um desabafo. porque isto é público mas é um diário.

há dias em que tudo parece demasiado pesado. há dias em que a cabeça dói. há dias em que não me apetece nada. não me parece ter obrigações, não me apetece tratar da roupa, nem da comida, nem arrumar o que está espalhado por casa. há dias em que não me parece que exista uma agenda e uma lista de trabalhos por completar. há dias em que tudo custa demasiado. há dias em que me sinto a carregar o mundo. e mesmo que não o carregue sei que transporto mais do que devia, mais do que me cabe. e, nestes dias, mais do que me sinto capaz de transportar. a hipótese de desistir não existe (e desculpem os dias em que as palavras são assim, meias confusas, nesta tentativa de manter um diário que é íntimo mas público. é apenas um desabafo). há dias que que tudo parece demasiado pesado. é cansaço. eu sei que é apenas cansaço. e sei que melhora.

há dias me que me apetecia esconder-me durante umas horas. não ser nada. e regressar com força para ser tudo.

amanhã, ou depois de amanhã, quando o cansaço de algumas chatices não andar misturado com o cansaço de ser mãe, escrevo sobre a necessidade de termos tempo para nós. agora vou dormir.

 

 

9 comentários em “um desabafo. porque isto é público mas é um diário.”

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  2. Sónia Santos

    Tenho tantos dias assim. Também sou mãe, de três meninas. Duas do meu casamento anterior e uma da minha relação atual. E sim, há dias bons, mas na grande maioria sinto o peso do mundo a esmagar as minhas vontades, os meus desejos e vivo numa azáfama de obrigações. Entre o trabalho, a escola, estudar e proporcionar momentos de diversão e descoberta…sinto que não tenho tempo para nada. Perdi-me no meio de um mundo de deveres e obrigações. Depois de choro, gritos e desespero por achar que não consigo estar à altura…decidi reencontrar-me. Ao dar tempo a mim mesma para estar comigo mesma descobri que já não sei do que gosto, o que me dá prazer…mas tenho a certeza de que irei descobrir. Porque eu não sou só mãe, tenho direito a ser EU. Esse eu não pode limitar-se a viver para orientar três crianças, embora essa seja a minha principal função como mãe. Preciso aceitar que também sou gente…também tenho direitos, não só deveres. Quero que as minhas filhas vejam que também sou uma pessoa, não sou só “a mãe”, para que um dia saibam que elas também são pessoas, com direito a estarem cansadas, tristes, saturadas mas sobretudo com direito a serem felizes.
    Tudo é um percurso, por vezes difícil. E sim, há dias complicados. Mas também há dias bons…a luta consiste em ter mais bons do que maus.
    Chora, refila, bate o pé….mas não te esqueças: respira. Respira. Tudo passa, respira e relativiza. Amanhã será um dia melhor.
    Um beijinho grande, gosto muito de te ler…revejo-me em muita coisa. E gosto de ver alguém sem medo de procurar a felicidade no meio de dias menos bons.

  3. Ana Fidalgo Miguel

    Tenho um “mantra” nestas alturas. Digo para mim às vezes q forem precisas. “Vai passar”. Ajuda. Abraço

  4. Sónia Santos, assino por baixo. E os meus filhos já são adultos, mas como diz o ditado “filhos criados, trabalhos dobrados”.

  5. Se conseguires, põe empregada. Comigo teve de ser. Vem todas as manhãs, deixa o jantar preparado. Vale cada tostão. É um alívio tão grande que vale o esforço financeiro.

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