Acredito em histórias de amor. Com todo o romantismo dos filmes de domingo à tarde. Acredito em histórias de amor e em relações perfeitas. Nas relações, como na vida, perfeição é respeito por quem somos, exatamente como somos, em cada momento da nossa vida. Afinal, queres uma relação ou uma ilusão?
Muitos dos problemas com que trabalho em mentoria de relacionamentos nascem no facto das pessoas olharem para a pessoa com quem vivem essa relação através da sua história e dos seus valores. Algo que é normal para uma pessoa pode ser extremamente ativador para o outro. Se cresci numa casa em que existiam gritos violentos, posso ter uma tolerância mínima para o tom de voz mais elevado. Não existem versões certas ou erradas. Não existe uma única verdade. Uma história de amor é feita de pessoas, com uma história e feridas.
No conceito de perfeição na vida real cabem três pontos que distinguem as histórias de amor das pessoas, dos contos de fadas dos unicórnios.
Não podemos “salvar” ninguém.
É verdade que um relacionamento é uma forma de sermos equipa, apoio no ataque e na defesa perante a vida. Apoio, sim! Querer “salvar” o outro de todo o seu sofrimento? Não! A única pessoa responsável pelos seus processos internos (os seus “salvamentos”) é o próprio. Estar constantemente disponível para outros é abandonar-se a si mesmo no processo. Querer salvar poderá, no limite, ser uma forma de controlar o outro. Numa história de amor saudável cabem verbos como: ajudar, apoiar, validar.
Ninguém adivinha os pensamentos de ninguém.
O segredo é simples: menos expectativas e mais comunicação. Não esperes que o teu parceiro leia a tua mente, ou veja o mundo pelos teus olhos e descubra quais são as tuas necessidades. Quando a pessoa com quem vives uma história de amor, se esquece de algo ou não repara, tu percebes que isso não está relacionado com o amor que sente por ti. Cada pessoa tem a sua história, a sua forma de ver as coisas. Quando comunicas as tuas necessidades, estás a respeitar o outro e, principalmente, estás a respeitar-te!
As histórias de amor incluem momentos maus.
Uma história de amor feliz faz-se também de desconforto. Evitarmos estas situações por medo de que isso estrague o relacionamento, levará a um crescente distanciamento. O medo de sermos castigados pelas nossas partes que acreditamos que não serão aceites pelo outro, terá o efeito contrário. Só a vulnerabilidade, e a consequente autenticidade, permite a intimidade. Quando nos permitimos expressar as nossas necessidade e limites, damos espaço ao outro para também ser quem é. Neste lugar a vossa história de amor evolui.
Queres uma relação ou uma ilusão?
Leste a crónica anterior? É preciso chorar. Mas…