17h26

Arrumo as coisas. Saio da redação. Está frio. Gosto de sentir o nariz a gelar.
Estás à minha espera. Aqueço as mão no teu corpo. Arrefeço o calor da tua pele.
É quase noite. Ainda é dia.
Caminhamos ao longo do rio. Falamos de tudo e de nada. Queres saber sobre o que escrevi. Quero saber quem foste hoje. O que sentiste.
Peço-te para ver a cidade. Toda a cidade. Faço beicinho e puxo-te a camisola como uma menina mimada.
É quase noite. Ainda é dia.
Lá em cima, só a cidade nos vê.
É quase noite. Digo-te até logo, sabendo que será até amanhã.
Compro uma batata com queijo em Convent Graden e sento-me a ouvir uma cantora lirica que fez da rua o mais grandioso de todos os palcos. Compro o meu sabonete preferido.
Antes de chegar passo naquela loja. Compro aquela empada de caril, para o almoço de amanhã.
Deito-me cedo. Adormeço de imediato.
Sinto-te chegar. Sinto a tua mão fria a procurar-me entre os lençois. Beijas-me. Cheiras a fumo. Sabes a vinho. Despes-me ainda adormecida. Olho-te. Toco-te. Desejo-te. Sinto-te dentro de mim. O prazer acorda-me o corpo e aconchega-me a alma.
Adormeço no teu peito. Nua.
Demanhã, sentada na cama, enquanto me visto, observo-te. Sonhas.
Saio de casa. Esta noite nevou. Está frio. Sou feliz nesta cidade.
Quem diria que, um dia, estariamos aqui…

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