youtubers

Eu vejo os youtubers “tontos” como uma forma de liberdade

https://www.facebook.com/paginadaanagalvao/posts/10156009738283252

 

A propósito da estreia do Afonso no Youtube disseram-me para ler um post recente da Ana Galvão. Em resumo aquilo que a Ana Galvão diz é que não entende o fenómeno dos youtubers – fazem videos em que não dizem nada de jeito, alguns são um disparate completo, gritam como se o mundo fosse acabar e outras questões que não acrescentam nada de positivo à educação de uma criança.

Eu concordo (e concordo mesmo em muitas cosias que a Ana Galvão disse). Não entendo os youtubers. Da mesma forma que a minha mãe não percebia porque é que eu comprava revistas em alemão quando nem português falava ainda decentemente. Como a minha mãe nunca perceberia porque fazíamos chamadas anónimas a dizer disparates para números aleatórios da lista telefónica. Como a minha avó não entendeu tanta coisa na infância e adolescência da minha mãe. Há fenómenos que são geracionais. Faz parte. Os nossos filhos crescem num mundo completamente diferente do nosso. Os nossos pais cresceram num mundo diferente dos pais deles. Faz parte.

Há muita merda? Há sim. Os meus ídolos de criança a crescer eram todos cantores  toxicodependentes e modelos anoréxicas. Há sempre merda. E coisas boas.

No entanto, eu vejo os youtubers “tontos” como uma forma maravilhosa de liberdade. No meu tempo existiam os populares e não populares. Já perceberam que muitos destes youtubers são os não populares do nosso tempo? E são populares, e têm sucesso. Não são desportistas, não são magros, não são os mais bonitos mas podem ser uma referência. Eu acho isso libertador.  E digo-vos, no feminino, que existem um mundo de empoderamento de raparigas adolescentes que não se enquandram nos padrões dito de “perfeição” e que contribuem imenso para as questões da aceitação.

Acrescento: ser youtuber não é dinheiro fácil. Os tais miúdos, independentemente da qualidade do conteúdo, passam muitas horas a editar vídeos e a procurar temas. Assim como fechar parcerias (e receber o dinheiro) dá bastante trabalho.

Se o Afonso quer ser youtuber, que queira, Entretanto continuará a ter espaço para brincar, folhas para desenhar, jardins para correr, e estimulo para experimentar outras coisas.

E principalmente terá a mãe por perto para ir percebendo o que ele vê na internet para podermos conversar sobre isso.  

Nota: no instagram acrescentei alguns pontos fundamentais a este post.

 

 

 

25 comentários em “Eu vejo os youtubers “tontos” como uma forma de liberdade”

  1. Paula Sofia Luz

    Catarina, revejo-me em cada linha que escreveste. Muitas vezes sei que sou apontada por ser “aquela mãe” que mostra os filhos nas redes sociais (ou melhor, a filha, porque aos 18 o João é dono do nariz dele e…), que é leviana por isso. De modo que é bom saber que não estamos sozinhos no mundo 🙂

  2. 100% de acordo, o YouTube é uma forma libertadora de apresentarmos aquilo que gostamos de fazer, que queremos dizer, ensinar ou denunciar… E muito mais, é uma oportunidade para todos terem os seus 15 minutos de fama sem ter de vender a alma.
    Adorava ter o meu canal, a minha filha com 6 anos também quer, se um dia perder a vergonha faço 😀

  3. Concordo contigo Catarina. A minha filha de 9 anos também segue youtubers (que eu também vejo para saber o que ela vê) e sabe muito bem distinguir o que é ver, assistir, divertir-se com aqueles disparates e o que não é para repetir. Isso porque já tive muitas conversas com ela sobre isso e ela sabe fazer a distinção. Não vale a pena restringir mas sim ensiná-los a distinguir o bom e o mau desse mundo.

  4. Concordo com o que Catarina disse,o nosso mundo é, em absoluto, diferente do das nossas crias.
    Mas também com o que a Ana Galvão expressou.
    Há uma série de ( esses si, tontos ) miúdos que pretendem, idealmente ( e não estou a dizer q o consigam sempre,longe disso )…. ter o MAIOR n.° de seguidores, porque lhes traz fama, dinheiro… o que seja, dizendo meia dúzia de coisas,algumas barbaridades e…. na maioria das vezes, perfeitas idiotices.
    Mas…NÃO obrigam ninguém,caramba!
    E o Afonso é o you tuber MAIS querido de TODA a web!
    E se isso o faz feliz, bora lá Afonso!
    Já tens uma grupeta para te seguir.

  5. Muito obrigada por este texto. Não discordo de coisas descritas pela Ana Galvão , mas já me sentia um allien por deixar os meus verem .
    São exagerados , são. Dizem muitas asneiras, lógico.
    Mas é exactamente o que disse…
    A nós cabe guiá -los o melhor que pudermos.
    Mas a sério :uff…obrigada!!

  6. Bom dia.
    Ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto ” youtubers” mas depois da actual polémica em que o Nuno Markl levantou, falei com a minha filha de 10 anos que adora todos os youtubers, sobre o tal video e responde-me ela: – oh mãe aquilo foi um bocado parvo e eu jamais iria dizer.te uma coisa assim…mas sabes são só brincadeiras, não fazem mal a ninguém”
    Depois de ler ao post da Catarina também eu me lembrei da minha infância e de todas as coisas “menos próprias” a que tive acesso sem que os meus pais soubessem !!
    Por isso cada um em sua casa que decida.A minha filha vai continuar a ver os seus youtubers preferidos

  7. Ok… eu acho que anda um bocadinho alheada da realidade… Sim, é liberdade, mas pense bem se acha bom sinal que essa liberdade seja um dia exercida pelos seus filhos (não sei muito bem se tem um ou dois). Da parte de uma mãe advogada e formadora que lida com o melhor e o pior das pessoas, e com o melhor e pior da adolescência, fica o conselho para abrir um bocadinho mais os olhos.

  8. Quando e se o Afonso se tornar num dos maus exemplos, que a Ana Galvão e Nuno Markl falam, mantenha a mesma opinião. O que está em causa não é ser youtuber, o que está em causa é o conteúdo. Sobre a exposição de crianças, como alguém falou acima, a própria Polícia não recomenda, mas deduzo que o facto de se ser mãe, torna-nos um expert em determinados assuntos.

  9. Catarina, fui eu que recomendei (e não “disse para ir ler”, que em linguagem caixa-de-comentários tem quase sempre uma conotação mais bruta) a leitura deste post.
    O que a Ana Galvão, o Nuno Markl, investigadores de ciências sociais e humanas, psicólogos, professores, etc.,dizem e falam, não é apenas isso que realça neste post. É o facto de estarmos, sem travão, a alimentar um modelo em que likes e shares valem muito e cada vez mais.
    Em que cada vez mais os indivíduos querem ser lidos, vistos, comentados.
    Se isto é mau? Na origem, não.

    Mas se pensarmos a sério nas coisas – e foi nesse sentido que recomendei a leitura do post, não no sentido de crítica – isto não é bom. Estamos cada vez mais dependentes da aprovação dos nossos pares, só que a um nível mais global. Os pares não são os colegas, os amigos ou os putos fixes que gostaríamos de ser, mas os milhares de users que nos seguem.
    O que estamos a deixar crescer, com o bom e o mau mas sem pensar muito nisso – “é a internet, não é nada a sério” – é um modelo em que o mérito e a reputação se constroem quase sempre na visibilidade e nem sempre na qualidade. Um modelo onde aprendemos (nós, os influenciadores) o que é SEO, o valor que tem em termos de replicação um post que comece com “os 10 mais”, em que somos patrocinados por marcas para as quais o número de leads (muitos posts não são publicidade, são “afiliate posts”) conta. E que nos pagam por isso.
    Ora nós somos crescidas, e não vamos sofrer com o “síndrome do Zé Maria”, em que o indivíduo fica desorientado com a perda da visibilidade. Mas as nossas crianças não.
    Não falo do seu filho, que tem pais conscientes e que saberá que um abraço vale mais que 100 likes. Mas já assisto, no trabalho do dia-a-dia, a situações em que crianças e adolescentes vivem dependentes da aceitação da turba. E que não entendem que se aqueles são famosos é porque têm por detrás deles uma máquina muito bem oleada. Acham que basta ser bom para ser famoso, e como não são famosos… não são bons.
    Muita coisa em que pensar.
    Este post que recomendei a leitura é apenas uma das abordagens a este fenómeno das redes sociais 🙂

    Um beijo

  10. A ver se me explico sem parecer que estou a moralizar, ofender, criticar, seja o que for. Vou misturar dois assuntos que talvez pareçam não ter nada a ver um com o outro mas têm: a tua forma de estar online e a leveza com que encaras o tema acima exposto. E repara, a minha opinião é tão (in)válida como qualquer outra actualmente, porque este é um mundo novo cujos efeitos a longo prazo só serão conhecidos… a longo prazo. A futurologia não é sequer uma ciência, portanto isto vale o que vale, vale? Concordo contigo, em parte, sobre os eternos diferendos geracionais. Não são assim tantos na verdade. Há coisas que não mudam. Por exemplo, existe uma fase inocente na infância em que as crianças não se importam de ser mostradas. Até gostam.. Existe uma fase na pré-adolescência, em que os miúdos se envergonham da inocência com que os expuseram na infância, e existe uma fase na adolescência em que os miúdos querem decidir sozinhos o que expõem de si próprios e aceitam mal que outros os exponham (isso é comum aos adultos na verdade). Toda a gente passa por essas fases, só que antes não havia internet para deixar rasto. Catarina, sou do tempo em que só te lia. E gostava. Ultimamente não gosto da forma como te expões (e por isso cada vez te vejo menos) embora te continue a achar uma excelente pessoa. Não gosto porque tenho muitas vezes a sensação que vives uma dualidade na busca da melhor forma de dar um ar fresco e juvenil à tua vida madura. Entendo que te inquiete o cansaço, que te inquietem as rugas, que te inquiete o inevitável envelhecimento. Inquieta-nos a todos.. Não gosto de me confrontar com os teus “tiques” ensaiados de pseudo-adolescente (pé tortos para dentro à lolita, ajeitar de camisola para mostrar o ombro). Não gosto dos teus ensaios de effortless que só expressam o inverso. Não gosto de ver as birras da Luísa despachadas com mais um vídeo no Panda. Não gosto da tua angústia de querer mostrar uma espécie de vida real (que faz com que não estejas presente em nenhum dos lados – nem virtual, nem real – e que só transparece insegurança pelo passar do tempo). E não gosto porque, embora sejam angustias comuns de meia-idade acredito que és inteligente o suficiente para tomares consciência delas e te reinventares, reposicionares, repensares os teus conteúdos. Percebo que este seja o teu ganha pão mas sinto-te em fuga para trás. Como se não te soubesses posicionar entre a concorrência feroz das miudinhas novas que também ganham a vida com isto e a tua própria realidade. Quanto ao vídeo do Afonso: É fofo. O miúdo é fofo, tal como a maioria das crianças são fofas. Apenas isso: um vídeo daqueles que se envia por whatsapp à família mais próxima.

    1. Sou eu. Pseudo isto é aquilo e cheia de defeitos. Pode ter razão em quase tudo. Sobre a exposição, sabe aquilo que eu permito que saiba que, acredite, é muito pouco. Mas são as consequências da expisição.

  11. Boa tarde Catarina,

    Lamento q tenha ” apagado ” o meu comentário.
    Não fui indelicada, expressei a minha opinião sobre o tema por si exposto.
    Foi de imediato publicado com a advertência de estar a aguadar aprovação.
    Pelos vistos….não passou.
    Lamento.
    Apenas.
    E doravante não mais passarei por aqui.
    Felicidades.

    Joana

      1. Catarina,
        Devo-lhe um pedido de desculpas.
        Não apagou,não senhora.
        Deve ter coincidido com a renovação do blog…..by the way…..LINDÃO!
        E não se martirize ou recrimine com TODAS as ” coisinhas ” que os pseudo máximos de TODA a GALÁXIA debitam sobre TUDO.
        É surreal o nivel de letracia destas criaturas.
        Felicidades Catarina .E saúde para essa familia linda.
        E….muitas coisas boas,tanto quanto o que peço para os meus.

  12. Tanta controvérsia! Acredito que tudo depende do uso que se faz das ferramentas que se têm. O uso que os miúdos fazem da Internet, quando devidamente acompanhado e explicado pelos pais, pode funcionar muito bem. É importante perceber que esta é a nova realidade dos miúdos. Não há como fugir. Mas podemos, e devemos, orientá-los para que, com o tempo, aprendam a usar estas ferramentas de forma consciente.

  13. Que confusão!!!! Nunca vi o Afonso sozinho a fazer um directo, a Catarina está sempre com ele, e às vezes a Maria Luiza, que vem dar um charme tão próprio.
    Oh! Minha gente hoje ele quer ser Youtuber, mas daqui a uns anos provavelmente quer ser médico.
    Pior é inscrever os miúdos muito pequenos em concursos de culinária e vê-los a chorar copiosamente porque algo lhes corre mal, ou porque perdem, ficam uns contra os outros, acho isso bem pior,.

  14. Ontem o meu filho mostrou-me os comentários de um youtuber a respeito de um programa de rádio que dá diariamente, isto a por ouvir essa rádio que era a minha preferida.
    Não gostei !
    O youtuber tem toda a razão, esse programa teve uma atitude maldosa para com “estes miudos”, revelando uma mentalidade fechada e preconceituosa !
    O progama, foi um tiro no pé para essa estação de rádio !
    Por trás de toda a sofisticação profissional, de um canal de rádio onde passa com frequência punk e rap, afinal tem por trás profissionais de espírito tão fechado como de um cofre bafiento, a música afinal só serve para mostrar que têm bom gosto, tal como uma boa roupa que se veste para parecermos melhor, escondendo um senso comum decepcionante, sendo o ponto alto e revelador quando em certa altura fazem referência ao facto de um dos youtubers também trabalhar no metro, e então ??? (Até a minha bisavó tinha ideias mais progressistas).
    Tal como diz a cantora brasileira AC, “o que não gosto é do bom gosto”, preferindo a imperfeição, a espontaneidade, o prazer, os gestos descomprometidos e independentes, até a ingenuidade, aos produtos “profissionais”,
    Passam punk mas o que vai na alma é outra coisa, só falta criticar o Trump, “a cara não diz com a careta”,

    Prefiro os youtubers ,

  15. Pingback: Reaction: quanto tempo aguento a ver estes vídeos?

  16. Pingback: Reaction: quanto tempo aguento ver os vídeos que o Afonso gosta? - Baby Blogs Portugal

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *