Porquê minimalista? Quando mudei de casa, há mais de oito anos, consegui transportar quase tudo sozinha, em consecutivas viagens de carro, para me adaptar à ideia de viver na outra margem do rio.
Subia os dois andares tão íngremes, que pareciam mais de seis (e pareceram até ao último dia), com muitos sacos de um lado e o meu Gonçalo com cinco anos acabados de fazer na outra mão. Ele ficava sentado a brincar no T1+1, que parecia gigante, e eu arrumava (enquanto me mentalizava que era a melhor decisão do mundo).
Vivi uma vida inteira nestes oito anos. Chorei muito nos primeiros dias, tentei adaptar-me ao novo emprego, fiquei desempregada, recomecei do zero, reinventei-me, morri e ressuscitei. No nosso T1+1 aprendi a guardar aquilo que me poderia vir a fazer falta. Porque as certezas que tinha transformaram-se em dúvidas.
Neste oito anos mudei de destemida para precavida. Aprendi a fazer trocas, a vender aquilo que já não precisava e (achava eu) a praticar o verbo “destralhar”. Reforço: achava eu.
Casámos e quisemos viver juntos todos os dias. Procurámos uma casa onde coubesse a família toda. E eu, que me considerava uma pessoa que guardava apenas o que precisava, vi-me perante dois dias de mudanças e toneladas de caixotes.
Depois de uma maratona de quatros dias de arrumações, interrompidas por poucas horas de sono e necessárias refeições, o T1+1 onde vivi uma vida estava vazio. Chorei. Não foi tristeza nem felicidade, foi a necessária despedida misturada com o cansaço.
A casa nova está arrumada. E a decisão tomada: aquilo que não servir será dado ou vendido. Mesmo que fiquemos aqui para sempre, como desejo, teremos apenas o que precisamos. Nas próximas crónicas deixarei dicas para mudanças poupadas e eficientes, prometo.
Ontem já liguei à minha mãe e aos amigos mais próximos: estão determinantemente proibidos de entrar em minha casa com prendas que não sejam comestíveis.
Há um ano mudei-me para um apartamento de 22 metros quadrados devido a alterações nas minhas circunstâncias de vida e identifiquei-me muito com o que escreveste. Antes de me mudar para este apartamento já gostava de destralhar mas agora penso mil e uma vezes antes de autorizar a entrada de algo novo lá em casa. Beijinho
Adoro o verbo destralhar! Às vezes faz mesmo muita falta. Convém percebermos que vivemos melhor com menos do que com coisas a mais. 🙂
http://entreosmeusdias.blogspot.pt
Eu até tenho medo de mudar de casa.
Destralhar é o verbo que menos tenho conjugado na minha vida.
vidademulheraos40.blogspot.com.
Adorei o post e não podia vir em melhor altura.
Estamos (eu e o namorado) a construir de raiz a nossa casa e daqui a um ano por esta altura contamos já estar lá a viver. E ontem ocorreu-me um pensamento…….. Vou demorar três meses a fazer a mudança pela quantidade de coisas que tenho (roupa, acessórios e todo o "enxuval" de uma casa que tenho vindo a comprar e a receber de presente) E depois esbofetei-me a mim própria e pensei "NEM PENSAR".
Para a casa nova vai o essencial, o indispensável. Vai-me custar horrores, vou chorar, vou-me stressar mas tem mesmo de ser, caso contrario vou começar com o caus. Que venham de lá essas dicas 😉 😉
(ADORO esse chão, ando a namorar um do género que me vai sair só os olhos da cara)
Visita:『♥』Desabafos e Coisas『♥』
Acabei por te mencionar no meu blog 😉
http://desabafosecoisas.blogspot.pt/2015/08/minimizar-para-viver.html
Catarina,
Também estou de mudanças no abirro que partilhamos. Escreve lá essa dicas que eu bem preciso, porque 4 mese de gravides precisam de toda a ajuda que possam ter!
Concordo inteiramente contigo Catarina. A tralha só atrapalha a nossa vida. Creio até que em termos energéticos, não é nada saudável. Os bens que não precisamos devem circular, dando assim espaço ao novo. Sempre que "destralho" sinto-me melhor, mais leve.
De facto acumula-se uma série de coisas quase sem darmos por isso. Também fiz mudanças no quarto recentemente e ao trocar as coisas de uma mobília para a outra percebi que há coisas que já não faz sentido ter.
Desde que casei, há 25 anos, já mudei de casa 4 vezes e depois da 1ª vez em que andei uma semana a empacotar coisas que aprendi a destralhar, agora vivemos os 4 num T2 com 70m2 e só tenho mesmo o essencial, embora na verdade tenha uma sótão, garagem e espaço exterior não guardo nada e quando está estragado deito fora! Mas destralhar é de facto difícil!