[eu gostava de viver sem dinheiro]

Eu gostava de viver sem dinheiro. Será melhor reformular: eu gostava de viver sem precisar de usar o dinheiro. Gostava mesmo, muito mais do que ganhar o Euromilhões. Porque ganhando um grande prémio, mesmo que em teoria deixasse de me preocupar, continuaria a passar grande parte do meu tempo a pensar em dinheiro.
O dinheiro é o maior motivo de angústia, preocupação e discussão dos tempos em que vivemos. E por injusto que pareça a quem não dorme porque não tem, as pessoas que têm demasiado não dormem pelo mesmo motivo: dinheiro.
Li um artigo sobre uma família brasileira que largou tudo e foi viver para o mato, para que pudesse viver utilizando cada vez menos dinheiro, num caminho lento, mas decidido, para a auto suficiência.
Por ironia, a história começa exatamente com o valor que foi necessário para fazer a mudança, construir a casa e preparar as hortas num terreno herdado mas que, algures no passado, terá sido comprado. Utilizando dinheiro, obviamente. Neste momento os gastos fixos resumem-se à internet e à eletricidade, enquanto não conseguem montar um sistema de energia solar.
As dicas dadas por esta família são preciosas: praticar o desapego aos bens materiais, com vontade e sem sacrifício, afastarmo-nos dos centros de consumo e perceber que a felicidade dos nossos filhos não depende de bens materiais.
É tudo verdade mas apenas realizável se mudarmos para o meio do mato, ou da serra e, mesmo assim, num país pequeno como Portugal nunca estaremos suficientemente distantes de uma loja por pequena que seja.
Para mim, o problema é que eu queria viver sem precisar de dinheiro, mas manter-me na cidade. Eu já faço trocas, aceito a produção das hortas amigas, reduzi os custos fixos e acho que os brinquedos usados cumprem a mesma função dos novos.
Consigo, todos os dias, praticar o verbo “destralhar”, ganhar espaço e respirar melhor. Mas ainda falta tanto e falta o mais difícil, e tão bem descrito neste artigo desta família corajosa: viver sem a sensação de pânico porque não existem poupanças para uma eventualidade.
Gostava muito que fosse possível viver sem usar o dinheiro. Não sendo possível vou continuando a sonhar com o Euromilhões para comprar um terrenos e viver em comunidade. Sem dinheiro.

9 comentários em “[eu gostava de viver sem dinheiro]”

  1. Isto é tudo muito bonito, mas como a historia dos brasileiros mostra, só é possível se pelo menos já alguém tiver tido dinheiro e ter proporcionado a base da vida com o menos dinheiro possível.

  2. Sim,tudo muito bonito, até ter uma dor de dentes, fazer uma desvitalização… ou alguma pequena doença, que precise de medicamentos para não se tornar grande.
    Essa preocupação com dinheiro é válida, porque sempre, sempre temos imprevistos.
    O dinheiro, na minha opinião é bom para esse tipo de percalço, não para carrões, ou roupas de marcas, mas para saúde e educação.

  3. Por mim acho que não passa de uma utopia, principalmente pq faz parte do ser humano querer sempre mais e nunca estar satisfeito com aquilo que tem……o rapaz que trabalha connosco nasceu e cresceu em minas gerais e lá tem terrenos mas todos fugiram de lá, conta histórias maravilhosas. e algumas assustadoras em comunidade com a natureza, com índios, mas como ele diz estava desejoso de fugir de lá mesmo não conhecendo a cidade.

    Eu cresci numa quinta no meio da vila e era perfeito ter os dois mundos 😀 ( e o marido que herdou um terreno agricola em Granja concelho de Castro Verde e nunca nos imaginamos a viver lá…..é o fim do mundo e assustador passar lá uma noite, se acontece uma emergência nem os caminhos que ligam ás estradas se consegue ver….que medo!)

  4. Por mim acho que não passa de uma utopia, principalmente pq faz parte do ser humano querer sempre mais e nunca estar satisfeito com aquilo que tem……o rapaz que trabalha connosco nasceu e cresceu em minas gerais e lá tem terrenos mas todos fugiram de lá, conta histórias maravilhosas. e algumas assustadoras em comunidade com a natureza, com índios, mas como ele diz estava desejoso de fugir de lá mesmo não conhecendo a cidade.

    Eu cresci numa quinta no meio da vila e era perfeito ter os dois mundos 😀 ( e o marido que herdou um terreno agricola em Granja concelho de Castro Verde e nunca nos imaginamos a viver lá…..é o fim do mundo e assustador passar lá uma noite, se acontece uma emergência nem os caminhos que ligam ás estradas se consegue ver….que medo!)

  5. E viver com o ordenado mínimo 485€ e sempre que contestamos, ouvimos todos os dias, que há mais gente quem queira o nosso emprego?! Complicado é não ter emprego é o que os jovens como eu que nao tem nada pensam.TRISTE PENSAMENTO!!! O melhor?! Temos amor, amizades solidas, comida na mesa, uma casa pequenina e contas pagas ao fim do mês. O que nos resta?! Aproveitar tudo aquilo que a natureza nos pode dar sem termos de pagar, e viver feliz por ter apenas isso!

  6. E viver com o ordenado mínimo 485€ e sempre que contestamos, ouvimos todos os dias, que há mais gente quem queira o nosso emprego?! Complicado é não ter emprego é o que os jovens como eu que nao tem nada pensam.TRISTE PENSAMENTO!!! O melhor?! Temos amor, amizades solidas, comida na mesa, uma casa pequenina e contas pagas ao fim do mês. O que nos resta?! Aproveitar tudo aquilo que a natureza nos pode dar sem termos de pagar, e viver feliz por ter apenas isso!

  7. E viver com o ordenado mínimo 485€ e sempre que contestamos, ouvimos todos os dias, que há mais gente quem queira o nosso emprego?! Complicado é não ter emprego é o que os jovens como eu que nao tem nada pensam.TRISTE PENSAMENTO!!! O melhor?! Temos amor, amizades solidas, comida na mesa, uma casa pequenina e contas pagas ao fim do mês. O que nos resta?! Aproveitar tudo aquilo que a natureza nos pode dar sem termos de pagar, e viver feliz por ter apenas isso!

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