Estava à conversar com a Lénia e consegui resumir numa única frase algo que andava a tentar explicar há algum tempo. Surge na sequência daquilo que se tem escrito nas caixas de comentários. Será que o blog mudou? Qual é a minha essência?
Não falo de comida porque, nesse aspecto, há muito menos açúcar (e gostaria que, da mesma forma que me avisam que estou doida com a balança ou que só penso na minha imagem, me tivessem dito que podia pensar noutra coisa que não em bolos enquanto enchi o blog dessas imagens). Falava do conteúdo dos caracteres. Falava dos textos mais longos, dos desabafos. Sim, porque este blog mudou. Deixei de escrever porque o meu filho maior aprendeu a ler.
O blog mudou quando fiquei grávida do meu segundo filho e sozinha. Não queria gritar ao mundo que estava sozinha, que mais uma relação tinha falhado, porque não queria que ninguém soubesse de mim através dos meus caracteres em vez de procurar a minha voz. O meu filho grande tinha oito ano, já lia e sabia que eu tinha um blog (difícil esconder que se tem um blog quando vivemos num pequeno T2 com apenas um computador, o mesmo que tem o blogger e o youtube). Porque não queria que o meu filho soubesse que estava aflita, triste ou desiludida. Mas estava tudo bem.
Regressei ao blog uns meses depois de começar a escrever a crónica no Dinheiro Vivo. Tinha decidido tentar trabalhar em casa e ter mais tempo para os miúdos. Ficar com o pequeno durante os primeiros anos e apoiar a transição do maior para o 5º ano. A vontade de escrever voltou, o medo foi desaparecendo. Mas a consciência de que era lida ficou. E isso limita.
Engraçado como o número de post de cada mês conta a história da minha vida desde que tenho o blog. Como eu e a Estrelinha sempre dissemos, quem conhece os nossos arquivos conhece uma parte importante de nós. Lê-me os arquivos. Assim como se nos despíssemos.
O lançamento do meu primeiro livro situou-se entre um duro confronto com a realidade e um sonho. Foi um turbilhão de emoções, uma catarse que culminou num conjunto de decisões. Volto ao blog em setembro, quando até já tinha mudado de alimentação mas ainda tinha vergonha de contar ao mundo. Porque mudar de alimentação foi um pormenor perante a decisão de cuidar de mim. Mas a decisão foi “querer-me bem”. Sim, mudou. Já não há fotos de bolos, como houve durante muitos tempos. Assim como já não há posts de cama e sexo, como existia no início, mesmo início (fará 10 anos em Março). Mas o resto está cá. A tal essência. Com mais ou menos fotos egocêntricas, com mais (é melhor não dizer menos para não dar azar) posts pagos, com bolos cheios de nutella ou sementes e panquecas de aveia.
Nascida em Lisboa. Criada em Almada, no “lado esquerdo do Tejo, no lado certo da vida”. Aluna de cadernos irrepreensíveis e um medo irracional que me passassem a bola. Cheia de certezas absolutas, perdidas na idade adulta. Trabalhei em (quase) tudo. Trabalhei muito. Fui estagiária e escrevi legendas. Viajei e escrevi manchetes. Perdi-me , reencontrei-me, voltei a perder-me. Fiquei desempregada. Decidi (re)aprender a viver.Produzo conjugações de caracteres. Com muitas formas. Mas aquilo que mais gosto: escrever histórias. Histórias de amor. Seja qual for a forma de amar.
Sou mãe, apaixonada, orgulhosa, galinha e chata, de dois rapazes.
É essa a minha essência.
(A quem me lê, a quem me mima, a quem me manda mensagens quando me sente mal, a quem me manda e-mails a agradecer, Mas também a quem me critica, a quem me corrige e a quem me chama a atenção, obrigada por me lerem. Mesmo. À Lénia, minha primeira amiga de blogs, e amiga da vida real, um beijo especial.)
É por isto que gosto de ti – a tua escrita és tu e isso é coisa rara nos dias de hoje! Mantém a tua essência que haverá sempre quem a perceba. Ou não. Mas isso também não interessa nada! 😉 Beijooooooooo
A Catarina está mais mulher e menos menina. A tomar as rédeas da sua vida. E a ser exemplo de força para os filhos. A nova Catarina parece mais feliz e confiante.
A nova Catarina atrairá novos leitores e novos amigos.
As maiores felicidades.
Leio-te quase desde o início, era o G pequenino. Leio-te ainda antes de conhecer a Lénia, que não conheci por aqui (ah…os Templários!!!). Lembro-me essencialmente das sensações e dos campos de férias que nunca vivi e me fizeste ter pena de não ter vivido. Lembro-me de todos os posts de Março e de sentir o coração apertado. Lembro-me do caminho pelo jardim para a escola nova, como se o tivesses descrito ontem. Leio-te e continuo a ler-te. A mudança é óbvia, chama-se evolução…e felizmente que evoluímos! 🙂
Continua que estás lindamente e nós adoramos que estejas por cá!
By the way…oh Lénia, e os nossos livros? 😀 beeeeijos
Compreende-se perfeitamente que quanto maior é a exposição, mais contidos temos de ser. Por uma questão de respeito aos que amamos e também para protecção própria. Talvez por isso, gosto especialmente de blogues no anonimato. Assumir que isto faz parte da sua profissão é honesto. Foi uma escolha, como outra qualquer. Há quem goste menos pelo que isso implica e há quem goste mais. Acho que o importante é a pessoa sentir que está a fazer aquilo que é acertado para ela própria. (Gostei particularmente da achega de que quando publicava bolos ninguém dizia que estava obcecada por comida)
Eu acho que um blog como o teu, é um blog em constante mudança. Um blog que é um diário, que é um campo onde contas e falas de ti e da tua vida, é, necessariamente, um blog em movimento. Isto porque, felizmente, a vida não é estática.
A tua também não (que bom!)! E portanto, o teu blog acompanha os teus movimentos, aquilo que vai sendo a tua vida, aquilo que te vai interessando e apaixonando! 🙂
Tenho a certeza que chegará o dia em que publicarás menos coisas da tua imagem, dos teus exercícios, etc., porque isso deixará de ser a novidade e o extase que é agora (sim, ainda) e passará a fazer parte da tua rotina e novas coisas chegarão para te apaixonar, para te fazer escrever e fotografar! 😀
E quem gostar, permanecerá, quem não gostar seguirá para o blog seguinte. Sem stress, novos leitores virão, que estarão em sintonia com as tuas novas paixões, com a tua nova vida!
E foi a tua escrita e essa tua essência que tão bem consegues transmitir aos autos que está a mudar a minha vida. 🙂 Joana*
Sim, encontrar o equilíbrio entre o que queremos/gostamos/precisamos de dizer e o que os nossos filhos querem/gostam/podem ler no nosso diário aberto ao mundo é um exercício extremamente complexo…
Catarina, também eu cá ando há algum tempo, a mudança não me passou despercebida mas gosto imenso desta evolução. Aproveito muitas receitas e dicas tuas (só os queques de banana é que ainda não me saem lá grande coisa!) porque também estou a tentar viver com menos açúcar!
É por aqui o caminho! Deixa-te ir, que vais bem!
😉
Eu também te leio há imenso tempo, ainda me lembro de como cá cheguei, e sempre me identifiquei muito contigo. Porque temos idades próximas, o teu G tem 3 meses de diferença do meu D, e as nossas vidas em relação à maternidade são muito semelhantes.
Eu gosto muito do teu blog, já gostava antes, continuo a gostar. Aquele açúcar todo e toda a compulsão alimentar que demonstravas era esquisita, e fazia-me confusão, mas era parte de ti. Tal como agora é o exercício e cuidado com a alimentação, coisa que me agrada muito mais, mas, quando mostras uns abdominais definidos e falas em te ver gorda soa um alarme na minha cabeça também, porque esse tipo de conversa eu ouvia de uma amiga que teve uma "fase" anoréxica. Ela via-se gorda quando era só ossos, dizia também ter cabeça de gorda apenas por sentir fome, e muitos outros pormenores deste género.
E é isto que me parece que as pessoas te tem apontado, um exagero numa preocupação que já não tem sentido, e que pode ser perigoso.
Tu estás linda e fantástica, curte isso, não te deixes entrar em paranoia.
Espero que não me leves a mal o comentário gigante.
É a primeira vez que comento, sou uma leitora recente (1 ano). Tenho 27 anos, não tenho filhos e também nunca passei pelo drama do desemprego no entanto identifico-me muito com a Catarina porque também tenho medos! Sigo alguns blogues e para mim na blogosfera a Catarina é das pessoas mais especiais. Numa altura em que está na moda mostrar as férias no sítio x ou y ou a selfie com o vestido z, é bom ver pessoas que não perderam o verdadeiro sentido do ser humano. Catarina deve ter orgulho nisso. E vai haver sempre gente deste lado para viver consigo os seus e os nossos medos.
Felicidades
As tuas palavras sabem-me a vida <3 é isso que me chama até ti e me prende.
E foi a ti (que sabes a vida) que recorri esta semana no meio de uma enorme angustia. Foi com os teus caracteres que encontrei de novo a estrada certa a seguir.
Pessoas com sabor a vida há poucas…gosto de ler os teus arquivos…fazem-me reviver que as pessoas mudam, e não faz mal..e que quando mudamos para melhor conquistamos finalmente o nosso coração <3 Gosto de ti a cuidar de ti <3 gosto de ver como mudaram as fotos, os textos e o medo de assumir mudanças. Gosto de ti antes e gosto muito da mudança…mas acima de tudo "gosto que gostes" mais de Ti agora e te tenhas reencontrado neste admirável mundo novo <3
<3
Ainda te reconheço tão facilmente como nos primórdios da descoberta do teu blog (ainda era ele uma criança também). O assunto muda, a forma como escreves os teus caracteres ainda é muito tua. 🙂