Os objectos vão desaparecendo aos poucos.
Ontem passei a ter uma casa de banho só para mim. Arrumei em duas cestas o que sentre coube em apenas uma.
(Re)arrumei as prateleiras de maneira a que não se notasse que tirei a única fotografia em que só estávamos os dois.
Numa tentativa de preencher o vazio.
No frigorífico já não há os iogurtes que tu mais gostas.
Os cinzeiros estão limpos.
Já não fico à espera de te sentir chegar e ires ao quarto ver-me dormir.
Quando acordo demanha já não tropeço nos restos que deixavas no chão da sala.
Nem te vou tapar ao sofá depois de desligar a televisão.
A manta com que te tapavas está impecávelmente dobrada. Até ao dia em que arranjar coragem para a dar aos pobres.
A casa está limpa. Como sempre quis.
Mas vazia.
Até sinto falta da playstation.
Para o ano vou comprar umas das novas.
Mas ainda não escolhi a cor…