Eu faço imensas birras de sono (também amuo bastante mas isso é outra conversa).
Em pequena fazia quando a minha mãe me acordava. Mais velha – ainda que sempre adolescente – faço birras à noite. Acho que não fiz birras de sono entre os 18 e os 24. Por isso, quando ia para a Rua do Quelhas era o meu pai que me acordava. Davamos a mão, mas faziamos o caminho da Rua das Flores até ao Terreiro do Paço em silêncio. Quando vivi com a Joaninha as manhãs eram igualmente vividas em silêncio. Acho que as birras silênciosas não são birras.
Depois da maternidade ter levado o meu despertador natural e o ter trocado pelo despertador de outro ser que, por muito que o ame, não tem os meus horários, tenho sempre sono. Eu faço imensas birras-de-sono é por isso que sou totalmente solidária com as birras-de-sono do meu filho. É por isso que não o chateio demanhã nem quando, depois de jantar, começa a esfregar os olhos. Atenção: não sou permissiva mas sou solidária.
Esta manhã – pondo à prova as minhas tonturas e o meu amor de mãe – o G. acordou às seis da manhã. Implorei-lhe que ficasse na cama.
A mãe não aguenta, a mãe não aguenta…
As minhas birras-de-sono de madrugada são um bocado dramáticas, confesso. Mãe, eu é que não aguento mais na cama! Por isso levantei-me, vesti-o, dei-lhe o pequeno-almoço, pus a minha roupa em cima da mesa, liguei a televisão, aproveitei a minha birra para dobrar roupa e adormeci no sofá. Mas quando acordei (8h30), a birra tinha sido totalmente transferida para a pequena criatura com quem partilho o lar.
– Vamos embora G.!
– Quero ir para a cama!
– Não tenho culpa que tenhas acordado às seis da manhã. Anda…
(gritos)
– Eu quero dormir um bocadinho!!!!
Peguei-lhe ao colo e sussurei-lhe:
– Eu desculpo porque sei o que custa uma birra-de-sono. Vamos…
Nas escadas – de mão dada em silêncio – olha-me:
– Mãe…
– Diz…
– Não se volta a repetir.
(deixa lá filho, mesmo que se repita, eu compreendo.)
Eu não sou permissiva. Sou solidária.
As fotos (fabulosas) são de Dani Brubaker . Cheguei lá através de fotos tão boas como estas.
Eu tb ainda faç birras de sono… estou solidária convosco.
O meu de manhã “estou maldisposto, preciso de dormir mais um bocadinho”. Prometi-lhe q amanhã pode dormir tudo o que quiser. Amanhã às 10 para as 7 há-de estar completamente acordado.
percebo-te tão bem….até ser mãe de manhã não abria a boca até terem passado mais ou menos duas horas (era o tempo que o meu cérebro demorava a ligar e função fala e ouvidos) custava-me horrores, depois não sei porquê, olha, passou-me. Mas percebo-te
Que mãe amorosa que tu és!! Os teus posts são uma delicia.
Compreendo muito bem essas birras. Nem ao fim-de-semana tenho direitos. Mas faço batota – levanto-me e deito-me no sofá e vou dormindo, com um olho fechado e o outro aberto em modo controle de traquinices. O que me vale é o canal Panda. Ah, é um sossego…!
Não posso falar sobre este tema…acordo com toda a força do Mundo. Acordo mesmo! E os meus descendentes, 4, são iguais…
Bjks
adoro ler-te