Li este post da Jessica Atayde (de quem gosto muito e acho que tem contribuído imenso para acabarmos com certos tabus) e reflecti sobre esta urgência de voltarmos a ser quem éramos antes de termos filhos.
Acredito que, num ponto de vista mais básico, queremos voltar ao corpo de tínhamos. Independente das modas ou “fitezas” desta vida queremos a sensação de pertença. Eu passei por 3 partos naturais sem epidural e depois da expulsão existe uma sensação de retorno, tão forte e tão impactante que explica todas as sensações que virão.
Gostamos daquela visão romântica e leve do corpo da grávida, a beleza, as formas. Mas, convenhamos, do ponto de vista biológico e uma transformação brutal. É uma vida ser criada dentro de outra vida. É aquilo que mais se aproxima do milagre mesmo para quem não acredita neles.
Há um tempo de recuperação físico, diferente de mulher para mulher ainda que com mínimos em termos fisiológicos.
Mas isto de parir é muito mais que corpo. Fabricar um cérebro tem que ter consequências no nosso.
Arrisco escrever que o melhor é também o pior: gerir as sensação de um amor que nos ultrapassa. Más notícias: isso nunca passa. Uns dias é maravilhoso, noutros é tão claustrofóbico que dá vontade de fugir. Junta-se à vontade da fuga a culpa de querer fugir. Não acredito que seja apenas uma influência social. É hormonal, é aquilo que não nos permite abandonar a cria.
As mulheres têm este preço a pagar pelas suas características de deusas: são um festim de hormonas. É melhor aceitar o facto e saber lidar com ele. Podemos viver estáveis dentro das nossas instabilidades.
Regressemos ao motivo deste post. Podemos voltar a tudo o que fazíamos antes de sermos mães. Depende da organização, da sorte, do dinheiro e das voltas que a vida dá.
Podemos voltar a fazer tudo mas nunca voltaremos a ser quem éramos. É tomar nota num post it gigante e não ter filhos na próxima vida!
Parabéns pela forma como aborda todos os temas!
Um enorme bem haja por, sem rodeios, dizer as coisas tal como são! Sem ilusões!
Sou mãe de duas crias… Uma de 6 anos e outra de 14 meses!
Ainda por aqui anda o festim de hormonas!
Ah! Podemos ser o que éramos… Mas sem nunca esquecer que agora temos corações que nos batem fora do peito… Eu tenho dois! E um amor que nos ultrapassa! Que se multiplica a cada filho que nasce!
Beijinho.
Nunca mais seremos iguais. Mesmo que voltemos ao “físico” de antes.
Acho de uma importância extrema falarmos sobre esta mudança como algo natural. Passados 2 anos, voltei ao mesmo corpo, aos mesmos jantares com as amigas, aos mesmos orgasmos, à mesma dinâmica de trabalho, ao mesmo gosto pela leitura…. Voltei a tudo mas acho que nunca irei voltar a ser quem era, a mim própria, ao meu próprio mundo. O meu coração deixou de ser só meu e o meu cérebro deixo de ser desligado para ter um alarme sempre ligado. Não é mau, é “apenas” um novo estado de amor eterno e louco. Tenho pena que não se fale mais sobre isto. Parabéns à Catarina e à Jessica pela abordagem.
Não voltamos a ser nós….não voltamos a ser quem já fomos um dia.
Podemos fazer as mesmas coisas…mas não serão a mesma coisa.
Uma mudança que é preciso aceitar….e demora!!(pelo menos para mim demorou)
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