o papel tem influência nas eleições?

Numa análise rápida a estas eleições, o que mais me preocupa é o dinheiro que vai ser gasto em papel já nas próximas eleições, aquelas que virão muito antes do tempo.

A democracia – com todos os seus defeitos e virtudes – tem destas coisas: as pessoas são livres de votar em quem se candidata, as pessoas são livres de formarem a sua opinião, com certezas, medos, memórias e esperanças.

A democracia gera empates e situações de governação difícil e ainda bem, porque, na minha opinião, as maiorias relativas dão mais trabalho, mas também geram mais discussão nas tomadas de decisão.

A minha questão é sobre poupança, ou não fosse esse o meu eterno objetivo de vida. Mais com menos: porque não acabamos com as campanhas eleitorais em papel? Porque continuamos a gastar dinheiro em cartazes, panfletos e papelinhos coloridos para fazer a festa (e deixar as ruas sujas)? Porque continuamos a imprimir cadernos e cadernos eleitorais?

A exceção confirma a regra: não defendo o uso exclusivo do voto eletrónico, porque nem todas os eleitores são capazes de o utilizar. Acredito que possa, e deva, ser implementado, coexistindo com o sistema actual. Mas acredito que os cadernos eleitorais devem ter uma alternativa eletrónica.

Mas a questão principal está na campanha. Alguém decidiu em quem votar pelo sorriso mais ou menos estudado em cada outdoor? Alguém exerceu o seu direito de voto com a memória de uma frase lida num panfleto? O papel tem alguma influência numa campanha eleitoral?

Se a democracia pode obrigar a eleições dentro de menos tempo do que aquele que está instituído, faz sentido voltar a gastar rios de dinheiro em papel impresso quando vivemos num regime de austeridade e nos é pedido que poupemos? E mesmo que se cumpram os quatro anos até às próximas legislativas, precisamos disso tudo?

Guardem-se os milhões para projetos que tragam bem estar aos eleitores. Sei que não fui a primeira a pensar nisto, mas quis deixar registado.

4 comentários em “o papel tem influência nas eleições?”

  1. Hoje em dia reflete-se muito pouco, no que é realmente importante.
    Realmente não faz sentido nenhum, como dizes não é pelo sorriso ou pela frase feita que se vota. E talvez seja esse gasto que amenta tanta abstenção.
    Carolina Melo

  2. Marta Ferreira (a pele que habito)

    O voto eletrónico iria muito provavelmente refletir-se nestes números. Facilita a vida àqueles que estão longe de casa no próprio dia, entre os outros que não se podem deslocar á mesa de voto por qualquer motivo, e permite poupar os cofres (e o ambiente).
    No entanto não me parece que esse seja o cerne da questão.
    Acho que neste caso o problema é o alheamento das pessoas face à política, por revolta muitas vezes, mas tantas outras por puro desinteresse. Choca-me ouvir dizer “não gosto de política, não me interessa”.
    Até percebo que não gostem das querelas entre partidos, ou que não se queiram maçar com assuntos mais técnicos, que 90% da população não percebe. Mas por detrás disso há uma ideologia, uma estratégica, um rumo que cada partido tem, e que todos temos que ajudar a escolher.
    Afinal de contas, vivemos todos aqui, não é? 🙂

    http://apelequehabitoblog.blogspot.pt/

  3. Ainda hoje falei disso com amigos. Por exemplo estando fora do pais e quase impossivel de votar! No Uk mudamos de casa mais de 1 vez por ano, e nao e possivel estar a ir ao consolado de cada vez que isso acontece para actualizar a morada do recenseamento (que nao esta directamente ligada com a do cartao do cidadao). Foi o meu caso, este ano mudei de casa e nao actualizei a morada ainda. Note-se que e preciso 1 dia de ferias para ir ao consolado. com a tecnologia ligada ao cartao do cidadao nao entendo pq nao e possivel abrir o voto online para quem nao tiver disponibilidade de se deslocar a sua freguesia. Afinal de contas o q eles fazem la e confirmar que pessoa x ja votou, e isso tb da pra fazer online. Um dia!

  4. Ouvia também por estes dias na tv que Portugal será o único país (!) a fazer “arruadas” nas campanhas eleitorais… e de repente dei por mim a rir e a pensar nas figuras ridículas que muitos fazem para cativar o eleitorado!!! Eu também tenho esse dilema do poupar recursos e num mundo cada vez mais tecnológico como é possível continuarmos a votar num papelinho.Também sobre os outdoors, espreitem este na Dinamarca: http://www.thetrentonline.com/nsfw-this-politician-poses-nude-in-campaign-poster-in-denmark-photos/

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