Hoje acordaria mais cedo para te dar um beijo. Ia ter contigo para almoçar. Não sei o que te ofereceria. Mas podíamos ir ver o próximo jogo da Naval. Quando chegasses a casa sentava-me ao teu colo a mexer na tua barba. Ao jantar haveria carne assada [tenrinha], castanhas e arroz doce.
passaram quase 13 anos desde que te perdi. sinto que existem duas vidas, antes e depois de te perder. lembro-me de cada bocadinho de ti mas angustia-me quando não consigo ouvir a tua voz exactamente como era. o tempo acalma a dor. há dias em que só penso em ti uma vez, há dias em que percebo que não pensei em ti no dia que passou. mas os momentos de saudade são mais dolorosos. e já são muitas, demasiadas, as decisões que tomei sem conversar contigo, sem ouvir a tua opinião. e já são muitas, demasiadas, as coisas que não te contei. e já são muitas, demasiadas,as gargalhadas que não demos com as piadas que só nós entendíamos. os teus netos herdaram o nosso sentido de humor: conseguem rir de tudo. eu herdei as tuas trombas que equilibro com o sorriso a que me obriguei desde o dia em que morreste. aquele que me ensinaste no hospital: uma vida inteira de trombas para ver a vida ir-se embora assim”. obrigada por me teres oferecido isso antes de me tirares o teu colo. não sabes, desconfio que não gostarias de saber, mas tatuei no corpo o nome da avó: Felicidade. e hoje apetecia-me dizer Parabéns à avó que não conheci e que os meus filhos abraçassem o avô que não chegaste a ser. amo-te pai. parabéns.

Começo a perceber que isto não vai deixar de doer tão cedo.
Também sei que para mim ainda é demasiado cedo…Nem dois meses passaram.
Mas foi arrasador .
Em seis meses doeu tanto ao ponto de eu pedir que se Deus existe, que o levasse depressa.
A saudade é lixada principalmente quando se tem um pai especial. Eu tive.
Obrigada pelos seus textos genuínos.
Muito obrigado!
Uma vez a mh Mãe disse-me uma frase que gravei e guardarei sempre comigo ” crescer dói muito”! Consigo entender exactamente esse tipo de relacionamento, empatia, amor! Um brinde a quem nos deu parte do que somos e o que tentamos ser todos os dias, aos nossos pais, que nos amam como ninguém algum dia amará.
As suas palavras são sempre muito claras, é bom lê-las.
Para mim, o dia 24 de Novembro, e uma data diferente mas com algo comum. Este ano, nesta data fez 28 anos que o meu pai morreu. Infelizmente já me esqueci de muitas coisas até porque eu tinha acabado de 12 anos a pouco tempo. No entanto, recordo-me sempre de ir pensando nele quase todos os dias e não só neste. Bj