O post é repetido. Um auto plágio que acontecerá tantas vezes quantas precisar de ler este texto. Há 11 anos escrevi isto. No último ano aceitei que as memórias podem ser guardadas em lugares muito bonitos que não exigem a manutenção dos espaços. Serão para sempre os momentos que vivi naquela casa. As manhãs dos 25 de Abril que acordei com vista para o Tejo a ouvir isto. Essa casa serve agora para construir outros sonhos. E hoje, neste 25 de Abril prometo (me) que esta imagem fará parte da nossa nova casa. Onde em todas as manhãs de Liberdade tocará o hino do MFA.
Reconcilio-me com a minha história. Sou novamente menina. Trauteamos o hino do MFA. O Zeca canta lá fora. Não faltes ao encontro e sê constante. Ontem à noite ouvimos o Grândola e comemos uma fartura. Contaram-me a vossa história. Outra vez. O rádio pequenino na vossa primeira casa. Um móvel feito de tijolos e papelão. O sofá cor-de-laranja. O poster de dois adolescentes aos beijos. O amor é um pássaro verde num campo azul no alto da madrugada. Guardo o vosso postal porque agora é meu. Tudo o que te possa realizar, te possa fazer feliz… Guardo a vossa história. Guardo todas as vossas histórias. Porque como em todas as outras histórias-de-amor ficam apenas os sorrisos. Os nossos 25 de Abril. A nossa cidade. As nossas rotinas. O vosso amor por mim mesmo quando não conseguia sentir o vosso amor-um-pelo-outro. Reconcilio-me com a nossa cidade. O nosso rio. A nossa casa. A porta maldita já nem está lá. Permanecem as janelas por onde entram o som das bandas que me chamavam para espreitar quando já cheirava a panquecas, pão com marmelada, leite com chocolate e batidos de groselha. Anita!!! Vestia-me à pressa. Sou novamente menina. E o hino do MFA já se ouve. E se há um camarada à tua espera… É o nosso 25 de Abril. Contam-me a vossa história. Nessa imagem de namorados que nunca vi. Numa casa com móveis de tijolos e papelão. O amor é um pássaro verde num campo azul no alto da madrugada. Da vossa história-de-amor. Da nossa história guardo todos os 25 de Abril. O mesmo dia que, sentados num sofá cor-de-laranja, ouviram cada movimento de tudo em que acreditavam. O mesmo dia em que fotografaram os meus primeiros passos na nossa casa de alcatifa castanha. O dia em que ouço as mesmas vozes, vejo as mesmas luzes, sinto os mesmos cheiros. Reconcilio-me com a minha história. Sou novamente menina. Anita. Com certezas absolutas de que nada pode correr mal porque vocês existem. Tudo o que eu tiver será para ti. Porque tenho tudo. Na barba do meu pai. Na pele suave da minha mãe. Porque temos (sempre) o nosso 25 de Abril.
Lindo!
Cheira a anos 70, retrata a época com subtileza e ao mesmo tempo revela a intimidade de um lar!
Excelente! Plagiei- se todos os anos!
Parabéns
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