“Tens que aprender a estar sozinha” é o conselho que todas as solteiras, separadas, divorciadas ou semi-desesperados já ouviram. Como se, no dia em que recebêssemos o diploma na especialidade “sou tão feliz quando não tenho alguém ao meu lado”, fosse garantido o acesso ao amor eterno e feliz.
Existem dois problemas base neste conselho bem-intencionado.
Primeiro: somos seres sociais. Podemos até descobrir essa sensação de grupo de diversas formas, comunidade, tribo, família, aquilo que lhe quiserem chamar, mas o amor romântico vive nas hormonas e no mais irracional da nossa existência.
Não é (nem tem que ser) uma escolha universal, mas ser uma equipa de dois ainda é a forma que a maior parte das pessoas escolhe para enfrentar o mundo.
Por isso, é urgente desconstruir essa ideia que só vale a pena viver histórias de amor felizes se forem para sempre. Uma relação saudável é aquela em que duas pessoas ganham alguma coisa (sendo que este é um conceito absolutamente abrangente) e existe respeito. Não tem que ser o grande amor da nossa vida. Pode ser um amor bom. E olhem de escrevi e apaguei “apenas um amor bom” porque seria minimizar o quanto essas experiências podem ser impactantes na nossa vida. Nem é nada disso de “tentativa/erro” porque não há nada de errado nisto. São aprendizagens.
Segundo, por esta linha de ideias, a partir do momento em que temos alguém podemos esquecer isso de saber estar sozinhas. Não!
Gostarmos de nós é a base para respeitarmos e sermos respeitados. Uma relação saudável não sobre precisar, é sobre querer(mos). E depois é uma escolha (no plural). Numa história de amor feliz existem dois indivíduos que se protegem, respeitam e desejam. Existem duas pessoas que aceitam as suas imperfeições (as suas e as do outro).
Esqueçam isso de andarmos à procura da outra metade porque somos sempre inteiras.
Na verdade, talvez tenha que reconhecer uma parte de verdade na necessidade de “aprender”: uma história de amor feliz exige que estejamos preparadas para isso.
Quando sabemos o queremos é muito mais fácil encontrar. Nada de teorias da atração, nem segredos de visualização, é só porque é muito difícil ver aquilo que não definimos como é.
Esse encontrar da nossa verdade é um trabalho de desenvolvimento pessoal que todas deveríamos fazer. Podemos querer uma relação, estar numa relação ou já ter o descoberto esse lugar iluminado em que (parece) somos emocionalmente autossuficientes.
Como um dia me disse a fotógrafa Isabel Saldanha, no podcast “A vida resolve-se sozinha”, somos uma espécie de pirilampos, e quanto mais luz temos, mais facilmente vimos o caminho, mas também somos descobertas, vistas, desejadas.
Defendo, com todas as minhas forças que a relação de amor mais importante é a que temos connosco, mas esse caminho não tem que ser sinónimo de celibato. Nem tão pouco o celibato garante que esse caminho está a ser feito.
Todas as relações devem ser uma escolha, não uma necessidade. Nada disso de “estar sozinha”. O meu conselho fica escrito assim e podem guardá-lo, estejam solteiras, casadas, divorciadas, ou em qualquer outro estado de emoção.
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