Nos últimos dias fui buscar o meu filho à escola. Descemos de mão dada até à escola-da-avó. Entro naquele portão. Entro na história da minha vida. Lembro-me de ser criança naquele átrio da entrada. Lembro-me de crescer naqueles pátios. Lembro-me da adolescência naqueles corredores. As minhas melhores amigas. As minhas paixões. O amor antes do sexo. Lembro-me de ter todos os sonhos.
Entro naquele portão. E deixo-me ficar a observar as miúdas. Sinto falta de acreditar em tudo. [estou capaz de escrever um episódio da Floribella]
Fico a olhar para aquelas miúdas e lembro-me de ser assim. [consegui não dizer tenho saudades de ser assim]
Felizmente fui uma adolescente-grunge. Não tenho ancas para ser uma adolescente-morangos-com-açucar.
As saudades do passado são um reflexo da idade.
É bom lembrarmo-nos dele de vez em quando.
É muito mau ficarmos presos a ele.
Tenho saudades do passado porque sei que nunca mais vou sentir o que senti,a liberdade,o coração saltar-me do peito, a inocencia, as lagrimas, as amizades, as “guerras” entre escolas e entre turmas, as festas, as paixoes e os verdadeiros amores. Tenho saudades do passado porque estou a ficar velho.
Eu não tenho saudades do passado. Tenho saudades de acreditar em tudo.
Quando temos noção da realidade,da vida como ela é, o mais dificil é acreditar seja no que for.
Benditas ancas!