falei deste assunto no Não Faz Sentido de sexta-feira. a diferença entre «fazer» e «ajudar». primeiro que tudo, leiam esta crónica. é brilhante naquilo que explica.
“Segundo o dicionário, «dar existência ou forma a…, criar, realizar» é o que eu faço. Todos os dias. «Dar ajuda a…, auxiliar, socorrer, cooperar» é o que tu fazes. Às vezes.”
é isto que ocupa mais de 70% do meu cérebro. é isto me cansa e não se vê. junte a natação, a ginástica, a viola ou o piano, quem vai levar, quem vai buscar, a festa, a prenda, os testes, os trabalhos de casa, a lista do medicamentos, os de todos os dias e quando estão doentes, onde fica quando está doente e naquele dia em que os horários são diferentes, as vacinas e as consultas de rotina, as horas de deitar, as refeições, as marmitas, a máquina da roupa e a louça…
é isto que orienta os meus dias.
sei que esta é a realidade da maioria das mulheres. no meu caso, que vivi apenas com os meus filhos nos últimos 13 anos, esta era a minha realidade forçada. sei que esta é a realidade da maioria das mulheres e que a verdadeira igualdade depende que dois façam, ninguém ajuda. mas, e este mas é importante, também sei que uma parte da responsabilidade está nas mulheres. talvez seja hormonal mas, quando um bebé entra em casa, a sensação é que apenas nós sabemos fazer as coisas como têm que ser feitas. acabamos por acumular tudo em nós e afastar o pai. acabamos por assumir que nós fazemos e o pai ajuda. às vezes, quando o pai faz, faz diferente mas faz bem. às vezes temos que nos afastar para dar espaço ao pai. às vezes temos que aceitar que parte de nós mudar isto. por nós. e pelos nossos filhos. e pelas nossas famílias.
[a foto é antiga, e é da Sandra Costa.]
Olá Catarina!
A cronica do Paulo Farinha está fantástica!
Podia ser eu a escrever…mas eu não vou ao Porto a trabalho…eu não delego nada…estou lá sempre, faço tudo…
Mea culpa.
Olá Catarina, também me revejo na crónica e no teu texto. Fui criada nesta geração… de mulheres que querem a igualdade (!?). Nesta era de supermulheres. No entanto, hoje penso de outra maneira. Queria ser só mulher, sem o super! Talvez não seja só o nosso corpo que é preparado para criar (e amamentar!). Talvez também o nosso cérebro seja feito para criar. E talvez por isso não seja possível delegar. Tal como não é possível delegar a gravidez e o parto! (Bem, agora já há muitas mulheres que delegam o parto nos obstetras (cesarianas) e a amamentação nos maridos (biberão). Talvez, e só talvez, não seja possível delegar (pelo menos de forma pacífica para o nosso cérebro) os cuidados aos filhos aos pais. Talvez queiramos ser supermulheres, em vez de ser apenas mulheres. Talvez fosse bom para a comunidade que a dedicação da mulher à família fosse dignificada. Talvez fosse bom que a maternidade deixasse de ser invisível e fosse valorizada. Tenho muita pena que só tenha valor o que é traduzido por dinheiro! Ficam as minhas dúvidas existências das últimas semanas.
Olá Catarina,
Nestas viagens pela internet, após um artigo que me deixou um pouco aborrecido (sim, esse mesmo do Paulo Farinha), descobri o teu artigo no blog. Ah, já agora, parabéns pelo blog!
Gostaria que lesses também este outro artigo: http://conversa-de-homens.blogs.sapo.pt/os-pais-tambem-cuidam-dos-filhos-5987
E a resposta – brilhante – ao artigo do Paulo Farinha: https://obeissancemorte.wordpress.com/2016/01/27/resposta-a-um-misogino-androfobico-que-se-acha-feminista/
Eu revejo-me nestes dois homens que te refiro. Subscrevo aquilo que escrevem. Por outro lado, repudio inteiramente a crónica de Paulo Farinha. Mais: aquilo é linguagem de um retardado mental. Desculpa a grosseria, mas é assim mesmo, sem tirar nem pôr.
Para começar: se uma mulher escrevesse isto para mim:
” Se me ligares em pânico antes de eu chegar ao Entroncamento porque não encontras o ferro de engomar (tens de o ligar à tomada para funcionar), já sei que vão viste isto.”
Das duas uma: ou estava a chamar-me imbecil, e/ ou ela própria é uma imbecil.
Que raio de homem não sabe engomar uma camisola? Que raio de mulher casa com um homem irresponsável ao ponto de não saber preparar um pequeno-almoço? Quanto à ironia do ferro de engomar, eu ligava para a tipa e dizia: “ide gozar com a tua mamã”. Mais adiante, a mulher volta á carga, com bocas do tipo:
” TAMANHO: tens duas filhas. Uma tem 6 anos, a outra 4. A roupa maior é para a mais velha.”
Tens noção da enormidade que está aqui implicita? Se uma mulher se dirigisse a mim nesses termos, apenas a minha educação me impediriam de a mandar para um sítio escuro e mal-cheiroso… O simples facto de passar pela cabeça de uma mulher um tal tipo de pensamento, de um homem desconhecer as idades das suas filhas, e depois fazer ironia com isso é perturbador.
Eu tenho uma filha, com cinco anos, para a qual faço tudo o que é preciso, acordo, não falta nada, nem vai com roupa de verão para a escola no inverno… e nem preciso de ligar a tv de manhã nem do canal panda para ela se despachar! Tenho guarda partilhada, a minha filha passa uma semana comigo e outra com a mãe. Para que saibam: ninguém nota a diferença entre as semanas que ela passa na mãe e as que passa comigo. Ela está bem, obrigado. E Não há acidentes. Nada dessas coisas descabidas que passam pela cabeça das mães que acham que nascem com um super-poder para tomar conta dos filhos.
Raio de mania de achar que os homens são entrevados!
Fica bem Catarina, obrigado por ler o meu comentário.
Lito