[isto da maternidade]

não gosto de textos que põe a maternidade como um suplício e a vida sem filhos como um paraíso, porque não concordo, porque mesmo com piada acho que transmite a mensagem errada [gosto desta análise]. gostava de vos escrever um texto sobre o caos cá de casa [com a graça e o talento das letras com a Rititi escreveu o magnífico post que partilhei convosco], sobre o meu cansaço e a minha correria. uma coisa assim a inspirar a solidariedade. ou gostava de escrever sobre as ementas cuidadas para o jantar e os jogos de tabuleiro, em família. cá em casa, nem uma coisa nem outra. os dias – os finais dos dias – com meus filhos são fixes. apenas isso. temos tudo mais ou menos orientado, os banhos são rápidos e os jantares simples. é verdade que não temos de comer todos ao mesmo tempo e que quem quiser uma papa ou apenas fruta está à vontade. é verdade que a televisão fica ligada no canal que quiserem. é também verdade que os meus filhos têm uma enorme diferença de idade e que o mais velho ajuda. e que faz os trabalhos de casa, obrigado, mas sem refilar. nem todos lá nossos finais de dias têm direito a música alta e danças no meio da sala [mas muitos são, com banda sonora de qualidade duvidosa e a vergonha alheia do meu mais velho]. há dias em que não tenho sorrisos, em que só me apetece sofá. e os meus filhos sabem isso. que há dias menos bons. mas mesmo nos dias menos bons, viver com só meus filhos é mesmo bom.