Acredito

Acredito que as relações se fazem de química e cumplicidade. Simplesmente.
Nunca acreditei em compromissos. Nunca acreditei em obrigações.
Acredito que o corpo tem linguagem própria. O olhar. O sorriso também.
É isso que constrói uma relação.
Tudo o que está para além das palavras. Tudo o que conseguimos ouvir no silêncio.
Acredito no conforto do silêncio.
Acredito que as relações se fazem de dois corpos independentes. Sedentos um do outro. Um e outro corpo. Sentem-se sem sequer se tocarem. Ouvem-se com um olhar que se cruza numa sala cheia de gente.
Nunca acreditei nos amantes que dão a mão. Que se beijam sob olhar das pessoas. Que exigem para si a posse do outro ser.
Acredito nos amantes sufocados de prazer na escuridão da noite. Na cama impessoal de um quarto de hotel. Numa esquina perdida encadeados pelo sol.
Acredito que as relações se fazem de química.
O cheiro de um que se entranha numa outra pele. A entrega do corpo ao calor do outro corpo. Lábios que se mordem quando o desejo nos consome as forças. Sorver cada dedo de uma mão com a mesma sofreguidão com que saboreio o teu sexo. Receber num corpo um outro corpo. Morrer.
Acredito que as relações se fazem de cumplicidades.
Segredos. Lágrimas e gargalhadas. Fantasias. Guardar tudo o que se sabe. Sem querer saber mais nada. Passado. Futuro. Querer o todo. Sem nunca conhecer tudo. Viver.
Acredito em entidades isoladas. Com um mundo próprio.
Acredito no fascínio pelo que nunca nos pertence.
Simplesmente.

4 comentários em “Acredito”

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