Viver em comunidade parece-me a solução para muitos dos problemas atuais: tempo e dinheiro.O divórcio é a principal causa de falência pessoal em Portugal. É óbvio. Suportar sozinho os custos de uma casa é pesado, muito pesado. E não permite surpresas orçamentais. Com ou sem filhos. Se o único sustento de uma casa falha, tudo falha.
Num agregado familiar monoparental, seja de todos os dias ou apenas de fins de semana, ou para quem vive sozinho, há pouco apoio para a logística diária ou imprevista. Falta-nos dinheiro e tempo.
No meu mundo ideal, imagino um prédio ou uma casa antiga e um jardim enorme. Espaços privados (quartos, casas de banho e uma sala) para cada família (eu tenho tudo imaginado para quatro agregados) e espaços comuns: uma sala de estar, uma gigante cozinha com copa e um espaço para as crianças (sala de brincar e de estudo). A comida é feita por escalas, quem saísse primeiro de casa levava as crianças à escola e quem regressasse mais cedo do trabalho ia busca-las. Nada de pagar atl’s. Alguém ajudava nos trabalhos de casa e outra pessoa organizava jogos. As contas de supermercado, da água e da luz são partilhadas, a máquina de lavar e secar roupa seria comum, partilhávamos uma empregada ou atribuíamos essa função a um dos elementos da comunidade que não trabalhasse fora de casa e quisesse ficar isento do pagamento das contas. Se um dos casais, ou pai/mãe solteiro/a queria ir ao cinema, havia quem tomasse conta dos miúdos. Nada de pagar ‘babysitting’. Nada de preocupações com férias escolares antes das férias dos pais, nem em dias de greve. E quando alguém estivesse doente, dava apoio quem tivesse mais facilidade em tirar o dia ou quem estivesse por casa. Se alguém, como eu, arranjasse uma tendinite em cada braço, a ajuda estava mesmo ao lado. O jantar seria à hora que conviesse a cada família, ou comiam primeiros os miúdos e depois os pais. Ao domingo almoçávamos todos juntos numa enorme mesa na copa da cozinha ou no jardim. Contas partilhadas, preocupações partilhadas e apoio. É assim que imagino.
Mas se o mundo ideal não existe, posso adaptar este conceito de comunidade a uma escala mais pequena e realista. Bastam dois agregados familiares com pai e mãe ou monoparentais, ou mesmo de duas ou três pessoas juntos no mesmo espaço (também podemos fazer uma feliz mistura de tudo isto apesar das rotinas serem diferentes) e tudo fica mais fácil. Partilha-se a renda da casa e todas as contas. Dividem-se preocupações.
É assim um casamento diferente. Uma república de adultos. Uma aldeia na cidade. Naqueles dias em que pensamos num mundo melhor, é nisto que eu penso.
love it!
Como assim?
Com pessoas de família? amigos?
Até que ponto se consegue partilhar a privacidade? E as manias e feitios dos outros?
ó pá, bora lá! é quando quiseres..e manias e maus feitios é o que mais há, e na maior das vezes sem qualquer contrapartida positiva 🙂
Isto existe em Portugal!
Mas se quiserem vir para o campo, arranja-se aqui uma comunidade….já esteve mais longe disso 🙂
se o divorcio acontece porque duas pessoas já não querem viver juntas (a uma taxa de cerca de 70% em portugal), isso não aconteceria também caso duas ou tres pessoas adultas e amigas vivessem juntas?
(eu vivo praticamente num conceito semelhante e gostava muito de ter uma casa minha).
a ideia de uma "comunidade" será partilhar espaços comuns mas ter privacidade.
de qualquer forma acho diferente o convívio com um marido/namorado com quem temos obrigações e um amigo/amiga 🙂
Ainda cá vos espero a visitar o meu cantinho no campo, lembra-te… !
Tenho uma amiga que foi passar ferias ao norte de Italia à casa de uns amigos. Quando lá chegou era uma comunidade exatamente igual à que descreves mas com mais coisas, tem uma carrinha comum para levar e trazer os miúdo. Em relação as casas, é uma propriedade grande onde existem várias casa com quartos de dormir, wc, sala e cozinha, depois tem uma casa mãe com salão, cozinha e zona de lazer para os miúdos. Na rua tem piscina, horta, churrasco e alguns animais (que não são para criar, matar e comer mas sim para os miudos conviverem e apurarem a responsabilidade porque são eles que os alimentam, limpam e pastam/passeiam) todos os sabados há uma familia que fica encarregue de cuidar dos miudos para que todas as outras familias possam relaxar, sair para tomar um copo ou simplesmente por o sono em dia. os miudos todos levam as tendas, os colchões e os sacos cama e jantam, brincam e dormem na sala comum, com a supervisão da família queesta escalada nesse fim de semana. Ela veio encantada, esteve la 15 dias e percebeu não so que as familias acabavam por ter menos trabalho e gastar menos dinheiro como os miudos viviam muito melhor e eram mais felizes. Se não me engano eram 5 ou 6 familias e cercade 20miudos… Ela quando voltou para casa (vive na Belgica) tentou montar uma comunidade, mas depois devido a profissão (viaja muito) deixou de conseguir acompanhar as rotinas e a logistica que isto tudo implicava (sim, porque a comunidade so funciona com regras estabelecidas à partida e se todos as cumprirem) e acabou por voltar à cidade.
Entretanto em conversa com outra amiga descobri que há uma comunidade a funcionar no alentejo (não sei ao certo o sitio) e há um grupo de amigos que também está a pensar criar uma comunidade para os lados da Ericeira :))
Olá!
Hoje, encontrei este artigo e lembrei-me logo deste teu sonho 🙂
http://apezinho.com.br/buscar/vilas-comunitarias/
beijinhos e boas férias,
luísa