[isto mesmo.]

(…) Porque não há dia em que um jornal, revista ou blogue publique uma lista de tarefas sobre a educação dos meus filhos: alimentação biológica, música clássica, desportos alternativos, filmes que fomentam a tolerância, roupa ecológica, brinquedos sustentáveis, um sem fim de instrucções, porque eu lógicamente sozinha não atino. O mais certo é que acabem qual bestas, analfabetas, perdidas num mundo idílico onde todas as crianças devem falar várias linguas, nadar como campeões olímpicos ou conhecer um vasto leque de autores da literatura nórdica. No mínimo. Sem esquecer as actividades conjuntas, imprescindíveis para criar os tais laços íntimos e profundos com os meus rebentos, como reclicar caixas de sapatos que só me ocupam espaço e criam pó ou a confecção de bolinhos de arroz em bucólicas tardes de domingo. Não sei como é que ainda não me tiraram a custódia. Porque as crianças não podem apanhar secas sozinhas no quarto não vão sentir um tremendo vazio existencial.  Porque os pais temos de ser estupidamente pro-activos, divertidos, tenhamos resaca, sono ou uma hemorroide assassina. Porque isto cada vez mais parece uma puta de uma competição a ver quem é mãe mais original e o filho mais criativo. Depois a malta admira-se que os putos andam stressados. Estão é fartos de nós.

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1 comentário em “[isto mesmo.]”

  1. é verdade que hoje há uma panoplia tão grande de actividades de vários tipos para as crianças que os pais podemos sofrer dessa pressão da pró-actividade e não nos sentimos bem se não estivermos sempre de programa em programa. Enquanto o D. foi "pequeno", ou seja, até aos 12 não parámos. Mas creio conseguí intercalar a diversão indoor com a outdoor,os "programas de cultura" com as brincadeiras. Houve sempre muito tempo livre para brincar sem horários e isto parece-me a ideia a não perder. É óptimo podermos proporcionar-lhes um monte de experiências (ópera para crianças, workshops de arte, de cozinha, teatro, etc, etc) mas o momento da brincadeira no chão do quarto ou do parque, o puxar pela imaginação com os Legos, o correr pela praia no inverno, o atirar pedras ao lago – não podem ser considerados como actividades menores. E não me vou por a explicar o por quê! Se não fôr óbvio, puxem pela cabeça, leiam livros

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