O Natal não é quando um homem quiser.


Deviam acabar, definitivamente, com aquela frase “o Natal é quando um homem quiser”, porque é uma enorme mentira. 

Eu,
que não compro uma única prenda, que não tenho árvore de Natal, nem
luzinhas cintilantes, que este ano até consegui marcar uma viagem para
Londres, com partida a 24 de Dezembro, dei por mim a pensar que isto de
marcar greves para os dias das festas era uma maldade insensível.

Depois,
a minha mãe, para quem o Natal é quando um homem quiser, mas que está
eternamente sentida comigo porque vou fugir no dia 24, fez-me um
discurso de esquerda sobre o direito à greve.
Eu lembrei-me de
tudo o que já afirmei sobre a necessidade de fazer greves em dias que
tenham impacto – e até os enormes elogios feitos ao povo brasileiro
quando fizeram greves e protestos em cima das datas do Mundial de
Futebol -, tomei consciência da minha enorme contradição e calei-me.
É
que, afinal, o Natal não é sempre que um homem quiser. Hoje, na
verdade, somos um povo de emigrantes e há viagens marcadas, férias
previstas e famílias reunidas.

À minha volta, ouço as normais
tensões natalícias: os acordos de parentalidade em que se discute com
quem a criança fica no Natal, os casamentos recentes e os primeiros
natais em lugares diferentes do Natal de sempre.

Depois, os
supermercados enchem, os centro comerciais têm filas de horas para
entrar, os brinquedos esgotam e as contas bancárias ficam mais pequenas,
ou as dívidas no cartão de crédito maiores.
Porque o Natal não
pode ser quando o homem quiser. Nem é apenas a festa da família. E se
isto fosse a festa da família, ou apenas a comemoração do nascimento de
Jesus, não era nada assim. Era alguma coisa mais simples, mais
espartana.

Mantenho-me com sentimentos mistos em relação à greve
da TAP, mas com a certeza que o Natal não é quando o homem quiser. O
Natal é uma festa consumista comemorada na noite de 24 para 25 de
Dezembro, e acabou-se. O resto é conversa.

6 comentários em “O Natal não é quando um homem quiser.”

  1. Londres? entao? O tempo aqui esta uma valente porcaria, nublado e escuro.
    Eu pelo meu lado estou feliz que nao vou viajar com a TAP. Esta bem que devem escolher dias com impacto, mas num momento em que tanta gente esta fora do pais e vai usar aquelas datas para a unica ocasiao do ano, alguns ate andaram a juntar tostoes, parece-me um crime pronto

  2. O Natal é como quisermos. O teu presente de Natal, ir a Londres, se calhar é mais caro que todos os presentes que comprei.
    Não dou presentes hipócritas. Eu gosto de oferecer. Não passo horas em shoppings, não contraio dívidas, as compras não afectam a minha liquidez. Nem sequer sou fundamentalista das prendas. O meu marido e eu não trocamos presentes nesta data.
    Vivemos o natal como escolhermos. Se resumirmos o natal ao que disseste, sim, é uma grande treta. Mas não me revejo nas tuas palavras.
    Feliz natal

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