[tinha que ser Março]

… Sinto o pedaço de pele do meu pai onde eu pousava os lábios quando o queria sentir. Estou sentada ao colo dele a tocar-lhe no cabelo que cheirava sempre a limão enquanto ele me calça as meias depois do banho. Sonhei tanto com uma casa cheia de rotinas. Eu sei. Imito-o quando repito os gestos em ti. O meu menino. Imito-o como se isso me aproximasse de voltar a ser a menina do meu pai. Como se isso me voltasse a sentar ao colo, a encostar-me às barbas e a procurar-lhe pedaços de pele. Março, às vezes, dói demasiado.

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