salvem a grávidas!

Isto é um protesto: sou contra o aproveitamento económico do estado sensível das mulheres grávidas e suas respetivas famílias. Agora que penso nisso, poderia escrever estas linhas, iguaizinhas para as noivas mas, nesse caso, não poderíamos culpar as hormonas.

Ao terceiro filho posso dizer que sou quase imune ao chamamento consumista. Eu disse “quase”, esse é o problema.

Vejamos: quando um filho é planeado queremos desesperadamente saber se estamos grávidas. Há vários testes de gravidez no mercado e nenhum é barato. Temos testes simples, testes que dão o resultado cinco dias antes, dois dias antes, com tracinhos rosa, cruzinhas azuis e indicação no visor do número de semanas desde a conceção. Eu, confesso, fiz cinco testes de gravidez em janeiro, fiquei a conhecê-los a todos.

Depois da feliz confirmação, existem várias opções para analisar as hipóteses de anomalias do feto. Acredito que a parte científica da coisa assim obrigue mas todos estes despistes são caríssimos. E, quanto mais velhas estamos, mais pressionadas nos sentimos. Até no Centro de Saúde fui aconselhada a ser seguida no privado porque “a minha idade” exigia alguns exames que, no sistema público, não eram pedidos. Fiquei-me pelas exigências básicas e obrigatórias.

A gravidez chega ao segundo trimestre e queremos preparar a chegada do novo elemento da família. Vejamos a lista: a roupa, os interiores, os pijamas e a roupa de rua, o quarto, alcofa, cama de grades ou sem grades, o muda-fraldas, o muda-roupa e o muda outra coisa qualquer, a espreguiçadeira, a cadeira de comer, a banheira, as fraldas de pano ou reutilizáveis, as toalhinhas e os cremes, o ovo para transporte, o carrinho com ou sem alcofa, para a frente, para trás, com capa de chuva, com mala própria, com chapéu para o sol e outras opções. Acrescentemos um número interminável de utensílios que nos fazem querer que serão indispensáveis. E convém ser uma mãe dedicada à decoração do espaço, nas cores e nos pormenores.

Verdade, tudo isto são opções de compra da mãe e do pai grávidos, e das ansiosas famílias correspondentes. Mas, caramba, tudo o que surge à volta de uma grávida potencia este consumo desenfreado. Se estivermos a falar do primeiro filho podemos mesmo afirmar que existe um aproveitamento não só da sensibilidade hormonal como da ignorância prática face ao tema.

Eu tenho uma estratégia: ter o mínimo e indispensável, e ir comprando (ou pedindo emprestado) à medida das necessidades reais. É a melhor dica de poupança que posso deixar às futuras mães (e o melhor lembrete que posso fazer à minha pessoa hormonalmente sensível).

 

Crónica Dinheiro Vivo

 

fotografia: Marta Dressmaker, tirada no My Ribeira Guest House, Porto.

6 comentários em “salvem a grávidas!”

  1. Olá, concordo, com excepção do atendimento no publico, tenho 40 anos e estou grávida do meu 2º filho fiz todos os rastreios e analises necessárias no publico não necessitei fazer amniocentese e apesar de ao mesmo tempo estar a ser seguida no privado, por opção, nunca me aconselharam a tal..aliás ainda tenho direito e “á borla” do curso de preparação para o parto e ginásticas pré e pós parto assim como curso de formação primeiros socorros para crianças, apoio a amamentação, tudo no centro de saúde e excelente por sinal.
    Nem tudo é mau ….no entanto gostava de acrescentar mais uma para a lista do aproveitamento das hormonas dos pais grávidos: “a injecção” que cria o sentimento de culpa e que considero a pior de todas que nos toca fundo : a criopreservação das células estaminais…e esta sim dava pano para mangas!!!
    beijinhos e muitas felicidades

  2. Anas há muitas

    Sem dúvida a melhor dica. Eu exagerei no que comprei para o primeiro e segundo mês, mas agora aprendi.
    Beijinho,
    Ana

  3. Sofia Marques

    Esse foi e continua a ser o meu lema 🙂 Claro que uma pessoa gosta de tudo e mais alguma coisa mas eles não precisam de ter muita coisa. As roupinhas deixam de servir num instante e se uma pessoa tiver muito corre-se o risco de só vestir uma vez uma determinada peça de roupa e bem, a roupa deles não é assim tão barata quanto isso. Mas é tão difícil escolher no meio de tanta coisa bonita, ainda para mais quando é menina 😛 <3

  4. Fiquei espantada quando diz que no centro de saúde a aconselharam a ser seguida no privado! Se pelo fator idade ou qualquer outro consideram que deveria ser seguida por um especialista são obrigados a encaminhar para o hospital da área do centro de saúde! O único exame que não é pago pelo SNS é o harmony ou equivalente. Mas há a amniocentese. Quanto ao resto, concordo em absoluto… A quantidade de coisas que se compram é um exagero… Os bebés precisam de muito pouco! E as lojas não fecham depois de nascerem 🙂

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