Mês: Março 2013

[mãe]

freud explica quando nos zangamos. quando eu sou bruta ou tu és maricas. ou as duas coisas ao mesmo tempo. choras com coisas tontas mas manténs-te serena em todas as catástrofes. chegas sempre a horas e aos sítios importantes [como no momento em que, de madrugada, entraste a correr na sala de partos e me …

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[silêncio]

estavam sentados com uma cadeira a separa-los. nem uma palavra. ela embalava o bebé doente. ele sorria enquanto procurava o olhar do filho. quando ela não estava a ver ele olhava-os. quase envergonhado. nem uma palavra. ela zangada mas era terno o embalar do bebé que dormia. nem uma palavra. [tarde passada nas urgências. e nada …

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[tanto mas tanto sono…]

eu tenho um lado um bocado paranóico [vários lados]. e luto bastante contra eles para que não tomem conta da minha vida. as minhas ansiedades apareceram exactamente quando a minha capacidade de arrumação e organização desapareceram: quando o meu filho mais velho nasceu. antes disso a minha única ansiedade era encontrar o sentido da vida, …

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[confissão II]

algures nos meus dias eu fui naturalmente organizada, arrumada e dona de uma memória fabulosa. existem provas: os meus cadernos da escola, as minhas agendas em três cores tão perfeitinhas, até existem fotos. e eu lembro-me. juro que me lembro. acho que perdi todas essas capacidades há mais de dez anos quando o meu filho …

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[meu pai]

foi assim. até ao último segundo. em que te toquei na cara. gelada. fazes-me demasiada falta. e nestes dias em que as memórias são demasiado fortes, dói muito. há onze anos passamos este dia no hospital. há onze anos pedia, pedia vezes sem conta, que saísses dali. mas já sabia que não saías. era evidente. …

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