Instabilidade[s]

A minha querida mãe diz que sempre foi assim. Que andava na 3ª classe e anunciei lá em casa que estava farta daquilo. A minha querida mãe acha que sempre fui instável. Poderia ter tentado amuar e acusá-la de estar a cometer uma enorme injustiça. Mas a minha mãe lembra-se do dia em que me fartei da primária e do dia em que não me servia aquilo que aprendia na preparatória e de todos os nomes feios que chamei aos professores, aos planos curriculares, às cadeiras dafaculdade. E ao sistema em geral. A minha mãe estava lá sempre que [re]nasci e morri de amor. Quando quis tudo e nada em minutos da mesma hora. Tentei amuar mas a representação foi arte da qual desisti algures entre querer ser bombeira e telefonista. A última vez que amuei o mar também estava zangado e a acusação foi bem mais grave.

Ouço na rádio que Cesariny morreu. E eu podia ter sido surrealista, existencialista ou activista de qualquer outro movimento onde a instabilidade fosse qualidade criativa.

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *