com ou sem mamas

[o projecto mais bonito do mundo com o fotógrafo Tiago Figueiredo: Loove]

Antes de mais, eu sou uma acérrima defensora da amamentação. O leite materno é o melhor alimento do mundo e as mulheres que decidem amamentar por tempo prolongado têm direito a ser respeitadas e defendidas na sua opção. Amamentei durante mais de três anos e parei no momento em que o meu filho quis. Foi a nossa escolha. Mas tenho o mesmo grau de defesa da liberdade de cada mulher na forma como cada mulher é mãe. Existem exceções, a quem nem sequer chamo mãe, mas as mulheres fazem, de certeza, o melhor possível. Amamentar não define uma mãe, não a torna melhor ou pior.

Posto isto, perante a notícia de que “as trabalhadoras são chamadas a consultas de saúde ocupacional e propõem-lhes que esguichem leite para poderem continuar a ter redução do horário”, a minha primeira reação foi de raiva. Seria rapariga para lhes ter comprovado os factos não fosse o leite materno ter propriedades curativas que eles não merecem (e eu ter deixado de amamentar há uns meses).

Como em tudo na vida, depois dos sentimentos mais explosivos fiquei a pensar naquilo. Primeiro que tudo, não querendo recorrer a verdades católicas de “que o justo paga pelo pecador”, sinto a mesma raiva por quem pede a uma mulher que esprema as mamas como sinto por cada mulher que apresenta um atestado falso.

Mas o problema não está aí. Pedir prova de que uma mulher amamenta, para além do atestado médico, é violento e estúpido. Assim como ter que ir pedir um atestado médico também não deveria ser necessário. O direito à presença do pai ou da mãe, o direito a acompanhar o crescimento dos filhos é a maior medida de incentivo à natalidade que pode existir.

Simplifiquemos: ter um horário flexível, ou reduzido, perante a existência de filhos devia ser um direito. Ponto. Para o pai ou para a mãe. Com ou sem mamas pelo meio.

10 comentários em “com ou sem mamas”

  1. Tens toda a razão Catarina. Isso devia ser um direito universal e não era preciso andar a espremer nem mamas nem atestados. Uma das melhores medidas de incentivo à natalidade que podiam criar!

    Adoro o teu blog!

  2. olá Catarina! Tens toda a razão, em vez de andar a espremer mamas ou atestados o melhor era um horário reduzido/flexível para todos pais ou mães. Sem dúvida uma das melhores medidas de incentivo à natalidade!
    Gosto muito do teu blog. tudo de bom!

  3. Não dá para agradar a todos. A esse respeito, logo apareceram aquelas e aqueles que acharam muito bem, sim senhor, até porque gente que não está a cumprir o horário todo obriga (e o termo foi utilizado amiúde) os colegas a trabalharem por eles.
    Os donos disto tudo aproveitam-se, e muito, das "dores de cotovelo" de cada um de nós.

  4. Além de violento e estúpido, é ilegal. Espero que punam a respectiva entidade empregadora de acordo com a lei. É o mínimo que se pede. Ao menos que os direitos conquistados se façam valer!

  5. Além de violento e estúpido, é ilegal. Espero que punam a respectiva entidade empregadora de acordo com a lei. É o mínimo que se pede. Ao menos que os direitos conquistados se façam valer!

  6. Não tinha visto a noticia e fiquei siderada.
    Quem de direito devia encarar o problema da baixa natalidade no nosso país, pela via dos direitos e pelo incentivo positivo, senão monetário, então de flexibilidade e respeito. De resto disseste tudo.
    bjs

  7. Eu concordo consigo, Catarina. Não concordo é que tenham de ser as empresas (entidades empregadoras) a "pagar" esse tempo que a mãe tem para amamentar. E porque não o Estado? Era uma boa forma de mostrarem que realmente estão a apostar numa política de natalidade e, ao mesmo tempo, de deixar de sobrecarregar empresas, em vez de andar a brincar ao "sobe imposto".

  8. Pingback: o que os homens não fazem... - dias de uma princesa

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