sou filha única mas fui fazendo irmãs [e irmãos] ao longo da vida. família é alguma coisa que ultrapassa a amizade, que se torna quase incondicional, que sobrevive aos dias mais. as minhas irmãs têm filhos que sinto como sobrinhos. que sinto meus. a logística dos dias normais nem sempre me permite ver os meus sobrinhos crescerem. vou sabendo deles. vou amando-os à distância ou nos encontros apressados dos dias normais. as férias são o nosso tempo. o tempo em que os nossos filhos crescem juntos. o tempo que partilhamos responsabilidades, mimos e zangas. férias são os pequenos almoços distribuídos à medida que acordam sem interessar de quem é o filho que chega à sala ainda a tirar remelas. férias são dias em que na piscina olhamos por muitos, na praia olhamos por muitos. olha quem está e está sempre alguém. nas férias descasco fruta para todos, adormeço mais um na sesta enquanto o meu filho mais velho fica a brincar. nas férias somos muitos enquanto vamos comprar gelados à noite. e já sabemos que sabor cada um vai escolher e aprendemos qual o alimento que deixaram de gostar desde o ano passado. sabem que comigo todos comem brócolos mas podem pedir o gelado maior. os mais velhos dão a mão aos mais novos. ensinam coisas uns aos outros. ajudam os que aprenderam a andar a descer os degraus. vejo os meus sobrinhos crescerem. vejo os meus filhos crescerem com os meus sobrinhos. são os nossos rituais, os nossos momentos, o nosso tempo. são as nossas férias.
[e sinto um privilégio imenso por sermos uma família.]