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É preciso chorar. Mas…

Amar é deixar chorar e não querer limpar as lágrimas

Sempre acreditei que aquilo que me provava o meu amor pelos outros era “ter solução para tudo”.

Na verdade, cresci nessa certeza personificada no meu pai. Se o castelo de peças caía, antes de ter tempo para chorar, o meu pai já tinha construído outro. Guardem esta imagem e transformem-na em metáfora para tudo na vida. 

Hoje, mulher adulta, casada e apaixonada, mãe de quatro filhos, e órfã de pai há demasiados anos, sei que ver alguém que amamos chorar é um exercício muito duro.

Há dois grandes problemas quando temos sempre uma solução para secar as lágrimas das pessoas que amamos. 

Primeiro: chorar faz bem à saúde (acreditem que repito esta mantra muitas vezes e demorei uma vida a chegar aqui). Chorar limpa a alma, o coração, o cérebro, limpa tudo. E encontrar ferramentas para gerir as emoções é das coisas mais valiosas que temos na vida. O choro é para ser acolhido e não calado. Ter essa capacidade é uma prova de amor.  

Como pais, como amigos, como namorados, como marido e mulher: não procuro a minha responsabilidade (este ponto dá tema para toda outra crónica), nem uma solução para o sofrimento do outro. Estou apenas presente. Respeito.

Depois, posso ajudar a pessoa que amo, a encontrar uma solução para o problema. Se existir um problema e se a pessoa quiser uma solução.

O segundo problema é aquele que pode fragilizar mais um relacionamento. Quando somos a pessoa que tem solução para tudo estamos, ainda que de forma inconsciente, a dizer ao outro que ele não sabe resolver os problemas sozinho. 

Ainda que isto seja mais simples de perceber quando estamos no campo da parentalidade, funciona da mesma maneira numa relação amorosa.  Estamos a criar dinâmicas de dependência, falta de autonomia. Isso é arrasador para a autoestima do outro. E, por consequência, é destrutivo para um relacionamento saudável.

Numa história de amor queremos duas pessoas capazes de acolher as lágrimas, capazes de resolver os seus problemas e de ajudar a encontrar soluções para as questões do outro e do casal.

Viver em casal tem que ser sempre uma escolha (diária) e nunca uma necessidade. Com lágrimas, risos, dias bons e dias maus.

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1 comentário em “É preciso chorar. Mas…”

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