mesada, semanada ou "testada"?

mesada, semanada ou “testada”?

O meu filho mais velho não recebe mesada ou semanada. Ou não recebe uma quantia de dinheiro fixa por semana ou por mês sem qualquer critério.

Cá em casa chamamos-lhe “testada” e, apesar de ser um conceito associado ao liberalismo, assumo que é uma espécie de meritocracia. Desenhei uma tabela em que cada resultado num teste corresponde a um valor monetário: caso as notas sejam medianas [a “positiva à rasquinha”] não tem direito a qualquer valor e as negativas obrigam à devolução do montante recebido até ao momento (qualquer coisa como regressar à casa de partida). Neste último casa, se já tiver gasto, fica com saldo negativo que será coberto com a próxima nota.

Defendo que aprender a gerir o dinheiro é importante desde cedo. Mas as noções de poupança e de orçamento não passam apenas pelo dinheiro próprio.

Os filhos podem ajudar as fazer as compras do supermercado – considerando um determinado valor limite, podem saber quanto é gasto em luz e água e tentar que essa factura baixe correspondendo a uma poupança que pode, por exemplo, servir para um passeio em família.

Os filhos podem escolher brinquedos que já não usam para vender como usado (não é incompatível com as brinquedos que se escolhem para dar a quem precisa) ou mesmo para trocar.

O meu filho mais velho quando deixou de usar uma determinada consola vendeu os jogos que tinha para poder comprar uma nova e mais cara (exactamente como eu tento fazer com a compra de uma peça de roupa que não seja uma necessidade).

Acho muito interessante existirem pequenas trabalhos que possam ser pagos, mas nunca dar compensações financeiras por tarefas que fazem partes das suas obrigações.

Posso pagar um valor simbólico ao meu filho mais velho para fazer babysitting ao mais novo durante uma hora em que preciso de silêncio absoluto, mas não lhe vou dar dinheiro para brincar com o irmão (mesmo que ele me agradecesse por isso).

A sua ausência de mesada ou semana não põe em causa a aprendizagem da gestão do dinheiro. Aliás, acredito mesmo que as suas alternativas ajudam muito mais a dar valor ao dinheiro.

 

Crónica Dinheiro Vivo

 

outras crónicas sobre poupança e dinheiro, para além da mesada:

https://diasdeumaprincesa.pt/2015/09/trocas-e-outras-poupancas-bom-dia.html

https://diasdeumaprincesa.pt/2013/10/tudo-sobre-trocas.html

 

4 comentários em “mesada, semanada ou “testada”?”

  1. Completamente de acordo sobre o envolver os filhos nas “contas” caseiras. saber o que se gasta em luz, comida etc. ajuda-os a aprender a perceber que há um orçamento/ordenado que não estica, ensina-os a poupar não se esquecendo de luzes acesas em quartos vazios, em banhos prolongados, etc e quando há mesadas/semanadas, se não cumprem com os “objectivos”/tarefas deles, é -lhes descontado. O meu infante de 16 anos, começa a ter uma vida social bem mais ocupada e já implica gasto de dinheiro, assim, pela primeira vez tem mesada e está a aprender a escolher porque não chega para todos os eventuais jantares e cinemas mais as poupanças para os jogos…

  2. Não concordo muito com o receber dinheiro por mérito.
    Penso que lhes poderá dar a noção errada de como “conseguir” dinheiro e parecer que o dinheiro se consegue apenas em troca de algo, e não tenho a certeza que em miúdos esse seja um conceito que lhes seja correcta e absolutamente compreendido.
    Mas é a minha opinião e cada pai conhecerá os seus filhos melhor que ninguém.
    Quando eu entrei para o quinto ano comecei a receber semanada. 100 escudos por dia. Uma moeda por dia para poder comprar um pão com chouriço na escola (além do lanche que levava de casa), que custava 80 escudos. Ao fim de uma semana sobravam-me 100 escudos (20 de cada dia).
    Quando percebi que se guardasse sempre esses 20 escudos, ao fim de um mês tinha 400 escudos no mealheiro, isso sim, foi uma lição importante para compreender o dinheiro, o seu valor, o que podia fazer com ele e como o havia de gerir.
    A primeira coisa que comprei com os meus primeiros 400 escudos foram uns brincos do Snoopy que ainda hoje guardo, porque sei o que me custaram e porque me lembra que a minha mãe, mesmo os podendo comprar, me quis dar esta lição.
    Isto é o que eu quero passar para os meus filhos.
    A questão do mérito… enfim, digamos que por cada boa nota, em vez de dinheiro, ganhava uma palmadinha nas costas e um “é o teu trabalho filha” e isso ajudou-me a crescer sob vários aspetos, e um deles foi mesmo o da valorização do dinheiro.

  3. “Acho muito interessante existirem pequenas trabalhos que possam ser pagos, mas nunca dar compensações financeiras por tarefas que fazem partes das suas obrigações.” – pagar-lhe por ter boas notas não vai contra isto? estudar e ter boas notas é uma obrigação, para mim.

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