Eu sei que, na maioria dos casos, não é preciso viver a situação para podermos opinar sobre ela. Mas também sei que, na mesma maioria dos casos, há coisas que só passando por elas é que sabemos (mesmo) do que estamos a falar.
Ninguém sabe o que se sente quando um projecto de vida falha até passar por isso. Ninguém sabe o medo que as nossas decisões pesem na vida dos nossos filhos até passar por isso. Ninguém sabe a angústia de imaginar como vai ser em casas separadas, em tempos restritos, até passar por isso. Ninguém sabe o que se sente nas primeiras vezes que um filho não está, que foi dormir a uma casa que não conhecemos, até passar por isso. Ou não saber quando se vai ver um filho outra vez porque a pessoa com quem o fizemos boicota ou dificulta a relação. Ninguém sabe a dor de quando as coisas correm mal. E mesmo as dificuldades de quando tudo corre bem.
Há muita gente a opinar sobre o assunto, especialistas que garantem que esta ou aquela solução é a melhor. Há muita gente que garante que daquela forma os miúdos estarão melhor. E só quem passou por isso sabe todas as culpas que já existem para gerir. Quanto mais a culpa que todas as pessoas, cheias de certezas nos fazem sentir.
Não tenho qualquer dúvida que ser mãe e pai faz sentido a tempo inteiro. E, supostamente, é como um todo que seremos sempre mães e pais. Mas e quando as coisas obrigam a que o tempo seja dividido?
Depois da separação os filhos devem ficar com o pai ou com mãe? Existe uma fórmula perfeita?
Não! Não existe. Cada caso é um caso, cada família é uma estrutura única, cada história tem pormenores específicos e preponderantes para a solução.
Tenho apenas uma única certeza: os filhos merecem todos os esforços, todas as racionalizações, toda a capacidade de sermos apenas mãe e pai e não pessoas magoadas, ressentidas, baralhadas e angustiadas.
Nota: A família naquele momento sabe muito pouco. Eu escrevi que cada família é um caso. Não que sabem a solução. Sabem apenas o que sentem.
Foto: Marta Dreamaker



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Muito bom!
É verdade…em todo o processo encontrei imensas pessoas cheias de teorias e grandes certezas, mas melhor, encontrei muitos comentários que eu é que complicava um sistema tão simples, separação, tempo com o pai, tempo com a mãe e está tudo resolvido, como se fosse fácil…
É realmente muito complicado, se sem passar por isso já imaginávamos que era complicado quando passamos ganhámos a noção que é muitíssimo complicado. Temos um instinto protector que temos que acalmar, o nosso filho saí do nosso controle para uma casa, rotinas, programas em que não mandamos nada, para conviver com pessoas que nem conhecemos…
É essencial o respeito pelo próximo, digo sempre que respeito ao máximo o pai dos meus filhos porque os meus filhos merecem e é isso que as pessoas às vezes se esquecem quando brigam e faltam ao respeito ao outro…
Temos que aprender a gerir tantas emoções, saber o que é melhor para os nossos filhos mas também queremos que nos respeitem, queremos ceder e encontrar meios termos mas também não queremos que nos passem por cima e nos deixem a sentir inseguras na nossa posição de mães.
É muito difícil e sim, cada caso é um caso e muito se generaliza, que é bom assim, que é bom assado e pouco se pensam nas crianças no seu caso particular e os pais, às vezes, também pensam pouco…
Nenhum processo de separação é fácil por muito que até os pais fiquem amigos. Na verdade qdo tudo muda p o universo da criança…tudo tb se torna uma nova oportunidade para eles e para nós pais. Acima de tudo, na minha óptica, para quem passa pelo processo, é preocupar se em estar e ser presente na vida da criança e procurar não agir com o ego. Porque os egos não são adjuvantes em processos destes. Teorias há mtas, mas a orgânica diária da criança inevitavelmente será quebrada, no entanto estes pequenos são incríveis e muitas vezes surpreendem pela sua incrível capacidade de adaptação. Da minha experiência num processo de separação, o que mais suavizou o impacto na criança foi a boa relação que eu e meu ex marido mantivemos e isso faz toda a diferença, pq ninguém passou para a criança energias negativas ou tensão. Tudo o resto foi a natural adaptação da criança e dos pais às novas rotinas, nova casa, novas logísticas. Quando o Amor está lá de ambos os pólos (pai e mãe) tudo se torna menos dramático.
Eu queria saber como fazer quando os pais se separaram e o filho de cinco anos não quer ficar com a mãe quer ficar com o pai esse caso está acontecendo com o meu irmão a criança está começando ter febre não quer ficar de jeito nenhum com a mãe
Palavras sábias, emocionalmente inteligentes e generosas como é tão necessário!!!