Eu sou de economia, não deixava isto sem um balanço.

Logisticamente o ano muda em Setembro, é nessa altura que refazemos horários, trocamos o verão pelo regresso à escola e às rotinas. A minha passagem de ano, com jeitos de fogo de artifício acontece na Festa do Avante. Então, como eu sou de economia, não deixava isto sem um balanço.

Ainda assim, sem pressão de comemorações nem garantia que esteja acordada à meia noite, gosto desta ideia de “passagem do ano”. Gosto de todas as desculpas para fazer balanços e lista de resoluções. O que muda de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro: nada! O que pode mudar, neste ou noutro dia qualquer do ano: tudo aquilo que fizermos por isso.

2018 é especial para todos os que nascemos em 1978. Daqui a menos de três menos faço 40 anos. Sendo eu uma eterna adolescente (por isso é que nunca acabei o curso de economia) achei que nunca lá chegaria mas a verdade é que nova para sempre só na cabeça.

Regressemos a 2017, que naquela piada fácil – já foi no ano passado. Em 2017 vivi o inferno e o paraíso ao mesmo tempo e senti-me exausta por ter que gerir isso. O primeiro semestre foi verdadeiramente desvastador. Este blog é um diário público e mesmo que parece que nos expomos na totalidade há uma parte da intimidade sobre a qual não podemos escrever.

No início do ano, depois do Pedro voltar ao trabalho – e ficar ligeiramente em pânico como expliquei aqui, e com uma conjuntura complicada, percebi que não conseguia dar conta de tudo. Trabalhar sozinha é um exercício solitário e nem sempre conseguimos ser auto-suficientes ou lidar com essa solidão. Em 2017 passei a ter uma equipa, que é o mesmo que dizer que a Ana vale por muitas. A Ana é a parte do cérebro que me falta. Podia dizer que ela é a organização que me falta mas não é nada disso: a Ana foi a criatividade que não estava a acontecer. A Ana obrigou-me a organizar o trabalho e a não desistir da escrita. Ainda não tinha tido oportunidade de lhe agradecer publicamente mas aqui fica: sem ti o blog teria ficado moribundo há um ano. Obrigada por tudo. Gosto muito de ti.

Em 2017 vivi para a família. E em muito momentos esqueci-me de mim. Arrependo-me zero, foi absolutamente necessário. Tentei compensar isso mantendo o treino presente na minha rotina mas não foi suficiente. O cérebro a mim, a ansiedade, a sensação de não estar a conseguir chegar a tudo leva-me a comer de forma compulsiva e detesto isso. Julguei há uns anos que reconhecer o problema bastaria para ganhar a guerra mas sei que não é assim. Estou muito melhor, muito mais consciente, mas há um caminho por percorrer.

Nos últimos meses de 2017 as coisas serenaram muito e sei que nos próximos meses vou conseguir uma gestão mais equilibrada. Foi duro mas não poderia ter sido de outra forma.

Eu e o Pedro casámos, depois engravidámos e ficámos extasiados com uma bebé recém nascida. Os meses de licença do Pedro foram uma espécie de paraíso. Janeiro foi o embate com a vida real, com três filhos, e os horários caóticos do Pedro. 2017 foi o nosso embate com a vida real. Escrevo “nosso” porque no meio de todas as durezas deste ano foi no teu peito que encontrei o lugar para descansar. E descobri que não há mesmo nada que seja tão doce e tão apaixonante como o momento em que enroscamos os pés a meio da noite. Obrigada meu amor.

À minha família, à minha mãe e aos amigos que são muito mais do que isso, que se contam pelos dedos das mãos e basta, obrigada também, apenas por existirem. Somos família e os nossos filhos são primos-quase-irmãos. E isso é tão bom.

Em 2017 reforcei a importância das pessoas que estão a ler-me. Principalmente porque senti que me aceitam como sou: cheia de defeitos e contradições.

Os desejos – que ontem foram com bagos de romã porque não encontrámos passas, ficam para amanhã.

 

 

em 2017 aprendi a gostar de café, tal era o desespero.

 

 

 

 

 

 

 

12 comentários em “Eu sou de economia, não deixava isto sem um balanço.”

  1. Feliz ano novo catarina! Desejo-lhe tudo de bom e como sou grande fã do que escreve e do seu blog, só espero que continue como o faz. (Sem parecer grande stalker) ficarei cá a acompanhar todas as suas histórias, boas ou más 😉 felicidades
    E bom ano de 2018 🙂

  2. Bárbara (gillylunae)

    Feliz ano novo!
    Quero chegar aos 40 assim como a Catarina (faço 32 este ano). Na minha opinião o seu blog (mas até sigo mais o instagram) é o melhor e mais honesto blog de maternidade!
    Beijinhos

  3. Pingback: O que quero para 2018? Saúde! Mas há uma lista.

  4. E também foi a Ana que a obrigou a beber o café em frascos? Ai, não, espera, essa parte deve ser mais uma modernice qualquer, uma coisa supé bem.

  5. Olá Catarina faço 40 anos HOJE!!!!

    São 7:27 e estou na Disneyland com os meus 3 filhos de 11, 8 e 2 anos

    2017 foi um ano duríssimo. Acho que queimei o fuzivel várias vezes. Cansaço, muito cansaço. Desespero com o trabalho e aquela culpa e sensação de impotência por não se chegar a tudo e a todos.

    Espero do fundo do coração que 2018 seja melhor, mais tranquilo especialmente para as nascidas em 1978 🙂

    40 anos… meu Deus… o que vale é que não pareço nada hahaha.

    Beijinhos

  6. Maria Ferreira

    Não sou Mae. Nem serei por opcao.
    Mas tenho que confessar que a acho muito mais interessante hoje do que quando algum tempo atrás” opinava” sobre relacoes, na SIC mulher, e era toda”fit”…gosto particularmente….. do “momento em que enroscamos os pés”.
    Desejo lhe que continue assim por mtos bons e longos anos! Pois sem bem o qto nos faz Feliz…Saudades! Aguardo mais conversas c/ o psiquiatra Jose Gameiro.obrigada

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