O drama da descolonização.

Não partilho todas as suas opiniões. Em algumas discordamos por completo. Admiro-lhe a força das convicções. Gosto da escrita.
E da barba.
Hoje cruzei-me com um post fantástico. Total concordância. Uma justa e merecida referência.
Porque, de facto, “o erro de Salazar foi o de não ter visto que o seu sonho não se ajustava à realidade, que tinha passado o seu tempo, que era um projecto anacrónico. Salazar devia ter previsto a descolonização, com o Reino Unido ou a França. Devia ter poupado Portugal a dez anos de guerra e a uma saída pela “porta do cavalo”.

[Fora de Série – revista do Diário Ecónomico – África Deles por Afonso Vaz Pinto]

8 comentários em “O drama da descolonização.”

  1. também concordo com o post, até por me parecer uma obviedade. mas parece-me que referir “o erro de salazar” minimiza todo o mal que esse padreco fez a Portugal e aos Portugueses do seu tempo, com a sua mentalidadezinha provinciana e nacionalismo bacoco. enfim, mas parece que agora até é “bem” o saudosismo fascista. Hasta la Vitoria siempre!!! Remember? Serenella do luxemburgo!!!

  2. imagino-te com o “Capital” aberto e com a Maria Tv ou a Ana + atrevida camuflado dentro! ou a capa de “O Estado e a Revolução” a envolver um qualquer exemplar da sabrina, ou, pior ainda, da GINA!!! CONFESSA!!!!

  3. Só mais uma coisa. Quem for intelectualmente honesto (espécie em via de extinção), percebe facilmente que em anos de convulsão social como os de 74,75 e 76, seria virtualmente impossível a Portugal criar uma estrutura organizativa capaz de suster as ambições dos partidos emergentes nas ex-colonias. Isto pelas razões mais diversas! Quer pela falta de meios humanos, porque os militares se recusaram em bloco(legitimamente, diga-se de passagem) a permanecer nas colónias, quer em termos financeiros e políticos. E, como também é obvio, em altura de guerra fria, Portugal tinha ( e têm) um peso político insignificante, pelo que a situação fugiu rapidamente ao nosso controle. se erros há a assacar ao Soares, esses são posteriores, pela gestão danosa que fez do erário público. e isto digo eu, que tinha 3 ou 4 nos na altura…

  4. Bem, vamos por partes:
    – primeiro, obrigado colega pela alusão à barba…
    – Não me parece que seja uma “obviedade” assim tão grande que Soares não seja o maior responsável pela descolonização. Pelo menos na área política da direita, onde me insiro.
    – Salazar não era um “padreco”, muito menos fascista. Somos um bocado o país do tudo e do nada. Fez bem ao país num primeiro período, para depois o prejudicar na segunda metade do regime que impôs em Portugal.
    – por fim, Soares foi de facto um mau governante, mas não lhe podemos retirar o mérito da luta pela democracia…

    AVP, intelectualmente honesto.

    Abraço

  5. Caro AVP:

    O que caracterizei como “obviedade” foi as suas considerações sobre o anacronismo salazarista, não sobre a responsabilidade do Soares no processo de descolonização. depois, limitei-me a constatar a conjuntura nesses anos, que, na minha opinião, obstava a uma posiçáo mais forte do governo português.
    Quanto a Salazar e ao seu regime, que não hesito em rotular como fascista, já que ,para mim, tal decorre claramente da sua caracterização:

    -Estado marcadamente nacionalista alicercado no culto do Chefe,paternalista mas autoritário

    -ideologia marcadamente católica, reflectida nos privilégios dados à Igreja, restituíndo-lhe grande parte do que havia sido confiscado na vigência da 1ªrepública

    – Aversão à liberdade de expressão política e social, apesar da existência meramente constitucional e formal da Assembleia nacional e das Camaras corporativas, sendo que estas últimas serviam unicamente para estrangular quaisquer movimentos sindicais e comissões de trabalhadores

    – censura prévia dos mass media

    – existência de uma policia politica poderosa

    – o projecto colonialista e um anti-comunismo sectário, do gênero “nós ou o caos”

    – uma economia proteccionista tutelada pelas grandes fortunas, que constituem a nomenclatura do estado e que detém grandes privilégios, enquanto se mantém a maioria da população no limiar da pobreza.

    É claro que não é comparável ao nazismo ou ao fascismo italiano ou espanhol, mas o “Estado Novo” provocou chagas no país que ainda hoje se manifestam, sobretudo ao nível da menatlidade colectiva.

    Saudações

  6. …quanto ao afonso vaz pinto…salazar foi um inocente político que governou democráticamente este país durante 60 anos e era um social democrata moderado de centro…ó homem tenha juizo…
    …amiga…concordo e discordo de alguns pontos…no fundo…foi Mario Soares um dos que nos deu o prazer ou desprazer de o fazer…ele e muitos milhares de outros comunistas, socialistas, democratas de centro e direita e alguns monárquicos…um beijo…

  7. Caro Geosapiens, é feio atribuir a outros aquilo que estes não disseram. Quanto a Salazar teríamos 40 anos de vida governativa para analisar. Simplesmente dividi-a em duas partes: a primeira em que de facto trouxe benefícios para o país (terminar com o desvario maçónico que quase levou à banca-rôta do país, evitar a entrada do país na II guerra mundial, arrumar o país e prepará-lo para os desafios do pós-guerra)(são só alguns exemplos, do tipo tás a ver(?); a segunda em que mostrou uma dificuldade enorme em se adaptar a um mundo em acelerada mutação política levando o país ao isolamento e ao consequente empobrecimento, conduzindo ainda um povo inteiro (ou vários povos) a uma guerra sem sentido e que tantos males trouxe ao país. Contudo, já estou habituado a que neste país se olhe para tudo como branco ou preto. Ou Salazar era uma besta quadrada, um miserável padreco (ai a Igreja Católica, ai os fascistas, seria o tipo afinal um satânico?), ou então Salazar era um Santo, digno de altar e exemplo para o futuro. Ou uma diabolização bacôca e, essa sim, típica dos ares da aldeia e do diz-que-disse do provincianismo, ou uma canonização irreal e para lá do racional.
    O caro Geosapiens diz ainda que “…quanto ao afonso vaz pinto…salazar foi um inocente político que governou democráticamente este país durante 60 anos e era um social democrata moderado de centro…”. A razão pela qual aponto o dedo a Salazar é porque não governou democráticamente o país, nem na primeira fase, nem tão pouco na segunda da sua vida governativa. “ó homem tenha juizo…” de perceber bem as minhas palavras.

    Abraço

    p.s.: Sou democrata e essa é a única certeza política que tenho.

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