[histórias de amor]

chovia torrencialmente naquele recanto onde a água bate no chão de cimento e faz eco. sentada na janela da minha cozinha ouvia o Daniel que, entre as gotas de chuva, prometia amor eterno à namorada que ainda trabalhava. repetia-lhe o nome de todos os amigos com quem estava numa doce forma de lhe repetir que estivesse descansada – “eram só rapazes”, apesar da miúda que também aparecia na varanda. a dureza da reconciliação, tenho a certeza. o Daniel debruçado na varanda, protegido da chuva, prometia uma relação nova. prometia que ia resolver todos os problemas, que a ia proteger sempre. e eu, com a janela da cozinha aberta, e o eco da chuva a bater no chão de cimento, deixei-me ficar. fechei os olhos, inspirei o frio, e sorri. claro que existem histórias de amor.

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