tom de pergunta é feita: "e se tu não podes?",ao que eu respondo: "vem o pai, a avó ou o avó"… nem isso o consola.
… Todos os dias chora. O que mudou estes 3 anos? Cresceu, e com o crescimento a capacidade de conter o choro. Mas as "borboletas na barriga da manhã " essas, estão lá na mesma.
Ainda não começámos este ano, faltam alguns dias
…depois de manter a abordagem, depois de mudar algumas variáveis, este ano decidimos que como pais temos de fazer mais por ele.Que os três vamos ultrapassar este "medo" e procurar quem nos ajude. Por ele e por nos.
Não sei como é com outras crianças, a não ser o que a vista alcança,mas sei que custa ve-lo assim. Este ano procuramos ajuda. Vai ser um ano importante. Espero que melhore.
um beijinho
Gosto de ler estes relatos. Fiz exatamente o mesmo com ambas "as minhas crias". E hoje, com 9 e quase 13 anos, gosto de os ouvir manifestar a confiança que têm em cada palavra e promessa minha.Ambos afirmam que a mãe nunca mentiu, e isso faz-me acreditar q ter-lhes dado sempre a verdade, nomeadamente referências, como por exemplo:"venho depois do lanche", ajudou imenso. Os nós apertados na garganta, o choro deles…acabaram por valer a pena.
obrigada por todas as partilhas Catarina e Felicidades