É inevitável repetir esta foto (mesmo que tenha nove anos). Há uns anos, depois de mais uma pseudo relação que não deu em nada anunciei ao Gonçalo que ia ser solteira para sempre. Ele olhou para mim, com uns 60 anos em vez dos 11 de idade que tinha.
– Não mãe, tu vais ser feliz. Se tu estiveres bem, nós estamos bem.
Talvez esta frase resuma este filho na minha vida. Fui mãe aos 24 anos. Era uma miúda. Fui mãe solteira durante mais de 14 anos.
Foi o Gonçalo que me deu coragem para ter o Afonso. Foi o Gonçalo que me ensinou a não desistir. Foi o Gonçalo que me obrigou a aprender sobre auto estima, a deitar fora a balança, a parar de ser crítica. Foi o Gonçalo que esperou horas numa redacção porque eu queria ser jornalista. Que ficou em silêncio enquanto escrevi o meu primeiro livro. O Gonçalo sabe quando estou mal de finanças, sempre soube. Foi o Gonçalo que me segurou a mão em tantas compulsões. E que me ajudou a ter calma quando percebia que eu estava a ver germes. É o meu miúdo, o meu filho que ficou grande. Aquele que pede desculpa e diz amo-te. Sempre que necessário, sem orgulhos ou parvoíces.
Há 12 anos quando mudámos para Lisboa eu já sabia que o teu lugar era longe de mim. Foi esse o percurso que apoiei.
Deixa chorar tudo aqui no café enquanto como uma fatia gigante de carrot cake e já vou dar-te um beijo de até já. Nota: prometo que a mariquice acaba dentro de umas horas. Temos uma mudança e uma casa para acabar de construir.
Não sei se sabem, mas o meu filho foi estudar para fora.
Post publicado no Instagram. Obrigada por todas os queridos comentários.