acordar noutro lugar. *
está muito frio e tento destapar-me o menos possível. o edredon é branco, enorme e muito fofo. os lençóis são imaculadamente brancos e do algodão muito macio. tudo naquele quarto é branco excepto os livros e as revistas que deixei pousados no chão. e a caneca de chá de erva doce que pousei perto da cama antes de adormecer. mesmo ao lado dos óculos que devo ter tirado enquanto dormia porque me magoam atrás da orelha. já consegui destapar os dois olhos. devem ser quase 7 horas. procuro o telemóvel no meio da cama. perco sempre o telemóvel no meio da cama. destapo-me e saio da cama rapidamente para não ter tempo para arrependimento. consigo não derrubar o resto do chá nem pisar os óculos e corro para a janela. está sol e a geada da noite derreteu e molhou o chão. vejo alguns miúdos que já saíram de casa e caminham com pesadas mochilas para a escola. visto-me, calço os ténis e levo música, mais para aquecer as orelhas do que para fazer companhia. vou correr. no regresso passarei no mercado para comprar fruta fresca e qualquer coisa para almoçar enquanto escrevo na pequena mesa que está encostada à janela.
* hoje [também] escolhi uma proposta curta porque a cabeça não está a dar para mais.
já aceitei o desafio, vou postar no blog a cada 7, depois deixo-te o link e estou a gostar muito!! Bj
Acordo. O despertador ainda não tocou. Não há sono mas há preguiça de levantar. A cama está quente e acolhedora, não estás cá tu para ter calores e o edredon não ocupa só meia cama mas a totalidade – que é minha. Não há nós nesta cama. Só há nós em fugas de desejo. Não há nós de dormir. Não há porque é confuso acordar e continuar sem saber se o mais certo é deixar-te voar ou quer-te só para mim sem voos. Acordo. mas não me levanto. hoje fico na cama a fingir que o mundo não existe. dizem que sou igual à minha bisavó quando há problemas…mas ela lá sabia e bem. Ás vezes é preciso acordar e estar um dia todo na cama a fingir que o mundo não existe. O corpo ganha genica para o dia seguinte; sabe que há problemas. No meio do branco e dos tecidos a mente racionaliza. Decide que o melhor é deixar-te voar. Que o melhor é esta cama só minha e não nossa mas tu és feliz ao invés de uma cama só nossa e tu infeliz. Vais voar por mundos sonoros. E eu vou acordar, ser egoísta e viver para mim também. A cama que é nossa…será quando o mundo quiser. O despetador toca. Fico na cama o dia todo hoje. A mente racionaliza, o corpo ganha genica. Amanhã começo a viver desta nova forma – vais voar."
#desafio642
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