o meu pai era de rotinas rígidas. “em equipa que ganha não se mexe” servia para tudo incluindo para a forma como se vivia cada fim-de-semana. ao domingo íamos ao cinema às 10h e comíamos salame no intervalo. a minha mãe, que teria ficado a corrigir teste em casa, e descia quando tocávamos à porta no regresso da Academia. almoçávamos no chinês – galinha com amêndoas, porco agridoce e duas doses de arroz xau xau. à tarde subíamos até ao miradouro e eu ficava a brincar na minha árvore, aquela que se transformava na minha casa, em que conseguia distinguir as divisões, ver a cama e a mesa de cabeceira. fui infinitamente feliz naquele lugar, naquele jardim, naqueles domingos todos iguais.
A árvore da minha infância é em Almada.
essa também foi a árvore da minha infância e da infância de tantas outras crianças. Sabes onde está agora? No Solar dos Zagallos
Como eu conheço bem essa árvore, a Academia aos Domingos de manhã (11:00) e os restaurantes chineses de Almada. O nosso normalmente era o da rua perto da "União Eléctrica", conforme os meus avós ainda chamam. Ai que saudades! Obrigada por esta imagem. Apesar de nunca ter passado muito tempo nesta árvore, era a minha preferida, porque era a única que eu conseguia trepar. E sentir-me forte como todas as outras crianças da minha idade e que trepavam a qualquer árvore. Eu sempre morri de medo de cair e magoar-me… Mas esta permitia-me ser forte!
Também sou de Almada e esses domingos de manhã no cinema eram seguidos de almoço em casa da avó paterna na rua Capitão Leitão 🙂
Escolhi Almada para viver, mas esta sempre foi a cidade dos meus avós… o palco da Academia viu nascer o meu sonho de bailarina e o chinês do M bica era ponto de encontro de almoços demorados com o meu pai… mas e o Hora Hora, lembram-se? aquilo era o Galeto Almadense! 🙂
Era a mesma árvore mas eu não a via como uma casa. Eu e a minha irmã sempre a vimos como a selva que tinhamos mais à mão… Só faltava as lianas! 😉
Essa imagem fez-me sorrir! Adorava essa àrvore e fiquei muito triste quando a levaram. Para mim era mágica. E esse era o meu local. Sentar-me a ver o rio, Lisboa a funcionar e tudo o que eu achava que lá estava guardado para mim. Tola pois agora acalento a esperança de poder vir a trabalhar também por aí. Almada velha foi o local que escolhi para viver e que não troco por nenhum outro!
Para mim ao intervalo do cinema eram as pipocas que salpicávamos nós mesmos com açucar em pó. Nunca comi outras assim!
Saudades também do cinema pertinho de casa!
Não te sabia Almadense mas realmente a tua cara é-me muito familiar. Bjs
Cátia Henriques
erambonecasdepapel.blogspot.pt
Agora vem a lição de botânica (a minha árvore também é esta – há uma enorme em frente ao prédio onde cresci e onde vivo de novo; agora é a vez dos meus filhos se perderem no seu bojo).
:))
Trata-se de uma 'bela sombra', para os peritos Phytolaca Dioica (dioica porque é uma árvore que tem os dois sexos presentes). Há também quem a chame de 'árvore elefante' pela sua morfologia gigantesca e estranha (a do Largo do Limoeiro em Lisboa é o exemplo melhor).
Diz a lenda original, das Pampas sul-americanas, que quem dormir à sua sombra fica protegido do demónio.
Acreditando-se ou não nisto (parece que também faz bem ao reumático alguma parte da sua seiva) é uma das árvores mais incríveis do mundo.
Ainda bem que há quem lhe preste homenagem.
Partilhei com esta árvore e com este jardim os meus melhores dias de infância e adolescência , a minha casa situada no Largo 1º de maio , a janela do meu quarto ficava mesmo em frente do jardim . Na minha “altura” o cinema era a Incrivel Almadense , e sim , aos domingos era presença obrigatória na matiné das 11h. O jardim está agora completamente descaraterizado , foi transformado num caminho para o restaurante de luxo aí colocado, usurpando aos cidadãos o direito de usufruir deste espaço de forma livre e ampla. Enfim , tal como diria un nosso conhecido humorista ” não habia necessidade” !!!